GRUPO DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Á SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

EXPERIENCE GROUP FOR ELDERLY PEOPLE IN PRIMARY HEALTH CARE: EXPERIENCE REPORT

 

GRUPO DE EXPERIENCIA PARA ANCIANOS EN LA ATENCIÓN PRIMARIA DE SALUD: REPORTE DE EXPERIENCIA


 

1Mayara Cristina Nunes Ferreira

2Rachel da Silva Serejo Cardoso

3Sheila Mara Moraes da Silva

4Jéssica Renata Bastos Depianti

 

1Graduanda em Enfermagem. Universidade Estácio de Sá Campus Norte Shopping – Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9234-1544

2Enfermeira Doutora, em Ciências do Cuidado em saúde e Saúde da Família (UFF) Professora de enfermagem. Universidade Estácio de Sá- Campus Norte Shopping. Rio de Janeiro-Rio de Janeiro- Brasil. https://orcid.org/0000-0002-7283-8089

3Enfermeira Preceptora do Programa de Residência em Enfermagem de Família e Comunidade (PREFC)/SMS - RJ, Pós-graduada em Programa de Saúde da Família pela UGF/RJ – Pós-graduada em Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia (Unileya)/RJ. https://orcid.org/0009-0002-8657-7777

4Enfermeira Pediatra. Doutora em enfermagem pela EEAN/UFRJ. Professora de enfermagem. Universidade Estácio de Sá- Campus Norte Shopping. Rio de Janeiro-Rio de Janeiro- Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9157-3159

 

Autor correspondente

Mayara Cristina Nunes Ferreira

Rua Francisco Venâncio Filho.  N. 6 casa: VI, Penha Circular, Rio de Janeiro, RJ – Brasil. CEP: 21215-570 Contato: +55 (21)96984-8004. E-mail: mayaraferreira940@gmail.com

 

Fomento e Agradecimento: A Secretaria Municipal de Saúde do Estado do Rio de Janeiro pela concessão da Bolsa de Acadêmico Bolsista em 2022 à Mayara Cristina Nunes Ferreira. E a toda equipe de saúde e aos idosos do grupo de convivência “o melhor da vida”.  

 

 

Submissão: 29-04-2023

Aprovado: 28-07-2023

 

 

RESUMO

OBJETIVO: Relatar a experiência com o grupo de convivência de idosos, como possibilidade de estratégia de educação em saúde na atenção primária à saúde. MÉTODO: Foi realizado três encontros distintos no período de 2022, com temas diversos baseados nos relatos prévios dos idosos em relação as suas necessidades emocionais e de saúde. RESULTADOS: O grupo fortaleceu o vínculo entre os profissionais de saúde, proporcionando um espaço de interação entre os idosos consequentemente a inclusão social ao estabelecer laços entre os participantes, estimulando a autonomia, autoestima e a autoconfiança. a forma dinâmica que era proposta em cada encontros, trazia recursos educativos, criando expectativas entre os idosos para os próximos encontros. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A abordagem do grupo foi exitosa, através do grupo os idosos tiveram a oportunidade de falar e ser ouvidos, fazendo com que houvesse troca de experiências, além de proporcionar um olhar de autocuidado e autogerenciamento, trazendo como consequência maior adesão às consultas ambulatoriais e na prática de atividade física e menor frequência nas consultas de demanda livre.

Palavras-chave: Saúde do Idoso; Atenção Primária à Saúde; Dinâmica de Grupo; Educação em Saúde.

 

ABSTRACT

OBJECTIVE: To report the experience with the group of elderly people, as a possibility of health education strategy in primary health care. METHOD: Three different meetings were held in the period of 2022, with different themes based on previous reports of the elderly regarding their emotional and health needs. RESULTS: The group strengthened the bond between health professionals, providing a space for interaction between the elderly and consequently social inclusion by establishing bonds between participants, stimulating autonomy, self-esteem and self-confidence. the dynamic form that was proposed in each meeting brought educational resources, creating expectations among the elderly for the next meetings. FINAL CONSIDERATIONS: The group approach was successful, through the group the elderly had the opportunity to speak and be heard, causing an exchange of experiences, in addition to providing a look of self-care and self-management, resulting in greater adherence to outpatient consultations and in the practice of physical activity and lower frequency in free demand consultations

Keywords: Health of the Elderly; Primary Healthcare; Group Dynamics; Health Education.

 

RESUMEN

OBJETIVO: Relatar la experiencia con un grupo de adultos mayores, como posibilidad de estrategia de educaciónensaludenla atención primaria de salud. MÉTODO: Se realizaron tres encuentros diferentes en el período 2022, con diferentes temáticas a partir de relatos previos de los adultos mayores en relación a sus necesidades emocionales y de salud. RESULTADOS: El grupo fortaleció el vínculo entre los profesionales de la salud, proporcionando un espacio de interacción entre los participantes y consecuentemente de inclusión social al establecer vínculos entre los participantes, estimulando la autonomía, la autoestima y la autoconfianza. La forma dinámica en que se propone cada encuentro trae recursos educativos, creando expectativas entre los losancianos para los próximos encuentros. CONSIDERACIONES FINALES: El abordaje grupal fue exitoso, a través del grupo los mayores adultos tuvieron la oportunidad de hablar y ser escuchados, provocando un intercambio de experiencias, además de ofrecer una mirada de autocuidado y autogestión, resultando en una mayor adherencia a la consulta externa. consultas y práctica de actividad física y menor frecuencia de consultas a demanda.

Palabras clave: Salud Del Anciano; Atención Primaria de Salud; Dinámica de Grupo; Educación em Salud.

 


INTRODUÇÃO

 

No que trata da saúde do idoso, é importante destacar que dados de projeções estatísticas apontam que, até o ano de 2025, essa população passará dos 32 milhões, ocupando a sexta posição.(1)Em vista disso, considerando as peculiaridades que envolve o processo de envelhecimento tais como mudanças físicas, comportamentais e sociais, os profissionais de saúde que atuam na da Atenção Primária à Saúde (APS) devem estar capacitados para atender as necessidades desse grupo populacional e promover ações visando a manutenção da qualidade de vida dessas pessoas que estão envelhecendo dentre elas, a promoção da autonomia, a independência e o bem-estar dos idosos através de sua autogestão em saúde. (2)

Conforme as peculiaridades ditas do processo de envelhecimento e a importância dos profissionais de saúde estar atentos as demandas específicas desse grupo populacional, reforça ainda mais a importância a APS, como porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), oferece atendimentos contínuos de promoção, prevenção e recuperação da saúde, entre suas estratégias, podemos citar os grupos de convivência, onde os idosos têm um espaço de interação, inclusão social e resgate da autonomia, autoestima e autoconfiança com potencial de melhora na qualidade de vida desses idosos, fatores importantes que contribuem para um envelhecimento ativo, independente e autônomo.(2)Perante o exposto, cabe ressaltar que o grupo de convivência é uma alternativa implementada pela APS, onde o principal intuito é proporcionar bem-estar através da interação e inclusão social levando esses idosos a sentirem pertencentes ao grupo contribuindo na sua manutenção da saúde formando uma rede de apoio, além de fortalecer resiliência dos idosos e diminuindo a vulnerabilidade e autonomia.(3-4)

Diante dos benefícios que o grupo de convivência com os idosos podem proporcionar, vale ressaltar estudos semelhantes que trouxeram resultados importantes no que refere a temática, reforçando através de suas experiências a sua relevância, destaca-se um estudo que foi desenvolvido em um município localizado no Rio Grande do Sul, onde os grupos de convivência com os idosos objetivou a promoção de atividades físicas, e revelou a importância deste espaço para melhoria da qualidade de vida por meio dos exercícios, promoção de vínculo com o educador físico, maior interação entre os participantes. Além disso, os idosos destacaram que o grupo permitiu fazer amizades e o compartilhamento dos seus sentimentos e emoções.(5)

Como visto, destaca-se a importância dos grupos de convivências dos idosos na promoção da saúde física, mental e social dessa população específica, no entanto, vale destacar evidências das repercussões negativas que a pandemia da COVID-19 gerou na população idosa, principalmente no que refere à saúde mental, principalmente associada às alterações típicas do envelhecimento a potencializando o idadismo. Além disso, o distanciamento social e a velocidade das informações, dentre elas, desinformação e as notícias falsas, as chamadas infodemias, trouxe para toda a população quiçá os idosos, incertezas, medo, angústia, corroborando no sofrimento emocional desses idosos. (6)

Além dos fatores já relatados culminados pela pandemia no que refere à repercussão da saúde mental dos idosos, é sabido que durante o processo de envelhecimento, é comum ocorrer mudanças físicas e psicossociais que decorrem a fatores facilitadores para estresse e o sentimento de solidão, acrescido pela perda e a diminuição da capacidade, levando a quadros de ansiedade e sintomas depressivos, interferindo na qualidade de vida dos idosos.(7) Assim, os grupos de convivência se tornam importantes dispositivos a serem desenvolvidos com essas clientes na APS pós pandemia, reintegrando essas pessoas ao convívio social.

Diante do exposto, este estudo tem como objetivo relatar a experiência com o grupo de convivência de idosos, como possibilidade de estratégia de educação em saúde na atenção primária à saúde.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

 

Trata-se de um relato de experiência referente à implementação do grupo de convivência para idosos, organizado por profissionais de saúde (um médico preceptor, dois médicos residentes, uma enfermeira, quatro agentes comunitários de saúde) e uma acadêmica de enfermagem, que atuavam em uma Clínica da Família localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Faz-se necessário destacar que a criação do grupo se deu a partir de uma decisão coletiva de profissionais de saúde perante as necessidades emocionais dos idosos em detrimento da Pandemia da COVID-19. Assim, a finalidade foi promover um espaço de escuta, na qual os idosos pudessem expressar seus sentimentos, emoções e necessidades. Quanto aos encontros, eles se iniciaram em junho de 2022 e realizados na última terça-feira de cada mês, no auditório da própria unidade e tinham duração de aproximadamente 120 minutos. Os convites eram realizados durante as visitas dos agentes comunitários em saúde (ACS) e nas consultas médicas e de enfermagem.

Por se tratar de um Relato de experiência, não foi necessário submeter o estudo ao Comitê de Ética em Pesquisa. Entretanto, cabe ressaltar que foram seguidos os preceitos éticos contidos na Resolução nº 510 de 07 de abril de 2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que trata da ética em pesquisas científicas, tanto para a análise dos dados quanto para a socialização dos resultados.8

Para realização do primeiro encontro, foi feita uma reunião prévia com a equipe técnica e os ACS para definição dos temas norteadores perante as necessidades percebidas. Além disso, para os o planejamento do grupo de convivência, contou-se com a participação dos idosos, que também destacaram outras necessidades a serem abordadas.

 

1º Encontro

O primeiro encontro teve como objetivo registrar os idosos participantes, verificar a pressão arterial (PA) e medidas antropométricas. Para tanto, o espaço foi organizado com cadeiras na forma de uma roda; uma música relaxante tocava ao fundo. Logo em seguida, foi dado as boas-vindas e explicado os objetivos dos encontros como espaço de fala e escuta. Foi pedido que os idosos fechassem os olhos “para olhar dentro de si" e, ao som da música, os profissionais de saúde diziam palavras de conforto.

Posteriormente, foi entregue uma folha em branco com uma caneta e solicitado aos idosos que realizassem um desenho sobre sua percepção de saúde. Ao terminar, cada participante se apresentava com nome e idade, além de mostrar e explicar seu desenho, se assim desejassem. Notou-se que a visão desses idosos sobre saúde era apenas a ausência de doença, levando assim, a discussão grupal acerca da importância de fatores condicionantes de saúde, tais como: lazer, educação, bem-estar mental, social e físico. A discussão em grupo deu continuidade com a nutricionista que abordou a importância da ingestão de nutrientes no curso do envelhecimento, tirando dúvidas do cotidiano nutricional dos idosos. Ao final, o grupo sugeriu o tema “orientação sobre o uso das ervas medicinais” para o próximo encontro. 

 

2º Encontro

O segundo encontro iniciou-se com avaliação da PA e medidas antropométricas e, logo após, os participantes sentaram-se em roda. Inicialmente, o profissional de educação física convidou os idosos para uma ginástica laboral com o objetivo de promover um momento de relaxamento do grupo. Ao término, deu início a discussão acerca da temática “Orientação sobre o uso das ervas medicinais” proposto no último encontro.

No início, profissionais de saúde questionaram os participantes quanto ao conhecimento e uso das ervas, tanto em relação aos seus benefícios, como também, os malefícios. Na percepção dos idosos, por se tratar de algo natural, não causaria danos ao organismo. Diante disto, foram que dentre os benefícios, muitas dessas plantas, trazem benefícios, calmantes, relaxantes e diuréticos. Contudo, foi reforçado que seu uso deve ser de forma consciente sob orientação de um profissional de modo a evitar interação com medicação de uso regular.  Ao final da atividade, os idosos decidiram que o próximo tema para discussão séria “alimentação saudável”.

 

3º Encontro

O terceiro encontro, iniciou-se atualizando o cadastro dos idosos, aferiu-se a PA e mensurou as medidas antropométricas. Logo após, eles se sentaram em roda parainício da discussão acerca da alimentação saudável. Para tanto, contou-se com a nutricionista que propôs uma dinâmica com os seguintes materiais: cola; recortes impressos de alimentos; folha com impresso de prato e talheres. Os idosos foram divididos em quatro grupos contendo quatro participantes e pedido a cada grupo que montassem um prato com alimentos que entendiam como saudáveis e ao final, deveriam explicar suas escolhas.

Após a dinâmica em grupo, os profissionais de saúde prepararam uma mesa de café da manhã para confraternização cuja mesa era composta por alimentos saudáveis, com frutas e sucos naturais. Neste momento, os idosos puderam fortalecer suas relações, além de ter proporcionado um momento de troca e descontração.

 

RESULTADOS

 

Participaram aproximadamente 30 idosos, que denominaram o grupo de convivência como “o melhor da vida”. O primeiro encontrou resultou inicialmente em “quebra de gelo” e vínculo entre os profissionais da unidade e usuários idosos participantes. A forma dinâmica do grupo favoreceu o estabelecimento de laços entre eles, criando expectativas para os próximos encontros. A dinâmica que era proposta em cada encontro, trazendo recursos educativos, proporcionou aos idosos maior entusiasmo na abordagem dos temas presentes em seu cotidiano.

O primeiro encontro, ampliou o interesse sobre o conceito multidimensional da saúde que antes, os idosos apresentavam uma visão reducionista voltada apenas para a doença. Além disso, pode-se observar o entusiasmo por parte dos idosos em estabelecer o autocuidado como estratégia para a promoção da sua saúde. Somado a isso, o encontro proporcionado pelo grupo de convivência proporcionou aos idosos relatarem suas dúvidas e curiosidades sobre o uso de adoçante e açúcares, pois acreditavam que o uso deles não poderia ser prejudicial.

No segundo encontro, foi observado o aumento do número de participantes, o que resultou em uma troca enriquecedora de experiência, esclarecimento das dúvidas acerca do tema e autonomia. Notou-se também que neste encontro, os idosos se sentiram mais pertencentes ao grupo em comparação ao primeiro encontro. Quanto à temática “plantas medicinais” abordada no encontro, pode-se esclarecer as dúvidas dos idosos, bem como, promover orientações quanto ao seu uso consciente por parte deles.

No terceiro encontro, os resultados da dinâmica em grupo desenvolvida pela nutricionista da montagem do prato ideal para consumo, pode-se observar que os idosos tinham conhecimento de uma alimentação balanceada, uma vez que, apontaram sugestões de cardápios de fácil acesso a todos. Além do desafio lançado acerca das montagens dos pratos, a atividade proporcionou momentos de estímulo cognitivo, incluindo a linguagem, atenção, criatividade, competitividade, memória e curiosidade. No final do encontro, foi feita uma confraternização, onde foi expresso a demonstração de carinho entre os pares e o estabelecimento do vínculo de amizade e companheirismo.

O resultado obtido através dos encontros do grupo de convivência “melhor vida” para idosos atendidos em uma clínica da família da Zona Norte do Rio de Janeiro, se mostrou uma importante estratégia desenvolvida que proporcionou inúmeros benefícios a essa clientela. Além disso, pode-se destacar a promoção da saúde no âmbito individual e coletivo, permitindo a multiplicação dos saberes entre os idosos, contribuindo para o fortalecimento de uma rede de apoio e do autocuidado.

 

DISCUSSÃO

 

Como observado nos resultados, após a pandemia do COVID-19, houve um aumento de idosos com sintomas depressivos na unidade e isso chamou a atenção da equipe de saúde. Sabe-se que os idosos fazem parte do grupo vulnerável a esse problema, inclusive, foi o grupo populacional que mais tiveram destaques no que refere aos cuidados em saúde e ao distanciamento social, isso é claro, levou muitos idosos a apresentarem quadros depressivos e ansiosos principalmente para aqueles que moram sozinhos.(9) O fortalecimento das relações sociais são essenciais para a saúde mental dos idosos, trazendo sentimento de carinho e pertencimento a um grupo, possibilitando a troca de experiências e o apoio emocional, criando vínculos afetivos que proporcionam segurança e proteção ao indivíduo.(7)

A equipe de saúde da APS referida, percebeu que havia uma necessidade de saúde que precisava ser atendida, o que culminou na criação do grupo de convivência em que mais tarde, foi denominado “o melhor da vida”. Destaca-se ainda o fato de as atividades ter proporcionado uma experiência dinâmica e inovadora e sendo bem aceita pelos usuários, que foram ativos em sua participação. Assim o grupo se torna um importante espaço na mediação de conflitos, de aceitação da diversidade, do diálogo e da compreensão, sendo fundamental para fortalecer laços entre os usuários e a equipe. Somando a isso, proporciona o sentido de transformação das subjetividades e de resistência à suposição de exclusão e de utilitarismo.(10)

A prática dessa atividade como facilitadora de conhecimento, promoveu espaço para a valorização do idoso, autoconfiança, autocuidado, além criar momentos de trocas de experiências, orientações e a promoção em saúde.(11) Todos os métodos desenvolvidos em cada encontro, atingiram os esperados resultados, mostrando positivo para o grupo e equipe, o que se articula com o preconizado pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) e com os programas que são implementados pelo SUS no que tange a promoção da saúde e prevenção de doenças.

Observamos que ao longo dos encontros houve um aumento na construção do vínculo entre equipe e o idoso, pois, por meio dos encontros, pode-se fornecer a eles uma escuta acolhedora e um ambiente seguro e de respeito mútuo. Para se estabelecer o vínculo é necessária uma postura proativa e de responsabilidade nas questões reveladas por esse paciente, fornecendo práticas de qualidade que garantam o cuidado com respostas efetivas e adequadas no que diz esse paciente idoso.(12)

É possível observar em outros estudos, mostram resultados semelhantes no que refere à participação de idosos em grupos de convivência, constatando impacto positivo na promoção da saúde mental, estilo de vida saudável, na prevenção de declínios físicos e cognitivos, resultante da interação social, promovendo a melhora na qualidade de vida. (13) Já nesse outro estudo, observamos que o grupo de convivência serviu como um método de promoção e prevenção da saúde, visto que o grupo promoveu atividades educativas e ainda levou a aderência desse grupo específico na APS referida que culminou em manter essa prática de modo recorrente na unidade, devido seu impacto positivo. (14)

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A proposta do grupo de convivência “O melhor da vida" mostrou uma abordagem exitosa junto aos idosos, pois facilitou a troca de experiências através da educação por pares, utilizando a interação os entre os usuários e equipe, ampliou a adesão, o falar e ser ouvido, o empoderamento, e autonomia. Somado a isso, pelos idosos aderirem ao grupo, houve uma menor frequência nas consultas de demanda livre, facilitando o trabalho da equipe de saúde. 

O grupo de convivência também proporcionou aos idosos o autocuidado percebido e ampliação de outros participantes do grupo, tais como os amigos, familiares e a outros usuários da clínica, servindo como apoiadores.  Acredita-se que para o crescimento do grupo, é importante que a equipe multiprofissional esteja alinhada e aberta a realizar atividades inovadoras que envolvam os idosos como protagonistas do seu cuidado, trazendo temáticas de seu cotidiano. 

Portanto, a implementação do grupo de forma lúdica e dinâmica, contextualizada com sua realidade vivida, tem potencial de aproximar o profissional de saúde e usuário idoso, sendo uma abordagem viável e de baixo custo na APS. Assim, torna-se importante a realização dessas atividades que tenham como foco a prevenção de doença, promoção da saúde e o idosos como protagonista desses processos. Espera-se que esse relato possa contribuir incentivando outros profissionais e Unidades de Saúde na promoção de atividades similares com idosos ao estabelecer espaço que oportunize o protagonismo do usuário no curso de vida. 

 

REFERÊNCIAS

1- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 1980-2050 - revisão. Metodologia e resultados. Estimativas anuais e mensais da população do Brasil e das unidades da federação: 1980 – 2020 [Internet] 2012 [cited 2023 Abr 20]; Available from: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/metodologia.pdf

 

2- Previato GF, Nogueira IS, Mincoff RCL, Jaques AE, Carreira L, Baldissera VDA. Conviviality groups for elderly people in primary health care: contributions to active aging. Rev Pesqui (Univ. Fed. Estado Rio J, Online) [Internet]. 2019 [cited 2023 Mar 30]; 11(1):173-80. Available from: http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i1.173-180

 

3- Wichmann FM, Couto AN, Areosa SV, Montañés MC. Companionship groups as support to improve the health of the elderly. Rev bras geriatr gerontol [Internet]. 2013 [cited 2023 Abr 1]; 16(4):821-32. Available from: https://doi.org/10.1590/s1809-98232013000400016

 

4- Schoffen LL, Santos WL. The importance of living groups for the elderly as instrument for health maintenance. REVISA [Internet]. 2018 [cited 2023 Abr 1];7(3):160-70. Available from: http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/download/317/227

 

5- Lima AP, Giacomazzi RB, Scotergagna HM, Portella MR. Grupo de convivência para idosos: o papel do profissional de educação física e as motivações para adesão à prática de atividade física. Rev bras ciênc esporte [Internet]. 2019 [cited 2023 Abr 02];42:e2018. Available from: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2019.02.001

 

6- Moreira WC, Sousa AR, Cardoso RSS, Queiroz AM, Oliveira MA, Sequeira CA. COVID-19 in Brazil: are there any differences in mental health literacy between young and aged men?  Rev latinoam enferm [Internet]. 2022 [cited 2023 Abr 03];30:e3544. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.5651.3544

 

7- Grangeiro A, Gomes L, Neiva T, Cunha C, Moraes C, Oliveira ML, et al. Expressive therapies in hyper-frequenting elderly: effect on consultations number and mental status. Psic, saúde doenças [Internet]. 2020 [cited 2023 Abr 10];21(03):698-712. Available from: https://doi.org/10.15309/20psd210313

 

8- Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Trata sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa em ciências humanas e sociais. Diário Oficial da União [Internet]. 2016 May 24. [cited 2023 Abr 10]. Available from: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf

 

9- Hammerschmidt KSA, Santana RF. Health of the older adults in times of the COVID-19 pandemic. Cogitare enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Abr 10];25:e72849. Available from: dx.doi.org/10.5380/ce.v25i0.72849

 

10- Silva GM, Carvalho DP, Melo DB. The circular process as a tool for conflict management in a basic health unit. Saúde debate [Internet]. 2019 [cited 2023 Abr 10];43:129-37. Available from: https://doi.org/10.1590/0103-11042019s612

 

11- Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2006 [cited 2023 Abr 10]. 192 p. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/evelhecimento_saude_pessoa_idosa.pdf

 

12- Freitas MA, Costa NP, Alvarez AM. Nurses in the care of older adults: building a bond in primary health care. Ciênc. cuid. saúde [Internet]. 2022 [cited 2023 Abr 10];21. Available from: https://doi.org/10.4025/ciencuidsaude.v21i0.59911

 

13- Abreu FA, Santo FHE, Chibante CLP, Santos TD, Brito WAP. Prevenção do câncer de mama e cervico-uterino em idosas de um grupo de convivência. Rev. Enferm. Atual In Derme [Internet]. 2019 [cited 2023 Abr 29];78(16). Available from: https://doi.org/10.31011/reaid-2016-v.78-n.16-art.357

 

14- Lopes BFF, Oliveira TR, Lira KKAS, Santos GL, Brandão GS. Depressão, ansiedade e qualidade de vida em idosos de uma universidade aberta á terceira idade. Rev Enferm Atual In Derme [Internet]. 2021 [cited 2023 Abr 28]; 95(35):e-021116. Available from: https://doi.org/10.31011/reaid-2021-v.95-n.35-art.1172

 

Contribuição dos autores

Todos os autores contribuíram substancialmente na concepção, no planejamento do estudo, na obtenção, na análise e interpretação dos dados, assim como na redação e na revisão crítica e aprovação final da versão publicada.