ARTIGO ORIGINAL

 

COMPLICAÇÕES DE FERIDAS OPERATÓRIAS EM ADULTOS COM DIAGNÓSTICO DE SARCOMAS ÓSSEOS E DE PARTES MOLES

 

COMPLICATIONS OF SURGICAL WOUNDS IN ADULTS DIAGNOSED WITH BONE AND SOFT TISSUE SARCOMAS

 

COMPLICACIONES DE LAS HERIDAS QUIRÚRGICAS EN ADULTOS DIAGNOSTICADOS DE SARCOMAS DE HUESOS Y TEJIDOS BLANDOS

 

https://doi.org/10.31011/reaid-2024-v.98-n.4-art.2189

 

1Sara Soares Ferreira da Silva

2Raquel Ferreira de Menezes

 

1Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-8754-4438

2Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-8617-9467

 

Autor correspondente

Sara Soares Ferreira da Silva

Praça da Cruz Vermelha, nº 23, Rio de Janeiro, Brasil. CEP: 20230-130. Telefone: +55(021) 97284-3011.
E-mail: sarasoares.enfermeira@gmail.com.

 

Submissão: 24-02-2024

Aprovado: 17-11-2024

 

RESUMO

Introdução: Os sarcomas ósseos e de partes moles constituem um grupo de doenças heterogêneas e com caráter de raridade. Dentre as modalidades de tratamento, a cirurgia oncológica possui suma importância e pode cursar com desfechos negativos, como as complicações de feridas operatórias. Objetivo: identificar as principais complicações de feridas operatórias de cirurgias oncológicas para o tratamento de sarcomas ósseos e de partes moles em adultos. Método: estudo de coorte retrospectivo realizado com dados secundários. O cenário do estudo foi um instituto de referência nacional em oncologia do município do Rio de Janeiro. Foram incluídos pacientes adultos submetidos à cirurgia oncológica como tratamento para sarcomas ósseos e de partes moles no período de 2018 a 2023. Foram realizadas análises bivariadas e de regressão logística multivariada. Resultados: Foram analisados 152 prontuários. O perfil sociodemográfico apresentou maioria dos participantes do sexo masculino, de tempo de estudo superior a 8 anos de estudo e moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro. O diagnóstico predominante foi sarcoma de partes moles e 44,7% dos pacientes apresentaram complicações de feridas operatórias, sendo sinais flogísticos, necrose e deiscência as mais comuns. Sarcomas de partes moles, tratamento neoadjuvante e fechamento da ferida por segunda intenção foram fatores associados às maiores chances de complicações. Conclusão: Foram evidenciados fatores que impactam a cicatrização de feridas operatórias na população estudada possibilitando a elaboração de estratégias para o aperfeiçoamento assistencial.

Palavras-chave: Sarcoma; Cicatrização; Complicações Pós-Operatórias; Oncologia Cirúrgica.

 

ABSTRACT

Introduction: Bone and soft tissue sarcomas are a group of heterogeneous and rare diseases. Among the treatment modalities, oncological surgery is extremely important and can have negative outcomes, such as surgical wound complications. Aim: to identify the main complications of surgical wounds in oncological surgeries for the treatment of bone and soft tissue sarcomas in adults. Method: A retrospective cohort study using secondary data. The study setting was a national reference institute for oncology in the city of Rio de Janeiro. Adult patients undergoing oncological surgery as treatment for bone and soft tissue sarcomas between 2018 and 2023 were included. Bivariate and multivariate logistic regression analyses were carried out. Results: 152 medical records were analyzed. The sociodemographic profile showed that the majority of participants were male, had more than 8 years of schooling and lived in the metropolitan region of Rio de Janeiro. The predominant diagnosis was soft tissue sarcoma and 44.7% of the patients had complications from surgical wounds, with phlogistic signs, necrosis and dehiscence being the most common. Soft tissue sarcomas, neoadjuvant treatment and wound closure by second intention were factors associated with higher chances of complications. Conclusion: Factors impacting on the healing of surgical wounds in the study population were identified, enabling the development of strategies for improving care.

Keywords: Sarcoma; Wound Healing; Postoperative Complications; Surgical Oncology.

 

RESUMEN

Introducción: Los sarcomas de hueso y tejidos blandos constituyen un grupo de enfermedades heterogéneas y raras. Entre las modalidades de tratamiento, la cirugía oncológica es extremadamente importante y puede tener resultados negativos, como complicaciones de las heridas quirúrgicas. Objetivo: identificar las principales complicaciones de las heridas quirúrgicas provenientes de cirugías oncológicas para el tratamiento de sarcomas óseos y de tejidos blandos en adultos. Método: estudio de cohorte retrospectivo realizado con datos secundarios. El escenario del estudio fue un instituto de referencia nacional en oncología de la ciudad de Río de Janeiro. Se incluyeron pacientes adultos sometidos a cirugía oncológica como tratamiento de sarcomas de hueso y tejidos blandos entre 2018 y 2023. Se realizaron análisis de regresión logística bivariados y multivariados. Resultados: Se analizaron 152 historias clínicas. El perfil sociodemográfico mostró que la mayoría de los participantes eran hombres, con más de 8 años de estudio y residentes en la región metropolitana de Río de Janeiro. El diagnóstico predominante fue sarcoma de tejidos blandos y el 44,7% de los pacientes tuvieron complicaciones de las heridas quirúrgicas, siendo los signos flogísticos, necrosis y dehiscencia los más comunes. Los sarcomas de tejidos blandos, el tratamiento neoadyuvante y el cierre de la herida por segunda intención fueron factores asociados con mayores posibilidades de complicaciones. Conclusión: Se destacaron factores que impactan la cicatrización de las heridas quirúrgicas en la población estudiada, permitiendo desarrollar estrategias para mejorar la atención.

Palabras clave: Sarcoma; Cicatrización de Heridas; Complicaciones Posoperatorias; Oncología Quirúrgica.

 

INTRODUÇÃO

O câncer representa uma importante problemática no cenário mundial. Com o aumento de sua incidência, morbidade e seu relevante impacto econômico, a doença se constitui como temática prioritária no âmbito da saúde(1). As estimativas epidemiológicas apontam que, para os anos de 2023 a 2025, são previstos 704 mil novos casos de câncer, com taxas brutas de incidência de 325,53 casos a cada 100 mil habitantes em todo o Brasil(2).

Apesar dos números expressivos, há tumores com relevante caráter de raridade. Dentre eles, destacam-se os sarcomas ósseos e de partes moles que, em 2023, nos Estados Unidos da América, representaram 0,2% de todos os novos casos de câncer diagnosticados no país com aproximadamente 3.970 novos casos(3).

No que tange a realidade brasileira, os estudos epidemiológicos se apresentam de forma escassa. Contudo, um estudo retrospectivo realizado com adultos jovens (15-29 anos) identificou a mediana das taxas de incidência ajustadas por idade, para tumores ósseos, de 11,25 por milhão em um período de oito anos(4).

O tratamento depende intrinsecamente do tamanho do tumor, tipo histológico e localização, além de demais fatores, e pode ser realizado através da ressecção cirúrgica, quimioterapia e radioterapia. É importante salientar que a radioterapia e a quimioterapia são realizadas na modalidade neoadjuvante, isto é, previamente à abordagem cirúrgica visando a diminuição do volume do tumor, ou de forma adjuvante, após a abordagem cirúrgica e com o objetivo de eliminar micrometástases e impedir a recidiva da doença(5-7).

A abordagem cirúrgica pode ocorrer de maneira conservadora, de forma a preservar o membro, ou como desarticulação ou amputação, sendo as últimas empregadas quando não é possível o alcance da eliminação total das células neoplásicas sem o comprometimento de estruturas nobres, como exemplo, feixes neurovasculares(5-8). Por se tratar de cirurgia de grande complexidade em todo o período perioperatório, são necessários estudos voltados à compreensão dos eventos envolvidos nesse processo.

Dentre os diversos fatores relacionados ao período perioperatório, a cicatrização completa da ferida operatória representa grande relevância para concretização do processo terapêutico de forma bem-sucedida. Nesta etapa, podem ocorrer complicações que retardam a finalização da cicatrização, gerando novas internações hospitalares, algias e repercussões emocionais que por sua vez geram comprometimento da qualidade de vida do indivíduo(9).

Diante da escassa literatura acerca da relevante temática, o presente estudo tem como objetivo identificar as principais complicações de feridas operatórias de cirurgias oncológicas para o tratamento de sarcomas ósseos e de partes moles em adultos.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo realizado a partir de dados secundários originados de prontuários físicos e eletrônicos dos pacientes submetidos a cirurgia oncológica como tratamento para sarcomas ósseos e de partes moles. O cenário do estudo foi um instituto federal de referência em oncologia localizado no município do Rio de Janeiro.

A amostra foi composta por pacientes submetidos a procedimento cirúrgico no período de janeiro de 2018 a janeiro de 2023 e que foram acompanhados pelo serviço de tecido ósseo e conectivo posteriormente à cirurgia. O levantamento destes pacientes foi realizado a partir de registros internos do serviço contendo os procedimentos cirúrgicos realizados a cada ano. A partir destes dados, foram avaliados o laudo histopatológico de cada indivíduo e o procedimento cirúrgico realizado.

Foram incluídos no estudo indivíduos com idade a partir de 18 anos, de ambos os sexos e com diagnóstico de neoplasia maligna dos ossos e cartilagens articulares ou neoplasia maligna do tecido conjuntivo e de outros tecidos moles, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID). Foram excluídos 197 pacientes, sendo estes devido à ausência significativa de informações nos registros (52), cirurgias com o propósito de revisões ortopédicas (34), neoplasias benignas ou ausência de neoplasia (44), óbitos no pós-operatório imediato relaciona dos à doença de base ou complicações intraoperatórias (03), idade inferior a 18 anos (05) e ocorrência de recidiva local sem a finalização completa do processo de cicatrização da ferida operatória (59). A exclusão por recidiva local nestes termos ocorreu devido ao possível fator de confusão associado.

Foram levantados os dados referentes às seguintes variáveis sociodemográficas: idade, sendo calculada a idade apresentada na data da cirurgia; sexo biológico; escolaridade, conforme anos de estudo, e região de moradia. A variável região de moradia foi classificada de acordo com as seguintes categorias: 1) zona geográfica equivalente, quando o local de moradia pertencia à mesma zona geográfica do Instituto (zona central do município do Rio de Janeiro); 2) periferia, quando o local de moradia pertencia às demais zonas geográficas do município do Rio de Janeiro (zonas norte, sul e oeste); 3) região metropolitana, quando o local pertencia aos municípios convencionados como pertencentes à região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro e 4) demais regiões intermediárias, referindo-se aos locais posteriores ao território da região metropolitana.

As seguintes variáveis clínicas gerais foram incluídas no estudo: comorbidades; índice de massa corpórea (IMC), conforme a faixa etária; escore da Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Paciente - ASG PPP; tabagismo e etilismo. No que se refere ao IMC, as categorias de obesidade foram unificadas por apresentarem o número amostral ínfimo e por não interferirem na classificação do IMC do grupo de idosos.

Ainda, foram analisadas variáveis relacionadas ao contexto oncológico e ao processo cirúrgico, a saber: diagnóstico confirmado por laudo histopatológico; existência de abordagem neoadjuvante ou adjuvante; descrição das margens da ferida operatória evidenciada em laudo histopatológico; data da cirurgia; data da alta hospitalar; data da finalização do processo de cicatrização e complicações da cicatrização da ferida operatória. É fundamental destacar que as complicações descritas nos registros dos profissionais assistenciais foram incluídas no estudo de forma literal, sem interpretações ou extrapolações.

A coleta de dados ocorreu no período de julho a setembro do ano de 2023. Os dados foram registrados em instrumento semiestruturado e tabulados em planilha do software Excel. Posteriormente, foram analisados com o software R Studio, versão 4.2.2.

A fim de conhecer e explorar os dados, foram realizadas as frequências absolutas e relativas, além das medidas de tendência central. Em seguida, foi conduzida análise bivariada das variáveis visando testar a independência entre si.

A análise exploratória foi realizada com a totalidade dos indivíduos incluídos no estudo, contudo, nas análises bivariada e multivariada não foram incluídos os casos em que foi desconhecida a data da cicatrização da ferida operatória. Além disso, para avaliar a associação estatisticamente significativa entre as variáveis dependentes e independentes, foi empregado o teste de independência qui-quadrado de Pearson. O nível de significância adotado foi de 5%. Depois, conduziu-se uma análise paramétrica com a estimação da Odds Ratio (OR), devido à raridade da doença com consequente tamanho reduzido da amostra, tornando inviável a análise de incidência e risco relativo.

O estudo foi submetido ao comitê de ética em pesquisa, conforme CNS nº466/2012, sendo aprovado no dia 2 de abril de 2023 e representado pelo CAAE nº67789523.8.0000.5274 e parecer de aprovação nº6.081.500, recebendo isenção quanto ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS

Foram analisados 152 pacientes diagnosticados com sarcoma ósseo e de partes moles, submetidos a tratamento cirúrgico nos anos de 2018 a 2023 (2018=31; 2019=36; 2020=36; 2021=26; 2022=20 e 2023=3). A média de idade foi de 50,57 (desvio padrão:18,32).

Dentre esses, 84 (55,3%) não apresentaram complicações de ferida operatória, 54 (35,5%) apresentaram entre de 1 a 3 complicações e 14 (9,2%) apresentaram mais do que 3 complicações.

O perfil sociodemográfico demonstrou que a amostra foi composta majoritariamente por indivíduos do sexo masculino, de raça/cor pretos e pardos, residentes na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro e com tempo de estudo superior a 8 anos, no entanto, um número significativo apresentava até 8 anos de estudo.

            O diagnóstico predominante foi o de sarcoma de partes moles. No que diz respeito às comorbidades, um grande percentual apresentou hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, além disso, o tabagismo foi identificado em 27,2% da população e o etilismo em 21,4%. Os resultados detalhados são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 — Caracterização sociodemográfica e clínica de pacientes submetidos à cirurgia oncológica para tratamento de sarcomas ósseos e de tecidos moles. Rio de Janeiro, Brasil, 2023.

Variáveis

N

%

Sexo

 

 

Masculino

82

54

Feminino

70

46

Escolaridade (anos de estudo)

 

 

Nenhum

5

3,3

Até 8 anos

63

41,4

Acima de 8 anos

84

55,3

Raça-cor autodeclarada

 

 

Branca

63

43,2

Pretos e pardos

83

56,8

Local de moradia

 

 

Zona geográfica equivalente

3

2,1

Periferia

52

35,6

Região metropolitana

65

45,0

Demais regiões intermediárias

26

17,8

Diagnóstico oncológico

 

 

Sarcoma de partes moles

122

80,3

Sarcoma ósseo

30

19,7

Performance status

 

 

0

15

15,9

1-2

74

78,7

3-4

5

5,3

Comorbidades

 

 

Hipertensão arterial sistêmica

88

59,0

Diabetes mellitus

30

20,1

Outras comorbidades

27

17,7

Tabagismo

 

 

Tabagista

41

27,2

Não tabagista

110

72,8

Etilismo

 

 

Etilista

30

21,4

Não etilista

110

78,6

Índice de massa corpórea

 

 

Baixo peso

14

11,7

Eutrofia

44

36,7

Sobrepeso

35

29,2

Obesidade

27

22,5

ASG-PPP

 

 

A

81

53,3

B

33

21,7

C

01

0,7

Não informado

37

24,3

Indicação de acompanhamento pela equipe de nutrição

 

 

Não

135

88,8

Sim

17

11,2

Localização do Tumor

 

 

Membros superiores

33

21,7

Membros inferiores

83

54,6

Pelve

20

13,2

Outros

16

10,5

Fonte: autores (2023).

Quanto aos aspectos relacionados ao tratamento oncológico, o procedimento cirúrgico mais frequente foi a ressecção do tumor de forma conservadora, seguido pela desarticulação ou a amputação. Ademais, as margens perilesionais sem evidência de doença (margens livres) foram alcançadas no processo cirúrgico na maior parte dos casos. As informações são apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 — Caracterização do tratamento oncológico de pacientes com sarcomas ósseos e de partes moles. Rio de Janeiro, Brasil, 2023.

Variáveis

N

%

Procedimento cirúrgico

 

 

Ressecção de tumor

105

69,1

Amputação ou desarticulação

27

17,8

Cirurgia envolvendo reconstrução

11

7,2

Linfadenectomia

02

1,3

Ampliação de margens

07

4,6

Margens cirúrgicas

 

 

Livres

117

81,3

Comprometidas

27

18,8

Reabordagem cirúrgica

 

 

Sem reabordagem

145

95,4

Com reabordagem

07

4,6

Terapia neoadjuvante

 

 

Não

101

66,5

Sim

51

33,5

Terapia adjuvante

 

 

Não

112

73,7

Sim

40

26,3

Regime de neoadjuvância adotado

 

 

Quimioterapia isolada

21

39,6

Radioterapia isolada

31

58,5

Quimioterapia e radioterapia

01

1,9

Regime de adjuvância adotado

 

 

Quimioterapia isolada

29

78,4

Radioterapia isolada

07

18,9

Quimioterapia e radioterapia

01

2,7

Fonte: autores (2023).

Os pacientes estudados obtiveram mediana de tempo de cicatrização das feridas operatórias de 30,5 dias (média=70; dp=59,5). A complicação mais reportada foi da categoria sinais flogísticos (rubor, calor, edema e dor). A complicação necrose foi a segunda mais frequente (n=32; 21,1%). A distribuição das complicações apresentadas é detalhada na Tabela 3.

 

Tabela 3 — Principais complicações evidenciadas em feridas operatórias de pacientes submetidos à cirurgia oncológica para o tratamento de sarcomas ósseos e de partes moles. Rio de Janeiro, Brasil, 2023.

Variável

n

%

Sinais flogísticos

42

27,6

Necrose

41

26,9

Deiscência

29

19,1

Hipergranulação

17

11,1

Infecção

14

9,2

Seroma

10

6,5

Odor

06

3,9

Sangramento

05

3,3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: autores (2023).

 

Conforme a análise bivariada, foi possível identificar que as variáveis sociodemográficas se apresentaram como independentes em relação ao desfecho de apresentação de complicações de ferida operatória. Contudo, o diagnóstico oncológico e a localização anatômica se apresentaram como dependentes. Demais informações são apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4 — Análise bivariada segundo a ocorrência de complicações de ferida operatória em pacientes submetidos à cirurgia oncológica para o tratamento de sarcomas. Rio de Janeiro, Brasil, 2023.

Variável

Complicações de

ferida operatória

p valor

Não

Sim

n

%

n

%

Raça

 

 

0,331

Branca

29

37,7

28

47,5

Pretos e pardos

48

62,3

31

52,5

Sexo

 

 

0,051

Feminino

44

55

23

37,1

Masculino

36

45

39

62,9

Moradia

 

 

0,289

Zona equivalente

2

2,6

0

0

Periferia

24

31,6

26

41,9

Metropolitana

33

43,4

27

43,5

Demais regiões

17

22,4

9

14,5

Escolaridade

 

 

0,721

Nenhuma

3

3,8

2

3,2

Até 8 anos de estudo

32

40,0

29

46,8

Acima de 8 anos de estudo

45

56,3

31

50

Comorbidades

 

 

0,351

Não

41

51,2

26

41,9

Sim

39

48,8

36

58,1

Hipertensão Arterial

47

61,0

34

54,8

0,573

Não

30

39,0

28

45,2

 

Sim

47

61,0

34

54,8

 

Diabetes Mellitus

 

 

 

 

0,530

Não

64

83,1

48

77,4

Sim

13

16,9

14

22,7

Tabagismo

 

 

 

 

0,318

Não

61

76,2

41

67,2

Sim

19

23,8

20

29,5

Etilismo

 

 

 

 

0,066

Não

67

84,4

43

70,5

Sim

12

15,2

18

29,5

Índice de massa corpórea

 

 

 

 

0,143

Baixo peso

11

17,5

2

4,2

Eutrofia

23

36,5

19

39,6

Sobrepeso

14

22,2

16

33,3

Obesidade

15

23,8

11

22,9

ASG-PPP

 

 

 

 

0,144

A

44

77,2

31

63,3

 

B

12

21,1

18

36,7

 

C

1

1,8

0

0

 

Diagnóstico oncológico

 

 

 

 

0,030

Sarcoma de partes moles

58

72,5

55

88,7

Sarcoma ósseo

22

27,5

7

11,3

Localização anatômica

 

 

 

 

0,009

Membro superior

24

30,0

8

12,9

Membro inferior

41

51,2

38

61,3

Pelve

5

6,2

12

19,4

Outros

10

12,5

4

6,5

Lateralidade

 

 

 

 

0,091

Bilateral

0

0

1

1,8

Direito

39

50

19

33,3

Esquerdo

39

50

37

64,9

Performance status

 

 

 

 

0,851

0

7

14,0

7

18,4

 

1-2

40

80,0

29

76,3

 

3-4

3

6

2

5,3

 

Tratamento neoadjuvante

 

 

 

 

0,047

Não

59

73,8

35

56,5

Sim

21

26,2

27

43,5

Tratamento adjuvante

 

 

 

 

0,728

Não

60

75,0

44

78,0

Sim

20

25,0

18

29,0

Tipo de fechamento da ferida

 

 

 

 

<0,001

Primeira intenção

79

98,8

40

64,5

Segunda intenção

1

1,2

22

35,5

Reabordagem cirúrgica

 

 

 

 

0,015

Não

80

100

56

90,3

Sim

0

0

6

9,7

Indicação de acompanhamento pela equipe de nutrição

 

 

 

 

<0,001

Não

79

98,8

49

79,0

Sim

1

1,2

13

21,0

Fonte: autores (2023).

No que concerne à análise multivariada, foi identificado que as variáveis localização anatômica e reabordagem do sítio cirúrgico não mantiveram a significância estatística da análise bivariada.

Todavia, a análise multivariada demonstrou que o diagnóstico de sarcoma de partes moles (OR 5,77 p<0,009) e o fechamento da ferida por segunda intenção (OR 4,09, p=<0,001) apresentaram-se como fatores associados ao maior risco de desenvolvimento de complicações cicatriciais. Ainda, indivíduos que receberam tratamento neoadjuvante apresentam três vezes maiores chances de desenvolverem complicações cicatriciais (OR 3,59 p=0,008). As informações encontram-se especificadas na Tabela 5.

 

Tabela 5 — Análise multivariada segundo a ocorrência de complicações de ferida operatória em pacientes submetidos à cirurgia oncológica para o tratamento de sarcomas. Rio de Janeiro, Brasil, 2023.

Variável

Complicações de ferida operatória

Análise multivariada

Não

%

Sim

%

p-valor

OR

Diagnóstico

 

 

 

 

 

 

Sarcoma de partes moles

58

72,5

55

88,7

0,009

5,77

Sarcoma ósseo

22

27,5

7

11,3

Localização anatômica

 

 

 

 

 

 

Membros superiores

24

30,0

8

12,9

0,82

1,16

Membros inferiores

41

51,2

38

61,3

0,32

4,51

Pelve

5

6,2

12

19,4

0,88

1,14

Outros

10

12,5

4

6,5

 

 

Tratamento Neoadjuvante

 

 

 

 

 

 

Não

59

73,8

35

56,5

0,008

3,59

Sim

21

26,2

27

43,5

Classificação da ferida cirúrgica

 

 

 

 

 

 

1ª intenção

79

98,8

40

64,5

<0,001

 4,09

2ª intenção

1

1,2

22

35,5

Reabordagem cirúrgica

 

 

 

 

 

 

Não

80

100

56

90,3

0,98

 7,05

Sim

0

0

6

9,7

Indicação de acompanhamento pela equipe de nutrição

 

 

 

 

 

 

Não

79

98,8

49

79

0,15

 5,25

Sim

1

1,2

13

21

Fonte: autores (2023).

Legenda: OR - Odds Ratio.

 

DISCUSSÃO

O presente estudo aborda as principais complicações identificadas em feridas cirúrgicas de 152 pacientes adultos após ressecção de sarcomas ósseos ou de partes moles, além de descrever as características sociodemográficas e clínicas desses indivíduos.

A respeito do perfil sociodemográfico, a população deste estudo apresentou média de idade de 50,5 anos, sendo a maioria pertencente ao sexo masculino, raça/cor pretos e pardos e tempo de estudo superior a 8 anos completos. A literatura aponta dados semelhantes em populações majoritariamente do sexo masculino (52,7 a 59,5%) e com média de idade de 58,8 anos (DP:2,8)(10-17).

Os estudos, em sua maioria, não abordaram a variável raça/cor. No entanto, em estudo realizado com população do sul do Brasil foi evidenciada maioria de raça/cor branca (93,24%), assim como estudo estadunidense que indicou 76,3% do grupo estudado com a mesma característica(11,15).

Quanto ao nível de escolaridade, foi evidenciado por Moreira que a maioria dos participantes possuía somente 8 anos de estudo(15). Contudo, corroborando com os achados aqui descritos, o estudo de Silva reportou maioria de participantes com tempo de estudo de mais de oito anos(18).

A produção científica voltada ao período de pós-operatório de pacientes com sarcomas é predominantemente realizada com população com o diagnóstico de sarcoma de partes moles, sendo escassa a literatura que abrange ambos os tipos de sarcomas. Todavia, estudos desenvolvidos com ambos os grupos evidenciam maioria com o diagnóstico de sarcomas de partes moles, entre 54 e 95%, corroborando com este estudo em que o sarcoma de partes moles representou 80,3% dos diagnósticos da população estudada(10,12-13,15-16). Entretanto, os sarcomas ósseos também são encontrados com altos percentuais em estudos voltados exclusivamente aos sarcomas de membros inferiores (45 a 55,1%)(10,18).

Dentre as regiões anatômicas acometidas pela neoplasia, os membros inferiores foram os mais relevantes (54,6%), seguidos pelos membros superiores (21,7%). Semelhantemente, dentre os estudos que incluem todos os sítios anatômicos, as regiões mais comprometidas foram os membros inferiores, membros superiores e pelve(11,15).

No que tange o tipo de cirurgia empregada, a maioria dos indivíduos foi submetida à abordagem conservadora, sendo a amputação ou desarticulação a segunda abordagem mais comum. A literatura corrobora com este achado, revelando percentuais entre 54,9 a 90,2% de cirurgias conservadoras e amputações com percentuais com variações entre 8,6 a 19,8%. É importante ressaltar que um estudo brasileiro evidenciou frequência relativa de 64,5% de amputações em seu grupo amostral, mostrando-se um estudo divergente dos achados internacionais(10-13,18).

As margens cirúrgicas sem evidência de células neoplásicas foram predominantes neste estudo (81,3%). Somente dois estudos, um chinês e um europeu, abordaram tal variável e encontraram tal característica em 96,8% e 84,8% das cirurgias, respectivamente(14,17).

Nesta pesquisa, 44,7% dos pacientes apresentaram complicações de ferida cirúrgica. A ocorrência dessas complicações foi observada na grande maioria dos estudos, com percentuais variando entre 4,7% e 59,7%(10-18).

Além disso, evidenciou-se que pacientes com sarcomas ósseos possuem maiores chances de cursar com complicações de feridas cirúrgicas (OR:5,77). Apesar disso, um estudo similar não evidenciou tal associação (p=0,82)(12).

Dentre a população deste estudo, 51,7% apresentou sobrepeso ou obesidade. O estudo de Montgomery, realizado com pacientes com diagnóstico de sarcomas de partes moles, demonstrou que indivíduos categorizados como não obesos apresentaram menores dificuldades no processo cicatricial do que os categorizados como obesos (OR: 3,66; p=0,003), divergindo deste estudo em que não foi demonstrada tal associação (p=0,53) (11). Ainda, um estudo de Dadras, também conduzido com pacientes de sarcomas de partes moles, evidenciou que o IMC superior a 30 kg/m2 foi associado ao maior risco de infecções de feridas cirúrgicas (OR 2,35) (19).

A infecção de sítio cirúrgico se constitui como uma importante causa de morbidade, sendo responsável por aumentar o tempo de internação hospitalar e por levar a desfechos fatais(20). Neste estudo, tal complicação representou 9,2% das complicações desenvolvidas no pós-operatório de pacientes com diagnóstico de sarcomas ósseos e de partes moles. Estudos similares demonstraram a infecção de sítio cirúrgico como uma relevante complicação do período pós-operatório com percentuais entre 5,7% e 23,3%(10-14,16).

A deiscência de ferida cirúrgica é definida como a separação das margens de uma incisão cirúrgica, com ou sem exposição ou protrusão de tecido, em órgãos ou implantes subjacentes(21). Corroborando com este estudo, em que tal complicação afetou 19,1% dos pacientes, demais estudos demonstraram porcentagens entre 1%  e 19,5% de deiscência no período pós-operatório(12-17).

O seroma é frequentemente relatado como uma complicação decorrente de várias abordagens cirúrgicas e, neste estudo, representou 6,5% das complicações observadas. Em geral, a literatura não abordou o seroma, com exceção de dois estudos que evidenciaram essa complicação em 10,7% e 0,4% da população estudada, ambas as porcentagens referentes a sarcomas de partes moles (16-17).

No que tange à complicação por necrose, nesta pesquisa representou 26,9% de casos, sendo a segunda maior complicação evidenciada. O estudo de Lansu destacou-se como o único que reportou tal complicação, sendo inclusive a principal dentre as demais (6,2%) (14).

Algumas comorbidades podem ser associadas à alteração do desfecho de feridas cirúrgicas. Neste sentido, inclui-se a Diabetes Mellitus que é trazida pela literatura como uma doença que afeta a microcirculação gerando impactos na cicatrização tecidual(22). O estudo de Hudson evidenciou associação entre tal comorbidade e complicações de feridas cirúrgicas. Todavia, é importante evidenciar que este estudo restringiu a investigação aos membros inferiores - que são, por definição, mais suscetíveis nesta população(10). Ainda, a revisão sistemática com metanálise de Slump, confirma tal achado(23). Contudo, alguns estudos não estabeleceram tal associação(12-13,17).

O tabagismo e o etilismo não se apresentaram como variáveis dependentes ao desfecho de complicações de feridas cirúrgicas. Entretanto, há estudos que evidenciam a associação entre o tabagismo e o desenvolvimento de complicações (OR: 4,59 p<0,001), inclusive, contribuindo para a ocorrência de infecções e seromas (p=0,014)(14,16).

Em estudo de Lansu, foi evidenciado que pacientes que não apresentaram o fechamento da ferida cirúrgica por primeira intenção apresentaram complicações de ferida mais frequentemente (p=0,001), corroborando com o achado deste estudo onde pacientes com fechamento por segunda intenção apresentaram chances quatro vezes maiores de desenvolverem complicações de ferida cirúrgica (OR:4,09; p=0,001)(14).

Além disso, a implementação de terapia neoadjuvante se mostrou relevante para o desfecho da cicatrização da ferida cirúrgica (OR 3,59; p=0,008). O estudo de Lansu evidenciou que a radioterapia neoadjuvante foi associada a dois terços das complicações de ferida cirúrgica entre pacientes com sarcomas de partes moles(14). Tal achado diverge do reportado em estudo de Montgomery, no qual tanto a terapia neoadjuvante quanto a adjuvante não se mostraram estatisticamente significativas (p=0,97 e p=0,84) para o desfecho de complicações(11).

Este estudo apresentou como limitações a ausência de informações pertinentes ao período pré-operatório dos indivíduos analisados, tais como indicadores hematológicos, classificação da American Society of Anesthesiology (ASA), dimensões do tumor abordado, dentre outros. Ainda, as informações relacionadas às complicações foram consideradas conforme os registros dos profissionais que avaliaram as feridas de maneira não sistematizada tornando as informações subjetivas. Em adendo, por se tratar de tumores considerados raros, o tamanho da amostra do presente estudo se caracteriza como limitação no que tange análise de associação. Desta forma, sugere-se demais estudos sobre a temática com utilização de dados primários e com a inclusão de informações clínicas pré-cirúrgicas.

 

CONCLUSÕES

Este estudo identificou as principais complicações de feridas operatórias decorrentes de cirurgias oncológicas para o tratamento de sarcomas ósseos e de partes moles em adultos. Sua relevância é ressaltada pela escassez de estudos nacionais abordando essa temática.

Nesse sentido, evidenciou-se que 44,7% da população estudada apresentou complicações de ferida operatória, sendo as principais complicações sinais flogísticos, necrose e deiscência. Foi identificado que fatores como o diagnóstico de sarcomas de partes moles, fechamento da ferida por segunda intenção e a realização de neoadjuvância foram associados ao maior risco para o desenvolvimento de complicações de ferida operatória. O estudo não identificou associação entre sobrepeso ou obesidade ao desfecho de complicações.

Desta forma, este estudo pode contribuir como subsídio para a criação de estratégias específicas voltadas à melhoria do processo de cicatrização de feridas cirúrgicas de pacientes com sarcomas ósseos e de partes moles.

 

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Critérios de autoria (contribuições dos autores)

Sara Soares Ferreira da Silva: contribuiu substancialmente na concepção e no planejamento do estudo, na obtenção, na análise e interpretação dos dados, assim como na redação e revisão crítica e aprovação final da versão publicada.

Raquel Ferreira de Menezes: contribuiu substancialmente na concepção e no planejamento do estudo, na obtenção, na análise e interpretação dos dados, assim como na redação e revisão crítica e aprovação final da versão publicada.

Declaração de conflito de interesses

Nada a declarar

Fomento e Agradecimento: A pesquisa não recebeu financiamento.

 

Agradecimentos: Carlos Joelcio Santana, Yuri Brasil, Myllena Francisco, Julianna Nogueira, Juliana Falcão e Sarah Braga.  

 

Editor Científico: Francisco Mayron Morais Soares. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7316-2519

 

Rev Enferm Atual In Derme 2024;98(4): e024421                      

 Atribuição CCBY