A VELHICE LGBT SOB A ÓTICA DA MÍDIA

 

LGBT OLD AGE UNDER THE MEDIA'S PERSPECTIVE

 

LA VEJEZ LGBT BAJO LA PERSPECTIVA DE LOS MEDIOS


 

1Kelaine Pereira Aprigio Silva

2Susanne Pinheiro Costa e Silva

3Emília Carolina Félix Rosas de Vasconcelos

4José Victor Aragão Silva

5Renata Clecia Neves Leite

6Maria Joycielle de Lima Maciel

7Letícia Karen de Barros Tavares

 

1Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-5758-9843

2Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil. Orcid:  https://orcid.org/0000-0002-9864-3279

3Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0333-5733

4Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil. Orcid: https://orcid.org/0009-0003-2306-0380

5Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil. Orcid:  https://orcid.org/0000-0003-3554-6786

6Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil. Orcid:  https://orcid.org/0000-0001-6955-5715

7Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4238-3460

 

Autor correspondente

Kelaine Pereira Aprigio Silva

Rua Cônego João de Deus, n. 220, Castelo Branco, João Pessoa – PB, Brasil. 58050-360. Contato: +5581993593127. E-mail: kelainedc@gmail.com

 

 

 

Submissão: 30-04-2023

Aprovado: 17-07-2023

 

 

RESUMO

Objetivo: desvelar o conteúdo jornalístico produzido sobre pessoas idosas LGBT no Brasil. Método: trata-se de estudo descritivo-exploratório utilizando como fonte de dados reportagens publicadas em jornais brasileiros. Para tanto, foram analisadas 28 matérias publicadas entre os anos de 2017 e 2021. O processamento dos dados foi realizado por meio da Classificação Hierárquica Descendente através do software IRAMUTEQ, sendo os resultados expostos em um dendrograma. Resultados: Os elementos foram agrupados em quatro classes de palavras: duplo preconceito, adversidades enfrentadas por idosas transexuais, convívio familiar e rede de apoio. Nestas, verifica-se que a difusão das informações sobre a velhice LGBT versam sobre o duplo preconceito vivenciado (etarismo e homofobia), além da maior vulnerabilidade enfrentada, solidão, abandono familiar e dificuldades para o acompanhamento da saúde. A ausência de políticas públicas colabora para a manutenção de tais problemas. Considerações finais: Urge a identificação das necessidades do público idoso LGBT, com profissionais de saúde atuando na promoção desta e inserção social. É necessário, ainda, direcionar ações para o cuidado gerontológico qualificado, utilizando as tecnologias disponíveis para construir conhecimento e apoiar o trabalho na saúde.

Palavras-chave: Pessoa Idosa; Saúde da Pessoa Idosa; Minorias Sexuais e de Gênero; Meios de Comunicação de Massa.

 

ABSTRACT

Objective: to reveal the journalistic content produced about LGBT elderly people in Brazil. Method: this is a descriptive-exploratory study using reports published in Brazilian newspapers as a data source. To this end, 28 articles published between the years 2017 and 2021 were analyzed. Data processing was carried out through Descending Hierarchical Classification using the IRAMUTEQ software, with the results displayed in a dendrogram. Results: The elements were grouped into four word classes: double prejudice, adversities faced by transgender elderly women, family life and support network. In these, it appears that the dissemination of information on LGBT old age deals with the double prejudice experienced (ageism and homophobia) in addition to the greater vulnerability faced, loneliness, family abandonment and difficulties in monitoring health. The absence of public policies contributes to the maintenance of such problems. Final considerations: It is urgent to identify the needs of the LGBT elderly public, with health professionals working to promote this and social insertion. It is also necessary to direct actions towards qualified gerontological care, using available technologies to build knowledge and support work in health.

Keywords: Aged; Health of the Elderly; Sexual and Gender Minorities; Mass Media.

 

RESUMEN

Objetivo: revelar el contenido periodístico producido sobre ancianos LGBT en Brasil. Método: se trata de un estudio descriptivo-exploratorio que utilizó como fuente de datos reportajes publicados en periódicos brasileños. Para ello, se analizaron 28 artículos publicados entre los años 2017 y 2021. El procesamiento de datos se realizó mediante Clasificación Jerárquica Descendente utilizando el software IRAMUTEQ, siendo los resultados presentados en un dendrograma. Resultados: Los elementos fueron agrupados en cuatro clases de palabras: doble prejuicio, adversidades enfrentadas por ancianas transgénero, vida familiar y red de apoyo. En estos, parece que la difusión de información sobre la vejez LGBT atiende al doble prejuicio experimentado (edadismo y homofobia) además de la mayor vulnerabilidad enfrentada, la soledad, el abandono familiar y las dificultades en el seguimiento de la salud. La ausencia de políticas públicas contribuye al mantenimiento de tales problemas. Consideraciones finales: Es urgente identificar las necesidades del público anciano LGBT, con profesionales de la salud trabajando para promover esto y la inclusión social. También es necesario orientar las acciones hacia la atención gerontológica calificada, utilizando las tecnologías disponibles para construir conocimiento y apoyar el trabajo en salud.

Palabras clave: Anciano; Salud del Anciano; Minorías Sexuales y de Género; Medios de Comunicación de Masas.


 


INTRODUÇÃO

 

Estudos envolvendo questões relacionadas ao envelhecimento vêm conquistando espaço nas últimas décadas. Tal acontecimento é ocasionado pela ampliação significativa do número de pessoas idosas em todo o mundo, que ocorre de forma acelerada(1). Em contrapartida, o acréscimo de anos à expectativa de vida traz consigo a necessidade de maior atenção e cuidado para com a população mais velha, no intuito de proporcionar maior autonomia, funcionalidade, bem-estar e qualidade de vida(2,3).

Mesmo sendo um grande feito, o envelhecer da população traz desafios e preocupações, estando os teóricos mobilizados para responder as necessidades e exigências do segmento de idade mais avançada, o qual espera receber uma assistência especializada. Em suma, a longevidade é um fenômeno de implicações individuais, que abarca complicadas e desafiadoras decorrências sociais e culturais(4).

Em meio a esse cenário, a sexualidade e o gênero são temas profundamente complexos quando se trata da velhice. A sexualidade é um conjunto de experiências cognitivas e comportamentais que vai muito além do ato sexual, pois envolve afeto, toque, confiança, companheirismo, desejo, intimidade e outros aspectos(5). Faz parte do conjunto das necessidades humanas básicas e, dependendo de como é vivenciada, está associada à manutenção da saúde(6) e qualidade de vida(7). Apesar de alguns declínios fisiológicos provocados pelo envelhecimento, a pessoa idosa continua a vivenciar seus desejos(8).

São muitos os estigmas relacionados a esse fenômeno na velhice. A sociedade não observa a sexualidade da pessoa idosa como algo existente e apropriado(9). Desse modo, o etarismo se agrava ainda mais quando se trata do público gay, lésbico, bissexual e transexual (LGBT), além de outras denominações(10).

De forma geral, a população LGBT em todo seu percurso de vida sofre pela marginalização, discriminação, LGBTfobia, violências, dificuldade no acesso ao mercado de trabalho, à saúde, moradia, lazer e educação. Esses fatores interferem negativamente no processo saúde-doença destes indivíduos(11). Quando se trata de pessoas idosas LGBT, a problemática se torna ainda mais complexa e profunda, somando todos os danos causados pelo preconceito ao fato de ser LGBT e idoso ao mesmo tempo(10).

Comprovadamente, muitos idosos LGBT percebem e vivem o envelhecer como algo negativo, sustentando a noção de que tal velhice é igualmente conturbada e desafiadora, sendo essa concepção acentuada, principalmente, em virtude dos estereótipos existentes acerca das pessoas LGBT. Mesmo àqueles que a vivenciam de forma agradável e prazerosa observam esta fase como confusa, denotando a existência de discrepâncias, particularidades e vulnerabilidade a que estão expostos(12).

Desse modo, o acolhimento e cuidado aos idosos LGBT pelos serviços de saúde devem pautar a prestação de assistência integral e inclusiva, em especial na Atenção Primária, local onde os vínculos e a confiança se constroem(13). Embora haja o interesse crescente sobre a temática, a literatura ainda apresenta muitas lacunas, inclusive na área da saúde, acerca dessa população(14).

Salienta-se que uma das formas de gerar o debate está no acesso ao conhecimento. Percebe-se um crescente interesse pelos meios jornalísticos na veiculação de conteúdos sobre saúde. Os jornais de maior circulação no país (impressos e digitais) contam com espaços destinados ao tema, o que pode facilitar a ampliação da discussão(15). Os meios de comunicação podem ser classificados a partir de três sistemas ou gêneros comunicacionais: Difusão, o qual busca criar um interesse comum por determinados assuntos, adaptando-se ao seu público; Propagação, que organiza e transforma a mensagem para que esta se alastre no grupo social e lhe dá um significado; e Propaganda, que busca reduzir o leque de significações para suavizar o risco de relativização e de livre interpretação dos receptores (16).

Estudos têm sugerido que as notícias da mídia contribuem para as agendas públicas, retóricas oficiais, políticas e formação do senso comum sobre os problemas sociais, direcionando a preferência da opinião pública por determinadas soluções. Sabe-se que a mídia tem grande valor sobre aquilo que é reproduzido em seus meios e propagado à população. Devido ao grande volume de pessoas que se valem destes para passar o tempo, manter-se informadas e evitar adoecimentos de toda ordem, é um espaço relevante para a realidade e expressão de problemas sociais(17), podendo difundir o conhecimento e mais detalhes sobre a velhice LGBT.

Desse modo, a informação jornalística pode ser uma tecnologia de grande valia para profissionais da saúde, especialmente da enfermagem, ampliando os saberes sociais e melhorando o cuidado, permitindo que aprimorem a sensibilidade e conhecimento das necessidades e problemas específicos para este público.

Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo desvelar o conteúdo jornalístico produzido sobre pessoas idosas LGBT no Brasil.

 

MÉTODOS

 

Trata-se de pesquisa documental, de caráter descritivo-exploratório, utilizando como fonte de dados reportagens publicadas em jornais brasileiros. Estes foram selecionados levando-se em conta o grau de circulação a nível nacional, de acordo com o Instituto Verificador de Circulação (IVC) para o ano 2021. Foram escolhidos doze dos jornais com maior circulação no Brasil: O Globo, O Estadão, Folha de São Paulo, Valor Econômico, Zero Hora, A Tarde, Correio do Povo, O Tempo, Estado de Minas, Correio, Super Notícia e Correio Braziliense.

Desse modo, utilizou-se a busca sistemática ao acervo digital no sítio virtual dos jornais supracitados, por meio dos descritores “Idoso LGBT”; “Velhice LGBT” e “Idoso Trans”, às notícias referentes ao assunto publicadas entre janeiro de 2017 e dezembro de 2021. Foram selecionadas apenas reportagens ou notas em colunas, divulgadas neste período, que tratavam exclusivamente do público idoso LGBT, disponibilizadas online integralmente. Excluiu-se todo o material que estivesse fora do período estabelecido para a coleta de dados e/ou que tratasse do tema com outro público ou intuito, além de propagandas e publicidades. Foram realizadas as assinaturas necessárias dos jornais para o acesso completo aos textos. Ressalta-se que este estudo é isento de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa.

As notícias foram selecionadas de acordo com o título, lidas e sistematizadas em planilha digital contendo as seguintes informações: jornal, data de publicação, título, tipo, link para acesso e temática. Foi criado também um arquivo único de texto contendo todas as matérias selecionadas na íntegra, o corpus textual.

Para o tratamento dos dados, utilizou-se o software IRAMUTEQ (Interface de R pour analyses Multidimensionelles de Textes et de Questionnaires), que avalia os conteúdos textuais do corpus e organiza-os através dos elementos considerados mais expressivos. O relatório gerado classificou como relevante 78,72% do material. Para garantir a estabilidade dos resultados, é aceitável a classificação de, pelo menos, 75% das unidades de texto(18).

Nesse estudo, utilizou-se o método da Classificação Hierárquica Descendente – CHD, pelo qual os segmentos de texto são classificados em função dos seus respectivos vocabulários. A partir de matrizes que cruzam segmentos de textos e palavra, obtém-se classificação estável e definitiva, que demonstra as classes resultantes e as organiza em um dendrograma(19).

 

RESULTADOS

 

A pesquisa resultou em 403 matérias. Destas, foram selecionadas 28 que se adequavam aos critérios de inclusão. Com exceção do ano de 2019, que teve 4 notícias selecionadas, todos as outras reportagens foram distribuídas igualmente (6 a cada ano). A maior parte das publicações foram concentradas nos jornais Zero Hora, O Globo e Estadão. No que se refere ao tipo de notícia, observou-se que quase na sua totalidade, as publicações foram do tipo reportagem. Estes achados estão descritos na Tabela 1. Os demais jornais que não estão expostos na referida tabela não tiveram notícias selecionadas para compor a amostra.


 

Tabela 1 - Frequência aproximada das notícias sobre a idosos LGBT, segundo o jornal, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2021.

Notícias selecionadas por jornal

Tipo e n° de Notícias

Zero hora

8 (28,6%)

Reportagem

8

O Globo

6 (21,4%)

Coluna

Reportagem

2

4

Estadão

5 (17,8%)

Reportagem

5

O Tempo

4 (14,4%)

Reportagem

4

Folha de São Paulo

3 (10,8%)

Reportagem

3

Estado de Minas

1 (3,5%)

Reportagem

1

Correio Braziliense

1 (3,5%)

Reportagem

1

     


Na análise do corpus, proveniente das notícias acerca dos idosos LGBT, foram verificadas 23.572 ocorrências de palavras. O corpus foi dividido em 672 unidades de contexto elementar (UCE) e, destas, 529 (78,72% do total de palavras) foram equiparadas por meio de classificações hierárquicas descendentes, indicando o grau de semelhança dos temas das quatro classes que se originaram.

Após o processamento, o corpus foi dividido em dois eixos. O primeiro foi nomeado Obstáculos, formado pelas classes 2 (Duplo preconceito), 3 (Adversidades enfrentadas por idosas transexuais) e 1 (Convívio familiar), totalizando 78,6% do conteúdo de UCE analisadas. O segundo eixo, Facilitadores, é composto pela classe 4 (Rede de apoio), com 21,4% do conteúdo total, conforme apresentado no Dendrograma (quadro 1).

A classe 2 é denominada duplo preconceito e dita sobre as repercussões de quando se é idoso e também LGBT, a mídia revela que esses idosos sofrem de forma dupla. Esse envelhecimento é representado como sendo cheio de desafios, dificuldades e invisibilidade em diversos setores sociais. Sendo esta classe composta por 33,3% do total da amostra textual analisada, teve como palavras de maior destaque “jovem”, “quando”, "voltar'', "aids", “envelhecimento”, “conseguir”, “ainda”, “amigo”.


 

Quadro 1 - Dendrograma da distribuição das notícias acerca de pessoas idosas LGBT na mídia jornalística brasileira. João Pessoa, PB, Brasil, 2022.

 

Fonte: construído pelas autoras com base no Iramuteq.

 


A palavra “jovem” indica uma das representações mais importantes dessa classe. Refere-se ao culto à juventude e ao corpo jovem, com pouca valorização de pessoas idosas, acentuando-se quando estas são LGBT. Este desprezo não ocorre apenas por parte da sociedade em geral, mas também dentro da própria população LGBT, como evidenciam os trechos a seguir:

 

Além dos muitos enfrentamentos que esses homens e mulheres têm no espaço social, eles ainda sofrem com rejeição dentro do grupo, ou seja, gays e lésbicas idosos são frequentemente desprezados ou ignorados por seus pares mais jovens. (Zero hora, 2018, M18).

 

É um choque para as pessoas quando digo que sou idoso e gay, parece que não combina. Até nas propagandas dirigidas ao público homossexual de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo, quem aparece são os jovens. (O Globo, 2018, M5).

 

Os demais termos indicam a intensidade da problemática desvelada nas mídias, mostrando a velhice LGBT como ainda mais dolorosa, com problemas que perduram, incluindo a utilização de termos pejorativos. Mesmo assim, houve evolução positiva deste cenário em relação ao passado, embora muitos idosos necessitem esconder a sexualidade por medo de não receber suporte da família ou de outras instituições, conforme elencado nos recortes adiante.

 

Aqueles que foram estigmatizados por participar da luta pela liberação sexual no início dos anos 1970, agora precisam voltar para o armário se quiserem se proteger, afirma Resende. (O Globo, 2020, M2).

 

Muitos idosos temem terem que voltar para o armário como forma de proteção. (O Tempo, 2017, M25).

 

A mídia destaca que a geração atual de pessoas idosas LGBT vivencia o trauma do HIV/aids, relatando o estigma imposto pela sociedade, além das muitas perdas de amigos próximos. Assim, esta classe ainda revela a necessidade de conquistar respeito, liberdade e superação da marginalização em meio a tantos problemas enfrentados.

No que concerne à classe 3, intitulada lutas e desafios das pessoas idosas transexuais, foi composta por 13,2% das UCE, com palavras de maior destaque “masculino”, “feminino”, “corpo”, “transição”, “informação”, “coragem”, “trans”. Esta classe identifica as especificidades e dificuldades enfrentadas pelas pessoas idosas trans, em especial mulheres, expostas nas notícias selecionadas.

A transição de gênero é um aspecto importante que surgiu na classe 3. É sinalizada enquanto um processo que traz felicidade, satisfação e realização consigo mesmo, mas ao mesmo tempo é relatada como algo doloroso. Dessa forma, esta classe evidencia o medo de realizar a transição nessa fase da vida, bem como temor do preconceito. Destaca-se a importância do acompanhamento profissional nesse processo.

Os vocábulos “masculino”, “feminino” e “corpo” representam problemas que tal população sofre implicados pelas definições de gênero. Mulheres trans idosas acabam sendo invalidadas pela sociedade; a falta de informação sobre a transexualidade é apontada como fator que aprofunda a invisibilidade dessa população, intensifica o preconceito, atrapalha a realização da transição por aqueles que desejam realizá-la, retardando-a. Os trechos a seguir são representativos desta classe:

 

Eu converso com muita gente, muitos ficam tristes porque não conseguem ter a coragem que eu tenho. Eu imagino que seja por causa da homofobia'', conta ela. Também destaca a importância de procurar um acompanhamento de profissionais da saúde (...). “Se tivesse me assumido antes, poderia nem estar viva'', diz idosa trans. “Essa é a minha essência, muitos não aceitam, conta. (Estadão, 2020, M8).

 

Muitas são levadas a desfazer a transição e adotar uma identidade masculina com a qual não se reconhecem. (O Tempo, 2020, M24).

 

Na classe 1, chamada convívio familiar, apresentam-se as informações perpassadas pelas mídias jornalísticas sobre a configuração e o funcionamento das famílias das pessoas idosas LGBT. Representa 32,1% das UCE, que revelam o cenário de convívio familiar geralmente disfuncional, com vínculos rompidos. As expressões “filho”, “mãe”, “pai” e “querer” foram as mais significativas. Estas remetem a situações de reprovação, afastamento, repúdio e tentativas de causar mudanças nessas pessoas ao longo de suas vidas. Já as relações conjugais são identificadas como importantes em suas vidas, sendo fonte de companheirismo, suporte, carinho e partilha.

 

Na pré-adolescência, tentei me suicidar. Não tinha amigos, nem apoio na família. Meu pai tentou de tudo, me colocou no futebol. Pensava que eu tinha que ser forte e ele me via frágil. Minha mãe nunca foi próxima, não me lembro de um carinho. Um dia, me apaixonei por uma mulher e achei que estava curado. Me casei, tivemos uma filha, mas eu sentia que minha vida era um fingimento. Comecei a fazer terapia até que, aos 36 anos, assumi para mim mesmo que era gay. Ainda queria esconder do resto do mundo. Meu maior medo era minha filha, mas ela percebeu antes de todo mundo e um dia me perguntou. Minha hoje ex-mulher nunca me atacou, elas me entenderam. Isso foi muito importante!, disse. (O Globo, 2019, M1).

 

No que tange à classe 4, rede de apoio a pessoas idosas LGBT, retrata os mecanismos considerados importantes para suporte, atendimento e acolhimento às pessoas idosas LGBT, visto que a falta de políticas públicas direcionadas a tal público é um problema marcante, que agrava ainda mais o cenário encontrado. Esta classe acolheu 21,4% das UCE, tendo como palavras mais significativas “ONG”, “EternamenteSou”, “programa”, “organização”, “renda”, “políticas públicas” e “profissionais de saúde”.

As palavras “ONG”, “programa” e “organização” indicam a importância de instituições voltadas para o apoio às necessidades e problemas desta população, já descritos nas classes anteriores. Tais instituições são organizadas de forma independente, na maioria das vezes, sem nenhum apoio do poder público. A mídia as aponta como espaços que permitem que idosos LGBT vivam de uma forma mais humanizada, estabelecendo relações, sociabilidade e interação com outras pessoas da própria comunidade LGBT.

Além disso, prestam acolhimento, dão visibilidade e celebração à cultura LGBT, apoiando a diversidade sexual e de gênero e o acesso a diversos atendimentos, com profissionais capacitados e sensibilizados de diferentes áreas, incluindo o fomento de programas de apoio à geração de renda e empregabilidade, sendo a ONG (Organização não governamental) brasileira EternamenteSou de grande destaque nesse âmbito.

Nos últimos anos, a ONG realizou atividades semelhantes, como a criação de um grupo de canto, a realização de um café da tarde mensal para troca de experiências entre os idosos e o lançamento do seminário Velhices LGBT.  (Zero Hora, 2020, M15).

 

Especialistas e ativistas afirmam que o envelhecimento de pessoas LGBT no país é invisível, pouco debatido ou valorizado. Faltam dados, há desconhecimento por parte de profissionais, não existem políticas públicas. (O Globo, 2018, M3).

 

Os profissionais de saúde são identificados como agentes importantes nessa rede de apoio. Paradoxalmente, as matérias expõem a falta de conhecimento sobre as pessoas idosas LGBT e suas necessidades, bem como a falta de capacitação para um atendimento holístico, integral e sensibilizado. Referem a necessidade de inserir a temática nos serviços de saúde.

 

DISCUSSÃO

 

O sentido produzido nas matérias analisadas acerca do conteúdo jornalístico produzido sobre pessoas idosas LGBT no Brasil traz à tona as ideias que tratam sobre a dupla discriminação sofrida: uma é ocasionada pelo etarismo e a outra pela homofobia. Nesse contexto, aponta problemas em diversas áreas da vida desses idosos, incluindo a autoaceitação, o convívio social e familiar, as expressões de gênero e vivência da sexualidade, além da renda e empregabilidade. Revelou, também, que tudo isso requer a formação de uma rede de apoio preparada para atender essas e outras necessidades.

Os resultados desse estudo sugerem que os argumentos das notícias retratam os desdobramentos para dirimir o preconceito sofrido por pessoas idosas LGBT, conforme aponta a classe 2. O duplo preconceito, por estar na velhice e ser LGBT, é uma representação observada na sociedade já descrito por diversos autores(20,10).

Alguns estudos(11,21) verificaram a compreensão da solidão, do sofrimento e da exclusão social vivenciada por longevos gays. Por esse motivo, discorrem sobre a importância da difusão de ideias acerca do direito ao respeito, à liberdade e ao cuidado para estes idosos. Isso sugere que os problemas reconhecidos na sociedade são apontados pela mídia como recorrentes.

As matérias jornalísticas sobre o tema tratam da solidão e do isolamento social como aspectos marcantes na velhice LGBT. Esse estereótipo é também um dos mais presentes na literatura, o que destaca a magnitude da realidade vivenciada(12). Para não sofrer preconceito, muitas das pessoas idosas LGBT acabam tendo que isolar-se(20).

Para além da sociedade em geral, a solidão e o preconceito acontecem muitas vezes dentro da própria população LGBT. Os idosos são vistos por estereótipos do corpo físico envelhecido que já não atende aos padrões, como também na busca por sexo fazendo uso de dinheiro(9). Nesse sentido, é possível notar relação entre a literatura e os resultados do presente estudo, que apontam a utilização de termos pejorativos para tratar as pessoas idosas LGBT até mesmo entre estes.

Tendo em vista todo o preconceito e problemas enfrentados pelas pessoas idosas LGBT, a mídia expõe que suas vivências de sexualidade e de gênero são dificultadas. Com isso, deixam de usufruir dos benefícios que tais experiências podem agregar à velhice, visto que a vivência da sexualidade proporciona benefícios à saúde mental e qualidade de vida(7).

Visto isso, um dos aspectos abordados que mereceu destaque na mídia relacionou-se a relevância que a transição de gênero tem na vida das pessoas idosas trans, conforme expos a classe 3. O processo transexualizador ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS) permite acesso à equipe multiprofissional, procedimentos de hormonização e cirurgias de modificações corporais e genitais a mulheres e homens transexuais e travestis.

Apesar de ser um direito assegurado legalmente, muitos são os desafios que dificultam o acesso a estes serviços. Alguns deles foram identificados e discutidos por um estudo(22), o qual apontou que a distribuição geográfica dos hospitais habilitados para procedimentos cirúrgicos e dos serviços ambulatoriais é bastante limitada e concentrada na região sudeste do Brasil, além de serem praticamente inexistentes em municípios do interior dos estados.

Some-se a isso a discriminação e transfobia que ocorrem nos serviços de saúde, que se configura como mais um obstáculo. Na prática, isso reverbera na negação da utilização de nome social e de pronomes de tratamento adequados(22). Esse fato conjectura com os achados do presente estudo, visto que a mídia retrata o medo por parte das pessoas idosas LGBT de realizarem a transição e o cenário de discriminação nos serviços de saúde, que acaba por afastar os usuários e usuárias dos mesmos.

Verificou-se nos achados da classe 1 que as notícias destacam, principalmente, a relação familiar fragilizada devido a homossexualidade, tornando os vínculos escassos e os laços rompidos para os idosos LGBT. Desse modo, sugerem a influência negativa e as perdas que o preconceito e o abandono familiar podem causar na vida dessas pessoas.

Salienta-se que a família tem papel de grande importância para pessoas idosas, relacionado ao cuidado, proteção e afetividade(23). Quando o sistema familiar é afetado negativamente, pode ocorrer desdobramentos na qualidade de vida e autonomia. Estudo conduzido com idosos brasileiros constatou que quando estes estão inseridos em um contexto de disfunção familiar, apresentaram pior qualidade de vida quando comparados àqueles em famílias funcionais(24).

A realidade da escassez de uma rede de apoio ofertada às pessoas idosas LGBT foi algo presente nas matérias selecionadas, conforme destacou a classe 4. A insuficiência de políticas públicas voltadas para essa população é um fator central para o cenário atual. Ações para acolhimento são necessárias, visto a problemática advinda do duplo preconceito(25). Nesse interim, o papel dos profissionais da saúde também foi pontuado, revelando grande dificuldade no atendimento. Preconceito e falta de conhecimento sobre o público é rotineiro em serviços de saúde. Muitos profissionais não consideram aspectos relacionados à sexualidade e ao gênero na sua prática assistencial, tendo o foco do atendimento nas patologias(26). Essa realidade colabora para o agravamento da vulnerabilidade das pessoas idosas LGBT(13).

Em meio a ambientes inseguros e pouco acolhedores aos idosos LGBT, algumas instituições foram criadas ao redor do mundo para suprir as necessidades desse público, sendo elas, em sua maioria, organizações não-governamentais. No Brasil, destaca-se a ONG EternamenteSou. Busca desmistificar e ampliar sua atuação para todas as velhices, buscando dar visibilidade ao assunto e promover atividades que favorecem laços afetivos, autonomia, independência e empoderamento aos idosos LGBTI+ invisibilizados nas políticas públicas, incluindo acompanhamento da saúde por equipes multidisciplinares(10).

Nesse contexto, a importância das pessoas idosas LGBT vivenciarem a autonomia da sua sexualidade, sobretudo na velhice, implicará em um envelhecer mais leve, saudável e com qualidade de vida. Para tanto, é preciso romper com o modelo de cuidado ofertado nos serviços de saúde, altamente excludente no que concerne à diversidade sexual e de gênero na terceira idade, e considerar as especificidades e necessidades de cada população.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O estudo evidenciou como a mídia jornalística repercutiu a velhice LGBT no período estudado, desvelando os problemas e desdobramentos advindos do duplo preconceito voltado a esse público. Destaca-se a solidão, o isolamento social, o abandono familiar e o medo de expressar e viver sua sexualidade como temas significativos abordados nas matérias. Salienta, ainda, o sofrimento e o medo acentuado quando se trata das mulheres transexuais idosas.

As vivências sociais e culturais mantêm influência direta no processo de envelhecimento LGBT. O estudo percebeu a inserção destes em contextos de hostilidade ao longo da vida, muitas vezes agravada quando se torna velho pelo etarismo e LGBTfobia. Nesta perspectiva, é indispensável conhecer os problemas vivenciados por tal público, sendo o debruçamento da mídia uma grande contribuição para diversas áreas do conhecimento.

Para os trabalhadores da saúde, é importante identificar as necessidades e potencialidades de tal público, atuando na promoção da saúde e inserção social, principalmente no enfoque específico de cada tipo de orientação sexual e identidade de gênero, sem esquecer os recortes socioeconômicos e raciais que aprofundam ainda mais as iniquidades. As necessidades apontadas para a população idosa LGBT indicam que o fenômeno carece de ações dirigidas ao cuidado gerontológico qualificado, reacendendo a indispensabilidade de ressignificar as ações de atenção ao longevo, como também utilizar das mais diversas tecnologias para construir conhecimento e apoiar o trabalho na saúde.

 

 

REFERÊNCIAS

 

  1. Simões CCS. Relações entre as alterações históricas na dinâmica demográfica brasileira e os impactos decorrentes do processo de envelhecimento da população. IBGE; 2016.
  2. Chang AY, Skirbekk VF, Tyrovolas S, Kassebaum NJ, Dieleman JL. Measuring population ageing: an analysis of the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet Public Health [Internet]. 2019 [cited 2023 Feb. 12]; 4(3):e159–67. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2468266719300192.

 

  1. Rocha JA. O envelhecimento humano e seus aspectos psicossociais. Rev Farol. 2018;6(6):77–89.
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Contribuição dos autores

Todos os autores contribuíram substancialmente na obtenção na análise, interpretação dos dados, redação, revisão crítica e aprovação final da versão publicada.