PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL: POTENCIALIDADES DO MÉTODO PARA IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 

CONVERGENT CARE RESEARCH: POTENTIALITIES OF THE METHOD FOR IMPLEMENTING THE SYSTEMATIZATION OF NURSING CARE

INVESTIGACIÓN CONVERGENTE EN CUIDADOS: POTENCIALIDADES DEL MÉTODO PARA IMPLEMENTAR LA SISTEMATIZACIÓN DEL CUIDADO DE ENFERMERÍA


 

1Rosângela Alves Almeida Bastos

2Marta Miriam Lopes Costa

3 Ronny Anderson de Oliveira Cruz

4Francisca das Chagas Alves de Almeida

5Alana Vieira Lordão

6Felipe Clementino Gomes

 

1Enfermeira, Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, enfermeira assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley-EBSERH, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5785-5056

2Enfermeira, Doutora em Sociologia Pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba, Docente da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2119-3935

3Enfermeiro, Doutorando em Enfermagem Pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, Docente do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6443-7779

4Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, enfermeira assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley-EBSERH João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7519-1292

5Enfermeira, Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1941-6084

6Enfermeiro, Mestrando em Gerontologia pelo Programa de Mestrado Profissional em Gerontologia da Universidade Federal da  Paraíba, enfermeiro assistencial do Hospital Universitário Lauro Wanderley-EBSERH,  João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5719-8041

 

Autor correspondente

Rosângela Alves Almeida Bastos

Rua José Ferreira da Silva 740, Apto. 301, João Pessoa – PB. Brasil

CEP: 58052-119

Telefone: +55 (83) 988248443

E-mail: rosalvesalmeida2008@hotmail.com

 

 

RESUMO

Objetivo: Relatar as potencialidades da pesquisa convergente assistencial para a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em uma Unidade de Pronto Atendimento. Método: Trata-se de um relato de experiência do processo de implementação da sistematização da assistência de enfermagem que utilizou o método da Pesquisa Convergente Assistencial em uma Unidade de Pronto Atendimento com vistas a atender a legislação em Enfermagem, promover mudanças e qualificar o cuidado e assim, corroborar para inserção de inovações nas práticas de saúde fortalecendo o saber e o fazer da equipe de Enfermagem. Resultados: Após discussões coletivas com todos os atores envolvidos e a realização de oficinas para capacitar acerca da temática, os enfermeiros puderam repensar e reconstruir competências. Foi possível identificar as possíveis nuances que dificultavam a implementação das práticas assistenciais por meio do Processo de Enfermagem, bem como reforçar estratégias de motivação, conscientização e contribuições consideráveis no que concerne à qualificação do cuidado, uma vez que a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem contribui para o reconhecimento profissional, crescimento e solidificação da Enfermagem enquanto ciência. Considerações Finais: A Pesquisa Convergente Assistencial permiti mudanças na prática assistencial em saúde, mantendo durante o processo uma estreita relação entre pesquisa e assistência com o propósito de encontrar alternativas para solucionar problemas e introduzir inovações no contexto da prática em que se faz utilização do método.

Palavras-chave: Enfermagem; Metodologia; Processo de Enfermagem; Educação em Saúde.

 

ABSTRACT

Objective: To report the potential of convergent care research for the implementation of the Systematization of Nursing Care in an Emergency Care Unit. Method: This is an experience report on the process of implementing the systematization of nursing care that used the Convergent Care Research method in an Emergency Care Unit with a view to complying with Nursing legislation, promoting changes and qualifying care and thus, corroborate the insertion of innovations in health practices, strengthening the knowledge and actions of the Nursing team. Results: After collective discussions with all the actors involved and workshops to train people on the subject, nurses were able to rethink and rebuild skills. It was possible to identify the possible nuances that hindered the implementation of care practices through the Nursing Process, as well as to reinforce motivation strategies, awareness and considerable contributions regarding the qualification of care, since the implementation of the Systematization of Nursing Care contributes to the professional recognition, growth and solidification of Nursing as a science.  Final Considerations: The Convergent Care Research allowed changes in health care practice, maintaining during the process a close relationship between research and care with the purpose of finding alternatives to solve problems and introduce innovations in the context of the practice in which the method is used.

Keywords: Nursing; Methodology; Nursing Process; Health Education.

 

RESUMEN

Objetivo: Relatar el potencial de la investigación en cuidados convergentes para la implementación de la Sistematización de la Atención de Enfermería en una Unidad de Atención de Emergencia. Método: Se trata de un relato de experiencia sobre el proceso de implementación de la sistematización de la atención de enfermería que utilizó el método de Investigación de Atención Convergente en una Unidad de Atención de Emergencia con el objetivo de cumplir con la legislación de Enfermería, promover cambios y calificar la atención y así, corroborar la inserción de innovaciones en las prácticas de salud, fortaleciendo el conocimiento y las acciones del equipo de Enfermería. Resultados: Después de discusiones colectivas con todos los actores involucrados y talleres de formación sobre el tema, los enfermeros lograron repensar y reconstruir habilidades. Fue posible identificar los posibles matices que dificultaron la implementación de prácticas de cuidado a través del Proceso de Enfermería, así como reforzar estrategias de motivación, concientización y aportes considerables en cuanto a la calificación del cuidado, ya que la implementación de la Sistematización de la Atención de Enfermería contribuye a la reconocimiento profesional, crecimiento y consolidación de la Enfermería como ciencia. Consideraciones Finales: La Investigación en Atención Convergente permitió cambios en la práctica de atención en salud, manteniendo durante el proceso una estrecha relación entre investigación y atención con el propósito de encontrar alternativas para solucionar problemas e introducir innovaciones en el contexto de la práctica en que se utiliza el método.

Palabras clave: Enfermería; Metodologia; Proceso de Enfermería; Educación em Salud.


 

Submissão: 07-03-2023

Aprovado: 03-05-2023


 

INTRODUÇÃO

A Enfermagem ao longo de sua história tem buscado desenvolver sua prá­xis por meio de conhecimentos científicos fundamentados em modelos teóricos e metodológicos que possam garantir sustentabilidade a sua prática profissional a partir de reflexão teórica e pensamento crítico, favorecendo a tomada de decisão e a construção do conhecimento. Enquanto ciência do cuidar, é imperativo que haja incorporeamente tecnologias utilizadas para mediar os atos que transformam ações frente à rotina assistencial do profissional enfermeiro. Tal fato deve ocorrer alinhado ao desenvolvimento do pensamento crítico permeado pela prática pautada em evidências que, cotidianamente, transfigura-se na forma de agir, tornando os cuidados quando implementados resolutivos (1).

            A preocupação da Enfermagem com questões teóricas surge com Florence Nightingale, a qual idealizou que a Enfermagem deveria ser embasada em reflexões sob um arcabouço de conhecimento científicos que pudessem estabelecer as bases para a ciência de enfermagem, e postulava que ser enfermeiro significava ter o encargo da saúde pessoal de alguém e que o papel da Enfermagem era de colocar o paciente na melhor condição para que a natureza pudesse agir sobre ele(2).

 Muitas são as competências que se fazem necessárias ao enfermeiro na sua prática profissional, visto que este profissional precisa ser qualificado para atuar efetivamente na consolidação dos princípios do sistema de saúde vigente, sobretudo nas atividades gerenciais, assistenciais e educativas, que requerem sistematização e comprometimento com necessidades individuais e coletivas. O enfermeiro detém função relevante, sendo atribuído a esse tarefas como: planejar, gerenciar e executar ações no âmbito da saúde individual e coletiva, supervisionar a assistência direta à população, realizar ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação, articular ações intersetoriais, gerenciar os serviços de saúde, desenvolver educação em saúde e educação permanente, bem como conduzir essas equipes(3).

Nessa perspectiva, visando a melhoria da qualidade da assistência e o empoderamento da enfermagem como profissão e ciência a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) surge  como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, baseada em princípios científicos possibilitando melhoria efetiva do cuidado garantindo ao enfermeiro uma base técnica e científica que possibilite a identificação de situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde qualificando a assistência prestada a paciente, família e comunidade(4).

Deste modo, a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem n.º 358/2009 destaca a obrigatoriedade de implantação da SAE e implementação do Processo de Enfermagem (PE) em todas as instituições de saúde no Brasil, ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado de Enfermagem(5).

 O PE é considerado uma metodologia científica importante para organizar e sistematizar o cuidado, guiar a prática de enfermagem favorecendo um melhor desempenho das atividades assistenciais do enfermeiro propiciando melhorias na qualidade da assistência de enfermagem, através do planejamento integral do cuidado. Operacionaliza-se em cinco etapas interdependentes e inter-relacionadas: Histórico, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento, Implementação e Avaliação. Desse modo, o enfermeiro deve desenvolver o pensamento crítico-reflexivo, habilidades cognitivas, experiência e conhecimento científico visando solucionar os problemas do cliente(5,6).

Nesse contexto, optou-se por experienciar as potencialidades da Pesquisa Convergente Assistencial (PCA), que apresenta a propriedade de articulação entre aspectos inerentes a pesquisa com a prática assistencial em saúde, mantendo durante o processo uma estreita relação entre esses polos com o propósito de encontrar alternativas para solucionar problemas, construir teorias e introduzir inovações no contexto da prática em que ocorre a investigação(7-9).

Outro aspecto que motivou a escolha pela PCA foi a possibilidade de inserção no campo de estudo, uma vez que essa imersibilidade na prática, torna-se uma oportunidade de (re)construir mudanças de maneira compartilhada tanto de ações como de conceitos que são capazes de dar sustentabilidade para a implantação da SAE na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), bem como otimizar o processo de solidificação no serviço em tela.

Nessa perspectiva, a PCA é entendida como o entrecruzamento de ações assistenciais com ações de pesquisa, vislumbrando a busca da compreensão e explicações para os fenômenos vivenciados no seu contexto levando a inclusão de construções conceituais inovadoras. Assim, o pesquisador deve ser um profissional que atua no cenário da pesquisa e que possui experiência e conhecimento assistencial na área a ser estudada desenvolvendo suas ações de cuidar, ensinar e pesquisar de modo associados(7).

Portanto, este estudo objetiva relatar as potencialidades da pesquisa convergente assistencial para a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em uma Unidade de Pronto Atendimento.

 

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência sobre o processo de adequação para o atendimento das demandas inerentes a SAE em uma das UPAs da capital paraibana. Com o escopo de otimizar a qualidade do cuidado prestado e melhorar os registros das informações aliado ao que é preconizado na Resolução 358/09(5), foi iniciado em 2019, as discussões acerca das estratégias a serem adotadas para tal finalidade. Nesse sentido, o Núcleo de Educação Permanente optou pela PCA, em que o método foi desenvolvido por duas enfermeiras brasileiras, Lygia Paim e Mercedes Trentini, no interim de 1980 a 1990, durante orientações acadêmicas de estudos investigativos do Programa do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, com o principal objetivo de construir uma nova abordagem de pesquisa que orientasse a convergência da pesquisa e da prática de Enfermagem(10).

Nesse contexto, o construto convergência na PCA é entendido como sendo o entrecruzamento de ações assistenciais e de pesquisa proporcionando a descoberta de novos fenômenos, sendo considerado o núcleo provedor dos demais conceitos que organizam a base teórica filosófica do delineamento da PCA(7).

Dessa forma, constituem atributos essenciais desse método: a imersibilidade compreendida como o aprofundamento do pesquisador nas ações de pesquisa e assistência incorporadas no mesmo espaço físico e temporal do contexto estudado; a simultaneidade movimento de convergência entre as ações de pesquisa e a prática assistencial; expansibilidade momento em que o pesquisador assume compromisso de renovação das práticas assistenciais e construção de teorias; dialogicidade são as relações mútuas entre pesquisa e assistência em torno de um fenômeno(10).

Foram elencadas todas as etapas que deveriam ser cumpridas obedecendo as quatros fases que regem a PCA: concepção, instrumentação, perscrutação e análise. A fase de concepção é caracterizada pela escolha do tema de interesse para a pesquisa a partir de um problema emergido da prática e do interesse dos sujeitos envolvidos. A fase de instrumentação é determinada pela aplicação de decisões metodológicas relacionadas ao campo de pesquisa, participantes do estudo e instrumento de coletas de dados. A perscrutação, é marcada pelas estratégias adotadas para a obtenção dos dados. Nessa fase, principalmente durante a coleta de dados, a articulação do pesquisador na PCA com a prática assistencial ocorre de forma mais acentuada, pois pesquisador e participantes envolvem-se tanto na assistência como na pesquisa, e que, como enfermeiro, assume diferentes papéis, como de cuidador, professor e pesquisador de forma associada e simultânea. Finaliza com a fase de análise dos dados, quando o pesquisador distancia-se da prática assistencial para interpretar as informações obtidas(11).

Os sujeitos participantes devem estar envolvidos tanto no âmbito da pesquisa quanto da assistência e cabe ao pesquisador promover sentimentos de participação, cooperação e valorização no seguimento de cada etapa. Salienta-se que as etapas ocorrem com momentos de aproximação e de afastamento(7).

Nessa perspectiva, durante a fase de concepção foi definido a escolha da temática, formulação do problema e o embasamento teórico. Primeiramente, buscou-se organizar um grupo de estudos formados pelos enfermeiros facilitadores, a fim de realizar o planejamento das ações, definição do referencial teórico a ser seguido e as datas das oficinas de capacitação. Adotou-se o referencial teórico de Wanda Aguiar Horta no que concerne à Teoria das Necessidades Humanas Básicas (TNHB) por ser considerado o mais adaptado para atender as necessidades das pessoas que buscavam atendimentos naquele serviço.

A fase de instrumentação consistiu na escolha do espaço físico, dos participantes e dos métodos e técnicas que seriam adotadas. Assim, o cenário do estudo foi uma UPA, localizada em João Pessoa, capital do estado da Paraíba - Brasil. Compuseram a população os enfermeiros do referido serviço, e a amostra final com um total de 30 enfermeiros que estiveram dispostos a participar do projeto.

Devido a questões inerentes a pandemia, sobretudo no tocante a sobrecarga da equipe, o projeto foi retomado ao final de 2022 e encontra-se na fase de perscrutação, em que ocorre a coleta dos dados, para posteriormente serem analisados por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin(12)

Por tratar-se de oficinas realizadas com permissão da direção do serviço e não sendo utilizado informações de pacientes e dos participantes, para este relato não foi necessário a aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), as informações mencionadas mantiveram a confidencialidade e o anonimato dos participantes respeitando a Resolução 466/2012 que trata da pesquisa com seres humanos.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Ocorreram três oficinas com a participação de 30 enfermeiros de um total de 40, além de dois enfermeiros facilitadores do Núcleo de Educação Permanente. Na primeira discutiu-se sobre o instrumento de coleta de dados, enquanto primeira fase do PE e a necessidade de reconstrução para que se fundamentasse com a base na TNHB.

É oportuno salientar que os participantes puderam discutir de forma coletiva acerca do fenômeno estudado contribuindo com melhorias que atendesse ao perfil dos pacientes atendidos naquele serviço e que permitisse a construção de estratégias que visem identificar com clareza a partir da coleta de dados os Diagnósticos de Enfermagem (DE) presentes em pacientes que são admitidos na UPA para que assim, fossem elaboradas intervenções de enfermagem favorecendo a qualidade da assistência prestada, introduzindo mudanças na prática assistencial enfatizando o “pensar” e o “fazer”(7).  Esse momento foi imprescindível, uma vez que, para que haja mudanças no processo da prática assistencial tem que envolver os protagonistas desse processo.

Na segunda oficina realizou-se o resgate e a exposição dialogada e participativa com foco no desenvolvimento de todas as etapas do PE, a fim de aproximar a prática assistencial ao conhecimento teórico e científico em que nessa dinâmica oportunizou-se a realização de resolução de situações problema.

 Já na terceira oficina, buscou-se reunir o grupo para discutir e repensar de forma coletiva suas experiências vivenciadas durante esse processo buscando identificar as possíveis nuances que dificultavam a implementação de novas práticas assistenciais. A troca de ideias compartilhadas foi focada em estratégias de motivação, conscientização, melhoria da qualidade da assistência de enfermagem prestada, além de apresentar os passos futuros que darão continuidade ao projeto tendo em vista os protocolos de pesquisa que estão em formulação para atender as próximas etapas da PCA.

As discussões de maneira participativa promovem a construção conjunta do conhecimento das práticas assistenciais de Enfermagem e o processo de compartilhamento de experiências vivenciadas e relato de dificuldades tornam-se espaços para ressignificar e otimizar o cuidado.   

Foram desveladas dificuldades operacionais, insuficiência de recursos humanos, falta de tempo e superlotação do serviço. Estudos recentes corroboram com essas informações, entretanto, os mesmos estudos relatam que o incentivo e participação desses profissionais em formação técnica e acadêmica, como aperfeiçoamento e educação permanente, a exemplo do que foi realizado nessa experiência, são fatores importantes para solucionar essas fragilidades(4,13).

Em se tratando de teorias, elas fundamentam modelos assistenciais para o desenvolvimento da profissão, alicerçando, assim, o ensino, a pesquisa e a prática assistencial. Outrossim, representam um conjunto de conceitos que manifestam a observação sistemática sobre um fenômeno e, ainda, respaldam os conhecimentos e técnicas específicas da Enfermagem, tão importantes para o progresso como ciência. No concernente a TNHB de Wanda de Aguiar Horta, que traz em sua essência os princípios da adaptação e do holismo, constatou-se que dentre as Teorias de Enfermagem é a segunda mais utilizada nas teses desenvolvidas no cenário brasileiro(14).

É possível observar que a construção de novos conhecimentos gerou inovações nas práticas assistenciais do serviço, favorecendo melhoria na assistência de enfermagem prestada, sobre tudo com o foco na união do saber-pensar ao saber-fazer(8).

A implementação da operacionalização da SAE por meio do PE nesse cenário de cuidado, subsidiada pela PCA e por um referencial teórico confiável fortaleceram a natureza e o escopo da profissão promovendo uma maior organização da assistência prestada. Os enfermeiros adquiriram uma maior autonomia na tomada de decisão, reconheceram que o foco do cuidado de Enfermagem deve ser o cliente e que a implementação da SAE na UPA promoveu uma assistência de Enfermagem com mais embasamento científico, individualizada e sistematizada.

O envolvimento de toda equipe de enfermagem, em busca de uma enfermagem mais qualificada, juntamente com os gestores da instituição, favoreceram a construção de novos saberes através da disponibilidade de recursos essenciais e capacitações que contribuíram para mudanças de paradigmas e implementação de um método sistemático, científico, que garanta um cuidado qualificado(15).

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A PCA contribuiu para implementação da SAE na UPA e auxiliou os enfermeiros no desenvolvimento de uma prática segura e sistematizada do cuidado, permitindo a construção e reconstrução das práticas de enfermagem por meio de um arcabouço científico nas dimensões do pensar, sentir e agir. Por sua vez, a PCA pode ser desenvolvida em diferentes contextos da prática assistencial em que a Enfermagem se faz presente. .

A utilização desse método possibilitou uma maior aproximação dos enfermeiros diante do saber-fazer assistencial, favorecendo a construção e inovação do conhecimento com o propósito de buscar alternativas para solucionar ou minimizar problemas renovando as práticas assistenciais, contribuindo para que as ações de enfermagem sejam pautadas no cuidado integral, dinâmico e sistematizado que garantam a excelência e a eficiência do cuidado prestado.

Salienta-se que foram utilizadas nesse momento, apenas as duas primeiras etapas do método, concepção e instrumentalização, as etapas subsequentes inerentes à perscrutação e análise seguem em andamento, pois envolve aprofundamento das informações e experiências, para tanto, torna-se necessário, o afastamento do fazer assistencial do pesquisador e aproximação com a pesquisa propriamente dita, para que assim, sejam cumpridos os preceitos éticos e o rigor científico do método e posteriormente ocorra o entrecruzamento da assistência com pesquisa proporcionando  possibilidades de descoberta de novos fenômenos no âmbito da Enfermagem.

Dentre as limitações do estudo, incluiu-se o quantitativo de participantes, visto que nem todos enfermeiros atuantes no serviço puderam participar devido estarem atuando em outras instituições no momento das oficinas.

Espera-se que essa vivência seja compartilhada em diferentes espaços com temáticas que necessitam de inovações das práticas assistenciais de Enfermagem com o propósito de encontrar alternativas para solucionar problemas e gerar mudanças nos modos de saber-fazer no contexto da prática de Enfermagem.

 

REFERÊNCIAS  

 

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3.                  Lopes OCA, Henriques SH, Soares MI, Celestino LC, Leal LA. Competências dos enfermeiros na estratégia Saúde da Família. Esc Anna Nery [Internet]. 2020 [acesso 2022 Mar 05];24(2):e20190145. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0145

 

4.                  Lourençone SEM, Paz AA, Medeiros JGT, Caregnato RCA. Sistematização da Assistência de Enfermagem: produção científica de uma década da revista enfermagem em foco. Enferm Foco [Internet]. 2022 [acesso 2023 Fev 08];13:e-202210. Disponível em: https://enfermfoco.org/wp-content/uploads/articles_xml/2357-707X-enfoco-13-e-202210/2357-707X-enfoco-13-e-202210.pdd

 

5.                  Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas instituições de saúde brasileiras [Internet].  Diário Oficial da União; 2009. [acesso 2023 Fev 08]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html

 

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8.                  Júnior AR, Munhoz OL, Schaurich D, Zamberlan C. Atividades educativas grupais sobre infecções sexualmente transmissíveis: pesquisa convergente assistencial em unidade de saúde mental. Rev Enferm Atenção Saúde [Internet]. 2022 [acesso 2023 Fev 08];11(1):e202246. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2022/08/1381774/2-group-educational-activities-on-sexually.pdf

 

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10.              Trentini M, Paim L, Silva DMGV. The convergent care research method and its application in nursing practice. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [acesso 2022 Fev 08]; 26(4):e1450017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0104-07072017001450017

 

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12.              Bardin L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70; 2016.

 

13.              Rodrigues TT, Cercilier PMC, De Souza SR, Pinto ARC. Sistematização da Assistência de Enfermagem: uma década de implementação sob a ótica do enfermeiro. Rev Enferm Atual In Derme [Internet]. 2021 [acesso 2023 Mar 04];95(34):e-021055. Disponível em: https://revistaenfermagematual.com/index.php/revista/article/view/996

 

14.              Alves HLC, Lima GS, Albuquerque GA, Gomes EB, Cavalcante EGR, Viana MC A. Uso das teorias de enfermagem nas teses brasileiras: estudo bibliométrico. Cogitare Enferm [Internet]. 2021 [acesso 2023 Fev 08];26:e71743. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v26i0.71743

 

15.              Costa AC, Silva JV. Representações sociais da sistematização da assistência de enfermagem sob a ótica de enfermeiros. Rev. Enf Ref [Internet]. 2018 [acesso 2023 Fev 08];4(16). Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/3882/388256613014/388256613014.pdf

Contribuições dos autores

1Rosângela Alves Almeida Bastos

2Marta Mirim Lopes Costa

3 Ronny Anderson de Oliveira Cruz

4Francisca das Chagas Alves de Almeida

5Alana Vieira Lordão

6Felipe Clementino Gomes

 

1Concepção da pesquisa, revisão crítica do conteúdo, análise reflexiva dos dados e aprovação da versão final.

2 Concepção do estudo, Revisão crítica e aprovação da versão final.

3Revisão crítica e aprovação final da versão final

4Revisão reflexiva e aprovação da versão final

5Planejamento da pesquisa, revisão do percurso metodológico.

6Interpretação e análise dos dados obtidos e redação do artigo.