RESILI�NCIA DOS PROFISSIONAIS DE SA�DE NO ENFRENTAMENTO DO NOVO CORONAV�RUS- UMA REVIS�O TE�RICA

 

RESILIENCE OF HEALTH PROFESSIONALS IN COPING WITH THE NEW CORONAVIRUS- A THEORETICAL REVIEW

 

RESILIENCIA DE LOS PROFESIONALES SANITARIOS PARA AFRONTAR EL NUEVO CORONAVIRUS- UNA REVISI�N TE�RICA


 


Maria Berenice Gomes Nascimento1

Marcelo Costa Fernandes2

Silvia Carla Concei��o Massagli3

Rafaelle Cavalcante de Lira4

Fabiana Ferraz Queiroga Freitas5

 

1Doutora em Ci�ncias da Sa�de FMABC. Docente da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG/CFP. E-mail: berenice_pinheiro@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2095-4832

 

2Doutor pelo Programa de P�s-Gradua��o Cuidados Cl�nicos em Enfermagem e Sa�de-UECE. Docente da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG campus Cajazeiras. L�der do Grupo de Pesquisa Laborat�rio de Tecnologias de Informa��o e Comunica��o em Sa�de - LATICS/UFCG/CNPq. E-mail: celo_cf@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1626-3043

 

3Doutora em Educa��o pela Faculdade de Educa��o da Universidade de S�o Paulo (FEUSP). Professora Adjunta da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS - Laranjeiras do Sul). E-mail: silvia.conceicao@uffs.edu.br Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3608-4261

 

4Doutora em Ci�ncias (Fisiopatologia Cl�nica e Experimental) pela UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Docente da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG campus Cajazeiras. Professora pesquisadora do Grupo de Pesquisa Laborat�rio de Tecnologias de Informa��o e Comunica��o em Sa�de - LATICS/UFCG/CNPq. E-mail: rafaellelira@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0360-1157

 

5Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais. Docente da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), L�der e pesquisadora do Grupo de Pesquisa e forma��o de Comunica��o em Sa�de LATICS/UFCG/ CNPQ. E-mail:fabianafqf@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7374-1588

 

 

RESUMO

Objetivo: Discutir a resili�ncia de profissionais de sa�de no enfrentamento do novo coronav�rus, a partir de um estudo te�rico-reflexivo. Metodologia: Refletir a partir de um olhar do construto te�rico da resili�ncia delineado pela autora Yunes as situa��es adversas experienciadas pelos profissionais da sa�de que est�o cuidando de pacientes com COVID-19. Os depoimentos foram extra�dos de telejornais entre os meses de mar�o e abril de 2020. Resultados: A pandemia do coronav�rus trouxe graves consequ�ncias para os profissionais da aten��o � sa�de, assim despertando a necessidade de minimizar impactos na sa�de mental destes. Apreende-se que os fatores de riscos evidenciados externam o medo de contrair a doen�a, falta de equipamentos de prote��o individual, bem como o medo de morrer e deixar os filhos ou ainda serem agentes transmissores da doen�a. Conclus�o: A condi��o observada gera ansiedade, ang�stia, revelando a necessidade e import�ncia dos profissionais da sa�de tamb�m serem cuidados, para que ao final dessa jornada estejam com a sa�de mental preservada.

Palavras-chave: Infec��es por Coronavirus. Pessoal de Sa�de. Resili�ncia Psicol�gica. Sa�de mental. Impactos na Sa�de.

 

ABSTRACT

Objective: To discuss the resilience of health professionals in facing the new coronavirus, based on a theoretical-reflective study. Methodology: To reflect from the perspective of the theoretical construct of resilience outlined by the author Yunes on the adverse situations experienced by health professionals who are caring for patients with COVID-19. The testimonies were taken from newscasts between March and April 2020. Results: The coronavirus pandemic had serious consequences for health care professionals, thus awakening the need to minimize impacts on their mental health. It is apprehended that the risk factors evidenced externalize the fear of contracting the disease, lack of personal protective equipment, as well as the fear of dying and leaving their children or even being transmitting agents of the disease. Conclusion: The condition observed generates anxiety, anguish, revealing the need and importance of health professionals to also be cared for, so that at the end of this journey they have their mental health preserved.

Keywords: Coronavirus Infections. Health Personnel. Resilience, Psychological. Mental Health. Impacts on Health.

 

RESUMEN

Objetivo: Discutir la resiliencia de los profesionales de la salud ante el nuevo coronavirus, a partir de un estudio te�rico-reflexivo. Metodolog�a: Reflexionar desde la perspectiva del constructo te�rico de resiliencia planteado por el autor Yunes, las situaciones adversas vividas por los profesionales de la salud que atienden a pacientes con COVID-19. Los testimonios fueron tomados de noticieros entre los meses de marzo y abril de 2020. Resultados: La pandemia de coronavirus tuvo graves consecuencias para los profesionales de la salud, despertando as� la necesidad de minimizar los impactos en su salud mental. Se aprehende que los factores de riesgo evidenciados externalizan el miedo a contraer la enfermedad, la falta de equipo de protecci�n personal, as� como el miedo a morir y dejar a sus hijos o incluso ser agentes transmisores de la enfermedad. Conclusi�n: La condici�n observada genera ansiedad, angustia, revelando la necesidad e importancia de que los profesionales de la salud tambi�n sean atendidos, para que al final de este recorrido tengan preservada su salud mental.

Palabras chave: Infecciones por Coronavirus. Personal de salud. Resiliencia Psicol�gica. Salud mental. Impactos en la Salud.


 


INTRODU��O

Em dezembro de 2019, em Wuhan, prov�ncia Hubei, na China, pacientes exibiram sintomas de pneumonia, incluindo febre, dificuldade de respira��o e infiltra��o pulmonar bilateral nos casos mais graves, semelhante ao quadro cl�nico apresentado pelo SARS-CoV e MERS-CoV(1). Ap�s an�lise do sequenciamento de amostras do trato respirat�rio, evidenciou-se a presen�a de um novo tipo de betacoronav�rus, que foi nomeado pelo Comit� Internacional de Taxonomia de V�rus (ICTV) como SARS-COV-2 e a doen�a como a COVID-19(2-3).

Trata-se de uma doen�a com r�pida transmissibilidade entre indiv�duos que podem ser sintom�ticos ou n�o, cujos surtos podem crescer r�pida e exponencialmente, por isso a necessidade de uma testagem em massa para saber o real cen�rio epidemiol�gico da doen�a(4).

A pandemia da COVID-19 est� ocasionando preju�zo enorme para indiv�duos, fam�lias, comunidades e sociedades em todo o mundo, provocando quadro de ansiedade na popula��o, por ainda n�o ter conhecimentos precisos sobre o comportamento da doen�a e n�o existir medicamentos efetivos para tratamento e a vacina ainda n�o � acess�vel para todos. Portanto, a medida de seguran�a mais adotada mundialmente para o controle da transmiss�o � o isolamento social, momento que pode intensificar os sentimentos de desamparo, t�dio, solid�o, tristeza, dist�rbios do sono e apetite, al�m de conflitos interpessoais(5).

Em meio a pandemia do novo coronav�rus, um grupo de trabalhadores da sa�de se coloca na linha de frente ao enfrentamento da COVID-19, entre eles, destacam-se: m�dicos; enfermeiros; t�cnicos e auxiliares de enfermagem; fisioterapeutas, entre outros. Das mais diversas localidades, seja no sistema p�blico como no privado, todos buscando cuidar dos doentes e com a preocupa��o sobre a capacidade dos sistemas de sa�de para lidar com a demanda de uma doen�a de r�pida dissemina��o.

J� � conhecida a preocupa��o acerca do d�ficit em rela��o aos n�meros de leitos nas Unidades de Terapias Intensivas e de ventiladores mec�nicos para o cuidado das insufici�ncias respirat�rias causadas pela infec��o, condi��o que gera ainda mais press�o, tens�o e estresse nos profissionais que atuam na linha de frente. Por�m, � necess�rio avaliar as condi��es que os profissionais de sa�de se encontram para exercer a suas atividades(6).

Os profissionais da sa�de tamb�m enfrentam crises de ansiedade, pela falta de Equipamentos de Prote��o Individual (EPIs) ou press�o por parte da chefia imediata; estresse, por ter que atender tantos pacientes e conviver diariamente com n�meros elevados de mortes pela COVID-19; medo de se infectar ou levar a doen�a para os familiares; ambival�ncia por parte da popula��o (vizinhos, amigos) que os aplaudem, mas os discriminam, evitando contato; depress�o pela solid�o, afastamento das fam�lias, morte dos companheiros de trabalho; e exaust�o ou esgotamento emocional com o volume de trabalho(5,7).

Al�m disso, muitos profissionais lidam com as adversidades no seu cotidiano de trabalho, contando com a prote��o do seu ambiente e suas potencialidades para seguir em suas trajet�rias de vida, sendo a supera��o das adversidades e das crises explicada pelo processo de resili�ncia. Um conceito que � muito discutido, tratando-se de um fen�meno ao longo do ciclo vital que se refere a um conjunto de processos de vida que possibilita o enfrentamento e a supera��o de situa��es de sofrimento. Dessa forma, a resili�ncia vai al�m da supera��o, pois ocorre tamb�m, como consequ�ncia, o desenvolvimento positivo e fortalecimento individual ou coletivo, resultando em um processo de aprendizagem e transforma��es pessoais(8).

Nesse contexto de excepcionalidade em decorr�ncia do novo coronav�rus, os telejornais apresentam import�ncia imprescind�vel para a popula��o por serem importantes espa�os de compartilhamento de informa��es � sociedade, de forma a demonstrar de maneira acess�vel e �gil um retrato din�mico das situa��es sanit�rias que envolvem o cen�rio da contemporaneidade, tanto a n�vel internacional quanto nacional.

Estes espa�os de divulga��es ganharam maiores destaques nos �ltimos meses por demonstrarem coberturas di�rias do cen�rio epidemiol�gico da pandemia da COVID-19, apresentando em sua grade de programa��o boletins di�rios com dados de casos confirmados, recuperados e �bitos.

Al�m dos dados epidemiol�gicos, os telejornais v�m apresentando tamb�m entrevistas com profissionais da sa�de que est�o inseridos nos cuidados �s pessoas com COVID-19, com intuito de exibir e compartilhar as situa��es de adversidades que estes profissionais est�o diariamente passando em seus locais de trabalho.����

Diante do exposto, levando em considera��o o contexto atual da pandemia da COVID-19 em que muitos profissionais de sa�de encontram-se na linha de frente do enfrentamento, surge a seguinte inquieta��o: como situa��es de adversidades vivenciadas por profissionais da sa�de repercutem no enfrentamento ao novo coronav�rus a partir de um olhar da resili�ncia?

Por se tratar de uma doen�a nova, ainda sem medica��o espec�fica e com uma vacina em fase inicial, fato este que mexe tamb�m com a sa�de mental de muitas pessoas, o estudo se torna relevante por analisar a rela��o entre os mecanismos de risco e prote��o para resili�ncia. Nesse sentido, a investiga��o auxiliar� a gest�o em sa�de e a educa��o permanente, pois se torna poss�vel implementar programas que visem fortalecer as estrat�gias de enfrentamento diante das adversidades, refletindo as formas individuais e coletivas de estimular a positividade realista em seu cotidiano pessoal ou profissional.

Ao considerar as particularidades da tem�tica e a relev�ncia do estudo, esse estudo objetivou discutir a resili�ncia de profissionais de sa�de no enfrentamento do novo coronav�rus, a partir de um estudo te�rico-reflexivo.

 

M�TODO

 

Trata-se de um estudo te�rico-reflexivo, tendo por base livros e artigos que demonstrem os conceitos envolta do construto te�rico resili�ncia debatido por Yunes, em espec�fico: fatores de risco e de prote��o, tendo como balizador para a realiza��o das intelec��es que subsidiam o estudo os sentidos presentes nos relatos, observados em entrevistas de telejornais, dos profissionais que est�o na linha de frente ao combate � COVID-19.

Escolheu-se quatro telejornais de circula��o nacional e com reportagens de livre acesso e disponibilizados online em seus respectivos sites, a citar Jornal Nacional, G1 Globo, Veja Online e Rede TV News. As entrevistas acontecerem entre os meses de mar�o e abril de 2020, com enfermeiros, m�dicos, t�cnicos de enfermagem, entre outros profissionais. A coleta de dados ocorreu ao longo do m�s de maio de 2020.

Para a obten��o das entrevistas, utilizou-se Google Not�cias e as palavras-chave: profissionais da sa�de; relatos e COVID-19. Foi adotado como crit�rio de inclus�o das entrevistas, as que apresentavam os depoimentos de profissionais inseridos no cen�rio da aten��o terci�ria; inseridos em alas COVID, em especial Urg�ncia/Emerg�ncia e Unidade de Terapia Intensiva, por serem setores cr�ticos e de elevada complexidade. Exclu�ram-se as entrevistas de profissionais que abordavam somente as caracter�sticas biol�gicas do v�rus, transmissibilidade, infectividade e principais sinais e sintomas da doen�a.

As falas foram extra�das a partir das reportagens disponibilizadas de livre acesso no ambiente virtual.Em rela��o aos aspectos �ticos e legais, n�o ocorreu envolvimento direto com seres humanos, j� que as reportagens s�o de dom�nio p�blico. Logo, n�o houve a necessidade de aprova��o por um Comit� de �tica em Pesquisa para a sua realiza��o. ����

 

RESULTADOS E DISCUSS�O

 

Resili�ncia: o desafio de ressignificar experi�ncias no contexto de adversidade

 

Vive-se num mundo complexo e de muitas incertezas que a COVID-19 potencializou inseguran�as, trazendo novas exig�ncias e demandas comportamentais e emocionais para os indiv�duos. Toda mudan�a traz ansiedade, medo, inquieta��es e desconforto. Como lidar com esses sentimentos, tendo em vista que se enfrenta algo muito novo na sociedade e que os fatores de riscos s�o t�o fortuitos?

A resili�ncia pode ser um caminho para se refletir as possibilidades de enfrentamento de adversidades e atribuir novos sentidos para as situa��es conflituosas que s�o impostas. Ao se tratar do termo resili�ncia, adota-se neste estudo a perspectiva da pesquisadora Maria Angela Mattar Yunes como refer�ncia nacional sobre a tem�tica.

O termo resili�ncia traz um conjunto de polifonia impressa por v�rios autores. No que concerne a este trabalho, partiu-se das investiga��es dos cientistas adeptos da Psicologia Positiva de Martin Seligman, que tem consolidado suas pesquisas nos �ltimos 20 anos no cen�rio internacional. A Psicologia Positiva � um movimento acad�mico que ressignifica aportes da Psicologia tradicional a partir de sua busca em compreender cientificamente os aspectos potencialmente saud�veis dos seres humanos. Dentre os pressupostos da Psicologia Positiva � poss�vel citar a necessidade de desconstruir e reconstruir cren�as e concep��es pessimistas de agentes sociais que demonstram dificuldades em lidar com os problemas da vida di�ria e incentivar aspectos de sua pr�pria prote��o ps�quica e que objetivam aliviar o sofrimento(9- 10).

O termo resili�ncia vem da F�sica e se refere a capacidade de materiais retornarem ao seu estado natural, depois de sofrer um grande impacto. Na psicologia o conceito de resili�ncia, ganha destaque com o surgimento da Psicologia Positiva a partir de 2001(10). Rogers, seu principal representante, afirma que o sujeito tem a capacidade de autoatualiza��o, em um processo din�mico de desenvolvimento emocional e comportamental. Este processo visto como intencional, ou seja, cada indiv�duo � capaz de tomar suas pr�prias decis�es, distanciando-se do determinismo ps�quico pr�prio do behaviorismo. Para Yunes h� a necessidade de defender a ideia de se ter um enfoque cient�fico nos aspectos emocionais-comportamentais do sujeito(11).

Segundo a autora, o processo de resili�ncia n�o significa a invencibilidade ou invulnerabilidade, nela o indiv�duo enfrenta de forma ativa as adversidades e ao t�rmino da situa��o ele n�o sair� ileso, possibilitando ao ser humano enfrentar e responder �s adversidades da vida cotidiana de forma positiva. Quando se fala de resili�ncia h� a necessidade de se ter cautela para n�o naturaliza o uso deste termo(11-13).

Faz-se necess�rio reconhecer o contexto no qual o indiv�duo est� inserido. Mesmo que a ci�ncia reconhe�a que o processo como presente em qualquer ser humano e que este processo n�o � inato, o modo como as pessoas percebem e enfrentam suas adversidades s�o diferentes.

A base do desenvolvimento da resili�ncia se constitui no mecanismo que contemplam os fatores de risco e os fatores de prote��o. Os fatores de riscos s�o compreendidos como os eventos negativos de vida que incidem na vulnerabilidade da pessoa e ocasionar resultados negativo no desenvolvimento f�sico, ps�quico ou social, a depender da severidade, frequ�ncia e dura��o(13).

Sobre os mecanismos de prote��o, eles atuam para minimizar ou evitar os impactos dos fatores de riscos, possibilitando que os indiv�duos alcancem as solu��es para melhorar ou alterar as situa��es adversas enfrentadas no seu cotidiano. Em suma, a resili�ncia seria o resultado entre os fatores de riscos e os mecanismos de prote��o, no qual o indiv�duo n�o elimina os riscos apenas encontra uma forma de engajar na situa��o e enfrent�-la com efic�cia. Para que o indiv�duo seja resiliente deve existir um equil�brio ou combina��o entre os fatores de risco e de prote��o(13).

Fatores de risco e fatores de prote��o vivenciados pelos profissionais da sa�de no contexto da covid-19

 

Diante os relatos dos profissionais da sa�de presentes nos telejornais, os fatores de risco evidenciados enaltecem o medo de contrair a doen�a perante fun��o que exerce e a falta de EPI�s, bem como o medo de caso contraia a doen�a venha a morrer e deixar os filhos ou ainda ser agente transmissor da doen�a. Condi��o que al�m da ansiedade gera ang�stia frente a incapacidade de auxiliar os colegas no processo do cuidar, externando a necessidade e import�ncia de tamb�m serem cuidados, para que ao final dessa jornada estejam com a sa�de mental preservada.

A pandemia da COVID-19 trouxe graves consequ�ncias a vida e sa�de mental da popula��o. Frente o cen�rio de pandemia mundial, os profissionais de aten��o � sa�de, em especial os que atuam nos servi�os de refer�ncia, encontram-se em maior grau de exposi��o por passar a maior parte do tempo ao lado dos pacientes com diagn�stico m�dico confirmado de COVID-19. O que desperta a necessidade e import�ncia em cuidar de quem cuida, a fim de minimizar impactos negativos na sa�de mental desses profissionais.

Com vistas a garantir uma boa sa�de mental, em um cen�rio de pandemia mundial, que agressivamente acomete os estados brasileiros, reverberando em grandes exig�ncias e responsabilidades, diante da aus�ncia/limita��o de planejamento para enfrentar condi��es de pandemia que suprime o agir profissional conferindo-lhes risco � sa�de mental desencadeando sofrimento ps�quico que afeta o processo de trabalho e repercute no cuidado ofertado, � importante atentar e minimizar os ricos.

Esses profissionais est�o separados de seus familiares, relatam medo de cont�gio, precariza��o da estrutura de trabalho e incertezas dos progn�sticos, sendo, portanto, essencial a resili�ncia para superar as sensa��es, com repercuss�o na sa�de mental, provenientes da pandemia.

Os estados brasileiros enfrentam tempos preocupantes e estressantes, por deparar-se com uma condi��o nova de estresse elevado, que impossibilitou planejamento pr�vio de enfrentamento, n�o � conhecida uma vacina ou droga que assegure a elimina��o do v�rus, como s�o desconhecidas �s implica��es futuras a sa�de e sociedade, decorrentes dessa pandemia. Incerteza, que compromete o planejamento de vida futuro, causando altos �ndices de estresse, sobretudo naqueles que atuam na linha de frente do processo de cuidado.

Esta realidade apresenta a necessidade de desempenhar o processo de trabalho pautado na resili�ncia. Sendo importante compreender os pontos positivos e as condi��es protetoras que auxiliam o agir profissional em condi��es adversas, como na realidade complexada da pandemia da COVID-19, capazes de permitir equil�brio e motiva��o profissional. Assim, a resili�ncia � compreendida como processo que constitui o ciclo vital do sujeito, onde suas rela��es e contexto de vida impulsionam a positividade do enfrentamento e resposta as condi��es de adversidade(8).

A resili�ncia est� fundamentada em fatores de risco e de prote��o. Quanto ao enfrentamento dos fatores de risco apresentados, � essencial que os profissionais desenvolvam elementos que auxiliem no enfrentamento da vulnerabilidade ao dist�rbio da sa�de mental, a fim de fortalecer o processo de trabalho dos sujeitos estabelecendo fatores de prote��o que auxiliem no enfrentamento das adversidades, conferindo sentido a realidade vivenciada.

Dentre os fatores de prote��o � poss�vel construir ou potencializar sentidos positivos diante o cen�rio da pandemia da COVID-19, com espiritualidade, f�, bom-humor, otimismo e apoio m�tuo(14), o que facilita o desenvolvimento de aprendizagens e potencialidades, ajudando no enfrentamento dessa nova realidade mundial.

A espiritualidade e f� auxilia no enfrentamento positivo das adversidades, conferindo utilidade ao momento vivido, enaltecendo os sentimentos de ajuda e utilidade a vida do pr�ximo; o bom-humor e otimismo � um mecanismo de prote��o que fortalece os sentidos de satisfa��o e identifica��o pelo trabalho desenvolvido; e o apoio m�tuo facilita a busca por solu��es, tanto individual quanto em equipe, diante das dificuldades e o desenvolvimento da resili�ncia(14).

Essas sensa��es caracterizam-se rea��es esperadas, diante situa��o amea�adora e imprevis�vel, como essa pandemia(15), podendo alterar a concentra��o dos profissionais de aten��o � sa�de, al�m de causar irritabilidade, ansiedade e ins�nia, reduzindo a produtividade e ampliando a ocorr�ncia de conflitos(16).

Os fatores de risco presentes no ambiente de trabalho podem proporcionar implica��es negativas ao processo de trabalho, interferindo no cuidado ofertado, gerando repercuss�es psicol�gicas aos profissionais que passam a apresentar sensa��es de ansiedade, ang�stia, sofrimento, impot�ncia, desest�mulo e frusta��o, sensa��es que afetam negativamente a sa�de e bem estar do profissional, ocasionando perda de sentido pelo trabalho diante a condi��o acentuada de sobrecarga, estresse, tens�o e esgotamento(14).

Enquanto que diante dessas sensa��es, fatores de prote��o traz sentidos positivos ao trabalho, fortalecendo o processo de resili�ncia, que permite o enfrentamento da condi��o e risco, com transforma��o da realidade antes evidente, sendo poss�veis mudan�as de comportamento que potencializa o cumprimento rigoroso das medidas de higiene pessoal e ambiental, bem como a utiliza��o de EPIs, a fim de ser poss�vel uma menor dissemina��o da doen�a, al�m do agir diante de toda a equipe de cuidado e aten��o � sa�de, como casos positivo ou suspeita do COVID-19.

 

CONCLUS�O

Considerando que estamos vivemos um momento at�pico da hist�ria da humanidade por conta da pandemia da COVID-19, � de se esperar a viv�ncia de sentimentos como ansiedade, medo, preocupa��o, incertezas, raiva e insatisfa��o, dentre outros. Os profissionais da sa�de que est�o na linha de frente no enfrentamento desta doen�a encontram-se neste turbilh�o de sensa��es. Eles s�o expostos cotidianamente a fatores de risco, como a falta de equipamentos de EPIs e contato com doentes, representando um perigo permanente. Tudo isso ecoa na sa�de mental.

Atuar na linha de frente de uma pandemia envolve uma grande solicita��o t�cnica e emocional, com mudan�as no modelo de trabalho, carga de trabalho extenuante, aumento do risco de contamina��o, manejo de grande n�mero de casos graves e �bitos, separa��o f�sica da fam�lia e dos amigos por tempo incerto. S�o mudan�as dr�sticas nunca vividas anteriormente.

����������� A resili�ncia vista como o desenvolvimento de processos relacionais mostrou-se satisfat�ria neste contexto de adversidades ocasionada pela COVID-19 em profissionais de sa�de da linha de frente. Viver nestes locais de trabalho j� � uma forma constante de exerc�cio da resili�ncia.

Os profissionais da sa�de na linha de frente do combate � COVID-19 precisam reinventar e reinterpretar as situa��es adversas o tempo todo, desta forma � poss�vel garantir um equil�brio entre os fatores negativos e positivos e fortalecer a sa�de mental.

 

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Submiss�o: 2021-07-07

Aprovado: 2021-12-28