ANÁLISE DO CONCEITO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA ENFERMAGEM EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA
ANALYSIS OF THE CONCEPT OF RISK CLASSIFICATION FOR NURSING IN EMERGENCY SERVICES
ANÁLISIS DEL CONCEPTO DE CLASIFICACIÓN DE RIESGOS PARA LA ENFERMERÍA EN LOS SERVICIOS DE URGENCIAS
1Gleiciane Kélen Lima
2Francisco Mayron Morais Soares
3Francisco Arnoldo Nunes de Miranda
4Ana Kelve de Castro Damasceno
5Eryka Maria Rodrigues Pereira
6Felipe Júlio Leite Farias
7Vicente Bruno de Freitas Guimarães
8Ana Carolina de Melo Farias Teixeira
1Instituto Dr. José Frota. Itapipoca, Ceará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9334-1936.
2Faculdade Uninta. Itapipoca, Ceará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7316-2519.
3Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8648-811X.
4Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, Ceará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4690-9327
5Faculdade Uninta. Sobral, Ceará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0259-0094.
6Faculdade Uninta. Itapipoca, Ceará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6302-5430.
7Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, Ceará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9949-5282.
8Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, Ceará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3201-0209.
Contribuições dos autores:
Todos os autores contribuíram integralmente em todas as etapas de elaboração do estudo.
Autor correspondente:
Gleiciane Kélen Lima
Endereço: Avenida Anastácio Braga, 1863, Fazendinha. Itapipoca-CE. CEP: 62500-320. Contato: +55(88)999081838
E-mail: gleicianeklima@gmail.com
RESUMO
Objetivo: Analisar o conceito de classificação de risco, na prática de Enfermagem, em serviços de emergência. Método: Trata-se de um estudo reflexivo, realizado a partir de análise de conceito, do modelo proposto por Walker e Avant. Seguiram-se as seguintes etapas: Seleção do conceito; Objetivos da análise conceitual; Identificação dos possíveis usos do conceito; Determinação dos atributos definidores; Identificação do caso modelo; Identificação de caso adicional (contrário); Identificação de antecedentes e consequentes; e Definição de referenciais empíricos. Resultados: Foram definidos aspectos da utilização do uso do conceito na literatura, a apresentação dos atributos e dos casos que implementam o conceito. A literatura traz a utilização do conceito de forma equivocada e este foi clarificado com os achados do estudo. Conclusão: Ressalta-se a importância da definição conceitual para a melhoria de sua utilização na prática clínica e nos serviços de emergência.
Palavras-chave: Enfermagem; Educação em Enfermagem; Medição de Risco; Enfermagem em Emergência; Emergências.
ABSTRACT
Objective: To analyze the concept of risk classification in nursing practice in emergency services. Method: This is a reflective study, based on the concept analysis of the model proposed by Walker and Avant. The following steps were followed: Selection of the concept; Objectives of the conceptual analysis; Identification of the possible uses of the concept; Determination of the defining attributes; Identification of the model case; Identification of an additional case (contrary); Identification of antecedents and consequents; and Definition of empirical references. Results: Aspects of the use of the concept in the literature, the presentation of the attributes and the cases that implement the concept were defined. The literature misuses the concept and this was clarified with the findings of the study. Conclusion: We emphasize the importance of conceptual definition to improve its use in clinical practice and emergency services.
Keywords: Nursing; Nursing Education; Risk Assessment; Emergency Nursing; Emergencies.
RESUMEN
Objetivo: Analizar el concepto de clasificación de riesgos en la práctica enfermera en los servicios de urgencias. Método: Se trata de un estudio reflexivo, realizado a partir de un análisis de concepto, del modelo propuesto por Walker y Avant. Se siguieron los siguientes pasos: Selección del concepto; Objetivos del análisis conceptual; Identificación de los posibles usos del concepto; Determinación de los atributos definitorios; Identificación del caso modelo; Identificación de un caso adicional (contrario); Identificación de antecedentes y consecuencias; y Definición de referencias empíricas. Resultados: Se definieron aspectos del uso del concepto en la literatura, la presentación de los atributos y los casos que aplican el concepto. La literatura aporta el uso del concepto de forma errónea y esto se aclaró con los hallazgos del estudio. Conclusión: Se destaca la importancia de la definición conceptual para mejorar su uso en la práctica clínica y en los servicios de urgencias.
Palabras claves: Enfermería; Educacion em Enfermería; Medición de Riesgo; Enfermeria de Urgencia; Urgencias Médicas.
Fomento e Agradecimento:
Não houve instituição de fomento
INTRODUÇÃO
A procura pelos serviços de emergência, motivada pelas mais diversas etiologias; sejam elas clínicas, decorrentes de causas externas ou de outros fatores; tem crescido, exponencialmente, ao longo dos anos.
À vista disso, o aumento dessa demanda, resulta no também aumento do número de pessoas em fluxo de circulação desordenada nessas unidades de saúde. Sabe-se, no entanto, que o processo de trabalho, para que ocorra de maneira funcional e resolutiva, requer uma instrumentalização para sua organização, a fim de estabelecer critérios de ordenação para atender os usuários, a partir da gravidade das condições clínicas apresentadas e de suas necessidades(1).
A Classificação de Risco se configura como um processo dinâmico e direcionado para estratificar a prioridade de atendimento de pacientes que procuram os serviços de emergência. A discriminação é pautada na necessidade de tratamento imediato, de acordo com os riscos envolvidos, agravos à saúde e grau de sofrimento(2).
Essas avaliações requerem a consideração do serviço em todas as vertentes estruturais e satisfação dos usuários. O método avaliativo requer adequação de objetivo, planejamento de estratégias e aprimoramento do atendimento oferecido(3).
A Classificação de Risco é de responsabilidade de profissional de nível superior, com a utilização de protocolos do Ministério da Saúde, a fim de padronizar o processo utilizado na estratificação do paciente na emergência. O Enfermeiro que realizar a avaliação e classificação de risco, deverá colher as informações necessárias do estado do paciente e organizá-las para tomada de decisão. A estratificação de prioridade deverá ser julgada e aplicada de forma efetiva(4).
Este estudo teve como objeto a análise de conceito da Classificação de Risco, para a Enfermagem, de pacientes que procuram unidades de emergência.
Salienta-se que existem diversos estudos que utilizam o termo de formas múltiplas e com diversos cenários implementados, o que reforça a importância de que o conceito seja clarificado para, assim, ser empregado corretamente dentro dos serviços de emergência.
Nesta perspectiva, evidencia-se a importância da utilização da análise de conceito, para promover a produção do conhecimento em Enfermagem, pois, ao clarificar um conceito que ainda é vago ou que difere em sua aplicação geral, há contribuições de afirmações ou hipóteses que permitem sua utilização de forma correta, facilitam e uniformizam o entendimento e que são úteis para a prática do cuidado em saúde, sobretudo da enfermagem. Além disso, a análise conceitual está relacionada a evolução e expansão do conhecimento de Enfermagem(5).
OBJETIVO
O objetivo do estudo é analisar o conceito de Classificação de Risco, na prática de Enfermagem, em serviços de emergência.
MÉTODO
Trata-se de um Análise de Conceito de Classificação de Risco para Enfermagem em serviços de Emergência, seguindo o modelo proposto Pelos autores(6), que apontam oito passos, conforme figura 1, e que serão descritos individualmente para sua concretização.
Figura 1 - Diagrama do Modelo de Análise Conceitual de Walker e Avant(6).
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Primeira etapa: Seleção do Conceito
O conceito escolhido foi Classificação de Risco, na prática de Enfermagem em Emergência, a fim de clarificar seu significado.
Segunda etapa: Objetivos da Análise Conceitual
É importante determinar o objetivo da análise conceitual, para que a pesquisa seja direcionada. Optou-se, para este estudo, esclarecer o conceito supracitado, o que proporcionará sua atualização e emprego correto(6).
Além disso, oportunizará a utilização do conceito para o desenvolvimento de pesquisas realizadas na academia e poderá elevar a compreensão de estudantes de enfermagem(7).
Terceira etapa: Identificação dos possíveis usos do conceito na literatura
Nesta etapa, optou-se por uma revisão narrativa de literatura. Os passos para sua execução encontram-se nos resultados do estudo. Para uma melhor compreensão da utilização do conceito, conforme orientações das autoras, ampliou-se a busca para além das literaturas específicas da saúde, foram utilizados livros, dicionários, manuais e opinião de especialistas(6).
Quarta etapa: Determinação dos atributos definidores
Essa etapa foi importante para verificar a utilização de atributos que estão associados ao conceito. Os atributos são termos, expressões ou características mais frequentes e utilizados de forma repetidas na literatura para caracterizar o conceito, que, quando empregadas corretamente, evita confusão na compreensão(6).
Quinta etapa: identificação do caso modelo
A identificação de um caso modelo se configura como uma situação baseada na realidade que exemplifica a utilização do conceito. Refere-se, ainda, a uma criação de caso com base na literatura e na opinião de especialistas com experiência e conhecimento prévio(6).
Sexta etapa: Identificação de caso adicional (contrário)
O caso contrário consiste em uma situação que não é aplicada exatamente ao conceito. Neste estudo, o caso contrário foi criado pelos autores, a fim de determinar a inaplicabilidade do conceito, ou sua aplicabilidade de forma incorreta(6).
Sétima etapa: identificação de antecedentes e consequentes
Os acontecimentos que ocorreram antes do conceito são os antecedentes e não podem ser atributos definidores do conceito, já os consequentes, são acontecimentos resultados do surgimento do conceito(6).
Oitava etapa: Definição de referenciais empíricos do conceito estudado
Refere-se a curadoria das referências utilizadas e empregadas no conceito. Por meio da revisão narrativa e busca na literatura cinzenta pode-se compreender e clarificar o conceito estudado.
Para condução do presente estudo, foi realizado uma revisão narrativa, na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), na Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na National Library of Medicine and National Institutes of Health (PUBMED/MEDLINE) e na Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), utilizando os descritores “Enfermagem” OR “Nursing” OR “Enfermería” AND “Medição de Risco” OR “Risk Assessment” OR “Medición de Riesgo” AND “Emergência” OR “Emergency” OR “Emergencia”. A busca foi realizada no período de novembro a dezembro de 2022, nos anos de 2015 a 2022.
RESULTADOS
Nas três bases de dados selecionas, como resultado da busca, foram encontrados 187 trabalhos. Dos quais, após aplicação dos critérios de exclusão, foram selecionados 9 artigos, para compor a amostra do estudo.
Desses, 6 foram extraídos da base LILACS, 2 da base PUBMED/MEDLINE e 1 da base CINAHL. Conforme apresentado no quadro 1.
Quadro 1 - Estratégia de Busca e seleção final dos estudos. Itapipoca, Brasil, 2023.
Base de Dados |
Estratégia de Busca |
Artigos resgatados |
Amostra final |
LILACS |
(enfermagem) OR (nursing) OR (enfermería)) AND ((medição de risco) OR (classificação de risco) OR (análise de risco) OR (avaliação de risco) OR (avaliação de risco para a saúde) OR (avaliação do benefício-risco) OR (avaliação do risco-benefício) OR (determinação do risco) OR (riscos e benefícios) OR (risk assessment) OR (medición de riesgo)) AND (emergência) ( db:("LILACS")) |
125 |
6 |
PUBMED/MEDLINE |
(Nursing) AND (((((((Risk Assessment) OR (Assessment, Risk)) OR (Benefit-Risk Assessment)) OR (Health Risk Assessment)) OR (Risk Analysis)) OR (Risk-Benefit Assessment)) OR (Risks and Benefits)) |
55 |
2 |
CINAHL |
"Nursing" AND (MH "Risk Assessment") AND “Emergency” |
7 |
1 |
Fonte: Os autores (2023).
Dos resultados da busca, foram excluídos os artigos: indisponíveis na íntegra, os que não estavam relacionadas a temática ou não atendiam o objetivo do estudo, trabalhos de conclusão de curso, teses e dissertações.
DISCUSSÃO
A partir da análise do refinamento da amostra, percebeu-se que há muitas publicações que trazem a temática Classificação de Risco, porém, não há muitos estudos que tratam de delimitar o conceito propriamente dito.
A classificação de risco é empregada de forma diversa e não apresenta uma definição clara. Embora existam termos que se assemelham, faz-se necessário uma operacionalização da terminologia, a fim de padronizar sua utilização.
A seguir, no quadro 2, serão apresentadas possíveis definições do conceito encontradas na literatura.
Quadro 2 - Conceitos de Classificação de Risco presentes na literatura. Itapipoca, Brasil, 2023.
Roncalli AA, Oliveira DN, Silva ICM, Brito RF, Viegas SMF, et al. Protocolo de Manchester e população usuária na classificação de risco: visão do enfermeiro. Rev Baiana Enf. 2017; 31(2): 1649. (8)
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“É um instrumento que se faz necessário nos serviços de urgência para a melhoria da assistência prestada e a garantia do acesso universal e equânime com capacidade resolutiva das ações integrais em saúde”. |
Soares ACL, Brasileiro M, Souza DG. Acolhimento com classificação de risco: atuação do enfermeiro na urgência e emergência: embracement with risk classification: the nurse's action in urgency and emergency. Rev Recien-Revista Científica de Enf. 2018; 8(22): 22-33. (9)
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“Tem o objetivo de organizar o fluxo de atendimento, estabelecendo, mediante protocolos institucionais, prioridade de atendimento aos quadros considerados de maior gravidade à saúde do paciente”. |
Cavalcante AB, Silveira MA, Lima PVS, Trindade LS, Catapreta AA, Barros AMMS. A aplicabilidade da classificação de risco no sistema único de saúde: revisão bibliográfica. Cad de Graduação-Ciências Biológicas e da Saúde-Unit-Sergipe. 2018; 4(3): 11. (10)
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“A classificação de risco deve ser compreendida como um recurso ágil no reconhecimento dos usuários que precisam de um pronto atendimento, em que se leva em consideração o potencial de risco, nível de sofrimento e prejuízo à saúde”. |
Gloria Filho EA, Sodré MCC. Atuação da enfermagem na classificação de risco do serviço de urgência emergência. Rev Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. 2021; 7(10): 2442-60. (11) |
“Objetiva a reorganização a atenção, tendo em vista o acolhimento ao usuário e a priorização do atendimento, de acordo com a gravidade do risco ou quadro apresentado, para então começar a sistematização do atendimento para que seja com mais agilidade, segurança e humanização”. |
Pereira SB. Acolhimento com classificação de risco na atenção primária à saúde: revisão integrativa. Rev Gestão & Tecnologia, 2019; 2(29): 54-69. (2)
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“Promove maior organização dos serviços de saúde, uma vez que permite a classificação dos indivíduos conforme o risco e viabiliza a utilização da agenda, com consequente organização da demanda espontânea e programada”. |
Frota CA, Lima SVA, Cardoso AO, Sousa LF, Santos FAS, Trigo AHA, et al. Dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na realização da classificação de risco no serviço de urgência e emergência. Rev Eletr Acervo Saúde. 2021; 13(2):5498. (3)
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“Como um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento para um atendimento de qualidade e com resolutividade em ampla escala, fazendo com que todos os pacientes sejam atendidos de forma satisfatória e em tempo hábil”. |
Silva WF, Lopes SM, Correa MM, Lima Junior FA, Leite CL, et al. A classificação de Risco segundo a percepção do usuário dos serviços de saúde de uma Unidade de Pronto atendimento em Imperatriz–MA. Res Society Development. 2021; 10(14):e505101422783. (12)
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“A classificação de risco é um protocolo pautado em um dos princípios do SUS, a equidade, possibilitando detectar o nível de gravidade e/ou risco de cada paciente, e assim que eles sejam atendidos conforme a sua necessidade”. |
Oliveira VLG, Braga Junior EJ, Cavalcante MS, Nascimento MHM, Sacramento RH, Oliveira ASS, et al. Sistema de Triagem Manchester: dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na classificação de risco. Res Society Development. 2022; 11(1): 3911124358. (13)
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“Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco (AACR) possui a finalidade de promover melhorias na organização dos serviços de saúde, de modo a minimizar os problemas de gestão e possibilitar um melhor atendimento aos indivíduos que necessitem de aporte assistencial referente à EU”. |
Carvalho SS, Oliveira BR, Nascimento CSO, Gois CTS, Pinto IO. Percepção da equipe de enfermagem sobre a implantação do setor de acolhimento com classificação de risco às gestantes. Rev Bras Saúde Materno Infantil. 2018; 18(2): 301-07. (14)
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“A classificação de risco a qual baseia-se na avaliação da urgência dos sinais e sintomas apresentados, definido por cores (vermelho, laranja, amarelo, verde e azul). |
Quaresma AS, Xavier DM, Cezar-Vaz MR. O papel do enfermeiro na classificação de risco nos serviços de urgência e emergência. Rev Enferm Atual In Derme. 2019; 87(25): 1-10. (15)
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A Classificação de Risco é um processo que permite a gestão dos riscos clínicos, de modo que seja priorizado o atendimento e o tratamento dos pacientes que se encontram em situações críticas e sensíveis ao tempo. |
Fonte: Os autores (2023).
Outro contexto importante é o dos atributos que são associados ao conceito. Estes se configuram como palavras ou expressões mais utilizadas na literatura para analisar as características do conceito. Eles ainda permitem uma visão ampla do conceito e uma compreensão melhoradas.
Além disso, poderão ser mudados ou adaptados conforme o conceito apresentado.
O quadro 3 apresenta os atributos encontrados na literatura.
Quadro 3 - Atributos presentes na literatura. Itapipoca, Brasil, 2023.
Atributos |
Risco à Saúde |
Gravidade ou Risco |
Estratificação de Risco |
Fonte: Os autores (2023).
Após análise dos usos do conceito de Classificação de Risco, para a Enfermagem, nos serviços de urgência, foi possível identificar os antecedentes e consequentes presentes nos estudos analisados, conforme sintetizados no quadro 4, abaixo.
Quadro 4 - Antecedentes e Consequentes presentes na literatura. Itapipoca, Brasil, 2023.
Antecedentes |
Situação Clínica; Sintomas; Adoecimento |
Consequentes |
Paciente Classificado; Paciente classificado clinicamente; Estratificação de risco implementada; Paciente prioritário; |
Fonte: Os autores (2023).
A próxima etapa, foi a identificação de um caso modelo e de um caso contrário para Classificação de risco.
Caso Modelo
Sr. Manoel, 35 anos, trabalha como servente de pedreiro desde os 15 anos. Estava no trabalho quando referiu dor torácica forte associada às náuseas e dormência em membro superior esquerdo. Quando chegou a unidade de pronto atendimento, fez a ficha e foi encaminhado para verificação de sinais vitais: Frequência cardíaca 72bpm, Frequência respiratória 24mrpm, Pressão arterial 180/100mmHg, Temperatura axilar 36,0°C, devido os resultados foi classificado como laranja e encaminhado ao setor de cardiologia para realizar um eletrocardiograma.
Caso Contrário
Sra. Letícia, 25 anos, trabalha como atendente de padaria. Anualmente, por conta do histórico família (mãe com câncer de mama), realiza a prevenção ginecológica e mamária. No dia, 30 de janeiro, compareceu ao serviço de atenção básica para realização da consulta e, junto de outros pacientes, foi acolhida e realizada aferição de sinais vitais: Frequência cardíaca 72bpm, Frequência respiratória 14mrpm, Pressão arterial 112/79mmHg, Temperatura axilar 36,0°C, realizou o preenchimento da ficha e aguardou ser atendida.
No primeiro caso, é possível identificar o emprego de forma adequada do termo Classificação de risco, visto que a priorização do atendimento ao paciente foi determinada a partir dos sinais clínicos e sintomas do paciente.
Já o caso contrário, fictício e montado com base em uma situação hipotética, contradiz o conceito de atribuição crítica da classificação de risco. Trata-se de uma demanda eletiva da paciente em questão. O que pode levar em consideração critérios diversos, aos do caso anterior, para determinar a ordem de atendimento, em virtude de não se tratar de uma situação de emergência.
Após a análise dos conceitos, a identificação dos atributos e a construção do caso modelo e o caso contrário relacionados a empregabilidade do conceito de Classificação de risco, construiu-se uma definição que contempla os resultados da análise conceitual.
A definição conceitual construída foi: Classificação de Risco é uma estratificação que define, por meio de avaliação clínica, o grau de risco de morte e a prioridade no atendimento do paciente baseado em sua sintomatologia.
Por fim, os acontecimentos antes da ocorrência do conceito são denominados antecedentes, estes são classificados ainda como fatores de risco. E, após a instituição do conceito, temos os consequentes que são fatos derivados da ocorrência do conceito, conforme foram apresentados no quadro 4.
CONCLUSÃO
Os estudos que compuseram esta análise permitiram a possível identificação do uso do conceito e diversidade utilizada.
É importante destacar que a compreensão dos estudos incluídos na literatura não esclarece ou clarifica esse conceito.
O método de Walker e Avant possibilitou delimitar os aspectos para operacionalização do conceito de Classificação de Risco para Enfermagem nos serviços de Emergência. A partir da sua condução, foi possível uma melhor compreensão e construção dos atributos, dos casos, dos antecedentes e consequentes e definição conceitual, o que ocasionou no alcance do objetivo proposto.
REFERÊNCIAS
1. Silva JFT, De Sousa KO, Santos BAS, Guedes TS, Costa AK, Carneiro R, et al. A enfermagem diante da classificação de risco nos serviços de urgência e emergência: revisão integrativa da literatura. Rev de Casos e Consultoria. 2021; 12(1): 26174-74.
2. Pereira SB. Acolhimento com classificação de risco na atenção primária à saúde: revisão integrativa. Rev Gestão Tecnologia. 2019; 2(29): 54-69.
3. Frota CA, Lima SVA, Cardoso AO, Sousa LF, Santos FAS, Trigo AHA, et al. Dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na realização da classificação de risco no serviço de urgência e emergência. Rev Eletr Acervo Saúde. 2021; 13(2): 5498-98.
4. Rosa RR, Borges CK, Chagas TC, Duarte CF, et al. Reflexão sobre a classificação de risco como tendência para o pronto-socorro infantil/Reflection on risk classification as a trend for the infant emergency room/La reflexión sobre la calificación de riesgo como una tendencia para la emergencia del niño. J Health Npeps. 2019; 4(1): 330-40.
5. Cavalcante AEO, Coutinho GB, Carvalho AR, Oliveira ETA, Silva SA et al. Mulheres profissionais do sexo: discurso sobre o uso do preservativo e sua autopercepção de vulnerabilidade ao HIV. Res Society Development. 2021; 10(2): 24010212440.
, Estratégias para construção teórica em enfermagem. 6.ed. Prentice Hall; 2019. .
7. Moreira RP, Araújo TL, Cavalcante TF, Guedes NG, Lopes MVO, Chaves ES. Análise de conceito do resultado de enfermagem Mobilidade em pacientes com acidente vascular cerebral. Rev Bras Enfermagem. 2014; 67(3): 443-59.
8. Roncalli AA, Oliveira DN, Silva ICM, Brito RF, Viegas SMF, et al. Protocolo de Manchester e população usuária na classificação de risco: visão do enfermeiro. Rev Baiana de Enf. 2017; 31(2):1649-49.
9. Soares ACL, Brasileiro M, Souza DG. Acolhimento com classificação de risco: atuação do enfermeiro na urgência e emergência: embracement with risk classification: the nurse's action in urgency and emergency. Rev Recien-Revista Científica de Enf. 2018; 8(22): 22-33.
10. Cavalcante AB, Silveira MA, Lima PVS, Trindade LS, Catapreta AA, Barros AMMS. A aplicabilidade da classificação de risco no sistema único de saúde: revisão bibliográfica. Cad de Graduação-Ciências Biológicas e da Saúde-Unit-Sergipe. 2018; 4(3):11.
11. Gloria Filho EA, Sodré MCC. atuação da enfermagem na classificação de risco do serviço de urgência emergência. Rev Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. 2021; 7(10): 2442-60.
12. Silva WF, Lopes SM, Correa MM, Lima Junior FA, Leite CL, et al. A classificação de Risco segundo a percepção do usuário dos serviços de saúde de uma Unidade de Pronto atendimento em Imperatriz–MA. Res Society Development. 2021; 10(14): e505101422783.
13. Oliveira VLG, Braga Junior EJ, Cavalcante MS, Nascimento MHM, Sacramento RH, Oliveira ASS. et al. Sistema de Triagem Manchester: dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na classificação de risco. Res Society Development. 2022; 11(1): 3911124358.
14. Carvalho SS, Oliveira BR, Nascimento CSO, Gois CTS, Pinto IO. Percepção da equipe de enfermagem sobre a implantação do setor de acolhimento com classificação de risco às gestantes. Rev Bras Saúde Materno Infantil. 2018; 18(2): 301-07.
15. Quaresma AS, Xavier DM, Cezar-Vaz MR. O papel do enfermeiro na classificação de risco nos serviços de urgência e emergência. Rev Enferm Atual In Derme. 2019; 87(25): 1-10.
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