ARTIGO DE REVISÃO
INDICADORES PREDITIVOS DA LESÃO POR PRESSÃO EM ADULTOS E IDOSOS HOSPITALIZADOS: REVISÃO INTEGRATIVA
PREDICTIVE INDICATORS OF PRESSURE INJURIES IN HOSPITALIZED ADULTS AND ELDERLY PEOPLE: INTEGRATIVE REVIEW
INDICADORES PREDICTIVOS DE LESIONES POR PRESIÓN EN ADULTOS Y ANCIANOS HOSPITALIZADOS: REVISIÓN INTEGRATIVA
https://doi.org/10.31011/reaid-2025-v.99-n.1-art.2301
1Natália Chantal Magalhães da Silva
2João Pedro Teixeira Marcos
3Sônia Regina de Souza
4Alcione Matos de Abreu
5Rosane de Paula Codá
1Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1883-4313.
2Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-5238-2388.
3Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7981-0038.
4Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6078-7149.
5Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9881-1543.
Autor correspondente
Natália Chantal Magalhães da Silva
Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica – DEMC/EEAP/UNIRIO (Rua Xavier Sigaud, 290, Rio de Janeiro – Brasil., CEP: 222290-180), Tel: +55(021) 996040364, E-mail: natalia.c.silva@unirio.br.
Submissão: 26-06-2024
Aprovado: 19-02-2025
RESUMO
Objetivo: Apresentar o conhecimento produzido sobre os indicadores preditivos da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados. Método: Revisão integrativa da literatura, realizada a partir das recomendações PRISMA, tendo como questão norteadora: “Qual o conhecimento produzido sobre os indicadores preditivos da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados?”. As buscas foram realizadas na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Portal de Periódicos CAPES e National Library of Medicine. Resultados: 43 estudos compuseram esta revisão. Em 42, foi observado o emprego de um único método avaliativo, com predomínio dos instrumentos de avaliação: Escala de Braden (n = 37, 86%); seguida da Escala de Waterlow (n = 7, 16,2%); e, Escala de Norton (n = 6, 13,9%). Apenas um único estudo (2,3%) utilizou métodos avaliativos combinados: instrumentos distintos e presença de comorbidades. Em dois estudos, a avaliação se deu por meio da análise de um aspecto clínico específico (estado nutricional). Conclusões: Os principais indicadores preditivos para avaliação do risco de lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados são provenientes de instrumentos de avaliação. Sugere-se, contudo, o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a análise da confiabilidade e validação de tais instrumentos em populações específicas.
Palavras-chave: Lesão por Pressão; Saúde do Idoso; Saúde do Adulto; Hospitalização.
ABSTRACT
Objective: To present the knowledge produced about the predictive indicators of pressure injuries in hospitalized adults and elderly people. Method: Integrative review of the literature, carried out based on PRISMA recommendations, with the guiding question: “What knowledge is produced about the predictive indicators of pressure injuries in hospitalized adults and elderly people?”. The searches were carried out in Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences, CAPES Journal Portal and National Library of Medicine. Results: 43 studies comprised this review. In 42, the use of a single evaluation method was observed, with a predominance of evaluation instruments: Braden Scale (n = 37, 86%); followed by the Waterlow Scale (n = 7, 16.2%); and, Norton Scale (n = 6, 13.9%). Only a single study (2.3%) used combined assessment methods: different instruments and presence of comorbidities. In two studies, the assessment took place through the analysis of a specific clinical aspect (nutritional status). Conclusions: The main predictive indicators for assessing the risk of pressure injuries in hospitalized adults and elderly people come from assessment instruments. However, it is suggested that research be developed aimed at analyzing the reliability and validation of such instruments in specific populations.
Keywords: Pressure Injury; Elderly Health; Adult Health; Hospitalization.
RESUMEN
Objetivo: Presentar el conocimiento producido sobre los indicadores predictivos de lesiones por presión en adultos y ancianos hospitalizados. Método: Revisión integradora de la literatura, realizada con base en las recomendaciones PRISMA, con la pregunta orientadora: “¿Qué conocimiento se produce sobre los indicadores predictivos de lesiones por presión en adultos y ancianos hospitalizados?”. Las búsquedas se realizaron en Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud, Portal de Revistas CAPES y Biblioteca Nacional de Medicina. Resultados: 43 estudios comprendieron esta revisión. En 42 se observó el uso de un único método de evaluación, con predominio de los instrumentos de evaluación: Escala de Braden (n = 37, 86%); seguida de la Escala de Waterlow (n = 7, 16,2%); y Escala de Norton (n = 6, 13,9%). Sólo un estudio (2,3%) utilizó métodos de evaluación combinados: diferentes instrumentos y presencia de comorbilidades. En dos estudios, la evaluación se realizó mediante el análisis de un aspecto clínico específico (estado nutricional). Conclusións: Los principales indicadores predictivos para evaluar el riesgo de lesiones por presión en adultos y ancianos hospitalizados provienen de instrumentos de evaluación. Sin embargo, se sugiere desarrollar investigaciones dirigidas a analizar la confiabilidad y validación de dichos instrumentos en poblaciones específicas.
Palabras-clave: Lesión por presión; Salud de las personas mayores; Salud del Adulto; Hospitalización.
INTRODUÇÃO
A motivação para o desenvolvimento deste estudo surgiu durante o Curso de Graduação em Enfermagem, mais especificamente em atividades práticas de ensino e extensão voltadas para saúde do adulto e do idoso e cuidados com lesões. De forma empírica, observou-se que a lesão por pressão se fazia presente em pacientes hospitalizados nos mais diversos setores, como clínica médica e cirúrgica, ortopedia, urologia, ginecologia, dentre outros.
Reconhecida como um evento adverso à saúde e, certas vezes, como um indicador negativo da qualidade da assistência, a lesão por pressão deve ser foco de conhecimento e atualização por profissionais de enfermagem, principalmente no que se refere aos indicadores preditivos ao seu aparecimento(¹).
Esse tipo de lesão é definida pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) e pelo European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) como “lesão localizada na pele e/ou tecido subjacente sobre uma proeminência óssea como resultado de pressão ou pressão em combinação com cisalhamento e/ou fricção”(2,3). Em relação ao grau de comprometimento, pode ser classificada como: grau 1, com presença de pele íntegra com hiperemia não branqueável; grau 2, com perda parcial da pele, exposição da derme ou bolha com conteúdo seroso; grau 3, com perda total da pele e exposição do tecido subcutâneo, podendo apresentar granulação, esfacelo e necrose; e, grau 4, com perda total da pele e exposição de outras estruturas(2-4).
Além dos custos relacionados ao sistema de saúde, os pacientes, as famílias e a comunidade são significativamente afetados por consequências físicas, sociais e econômicas(5). Especificamente nos pacientes, o impacto ocorre de forma relevante em termos de dor e autoimagem negativa, piora da qualidade de vida, trauma psicológico e aumento do tempo de internação(6).
Logo, o reconhecimento de fatores preditivos da lesão por pressão propiciam a avaliação e a detecção de características que sugerem algum tipo de alteração na pele, podendo ser considerado um sinal de alerta para o aparecimento e instalação da lesão(7).
Além dos sistemas de classificação em enfermagem, a exemplo da NANDA-I(8) e da CIPE(9), que padronizam diversos fenômenos, destacando-se aqueles relacionados ao risco de lesão por pressão, alguns instrumentos de avaliação – como a Escala de Braden, Escala de Norton, Escala de Waterlow, Escala de Gosnell – são amplamente utilizados na prática clínica direcionada à adultos e idosos hospitalizados(5).
Neste contexto, ao reunir o conhecimento produzido sobre os indicadores preditivos da lesão por pressão, é possível acarretar maior atuação da enfermagem frente à prevenção, justamente por serem uma das complicações evitáveis mais comuns durante a hospitalização(6).
Tem-se, portanto, a necessidade de um olhar mais minucioso e atual sobre a temática, reconhecendo a relevância da prevenção no cuidado de enfermagem. Logo, o objetivo desta investigação é apresentar o conhecimento produzido sobre os indicadores preditivos da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados.
MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, desenvolvida entre abril e junho de 2024, seguindo-se as recomendações PRISMA(10).
A finalidade deste tipo de revisão está na síntese do conhecimento já produzido sobre o assunto estudado(11).
Assim, por meio da estratégia PCC – P: População (adultos e idosos); C: Conceito (indicadores preditivos da lesão por pressão); C: Contexto (hospitalização) – foi elaborada a questão norteadora: “Qual o conhecimento produzido sobre os indicadores preditivos da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados?”.
Foram realizadas buscas nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Portal de Periódicos CAPES (CAPES) e National Library of Medicine (NLM) (PubMed), a partir das estratégias de busca apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1 – Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados.
BASES DE DADOS |
ESTRATÉGIAS DE BUSCA |
LILACS |
Lesão por Pressão AND Saúde do Idoso [Descritor de assunto] OR Saúde do Adulto AND Hospitalização [Descritor de assunto] |
CAPES |
Lesão por Pressão and Adulto [Descritor de assunto] and Hospitalização [Descritor de assunto] |
PubMed |
((Pressure Ulcer [MeSH Terms]) AND (Adult Health [MeSH Terms]) AND (Middle Aged [MeSH Terms]) AND (Hospitalization [MeSH Terms])) |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Como critérios de inclusão, foram ponderados: artigos disponíveis em texto completo, com acesso gratuito, publicado nos últimos 10 anos, na língua portuguesa, espanhola e inglesa. Duplicadas foram excluídas, considerando-se a primeira base indexada.
Para a melhor organização metodológica, foi desenvolvido um protocolo para nortear o desenvolvimento da revisão integrativa. Assim, após a identificação dos achados nas bases de dados e aplicação dos limites, procedeu-se a análise seletiva, com leitura do título e resumo dos artigos. Na sequência, foi realizada a análise crítica, com a análise da resposta à questão norteadora proposta(11).
Aqueles artigos que integraram a revisão, tiveram seus dados de identificação (base de dados, referência, título, autores, ano de publicação e país de publicação), características gerais (objetivos, métodos, população, resultados e conclusões) e características específicas (indicadores utilizados na avaliação da pele buscando a prevenção da lesão por pressão; definição desses indicadores; mensuração desses indicadores; e, características e valores indicativos de normalidade e de alteração da pele, buscando a prevenção da lesão por pressão, em adultos e idosos hospitalizados) tabulados em uma planilha do Microsoft Excel, versão 2023.
A análise do nível de evidência dos estudos seguiu o método proposto por Melnyk e Fineout-Overholt(12), que os classifica em: Nível I, quando se trata de revisão sistemática ou meta-análise de ensaios clínicos randomizados controlados; Nível II, ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; Nível III, ensaio clínico bem delineado sem randomização; Nível IV, estudos de coorte e de caso controle bem delineado; Nível V, revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; Nível VI, evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo; Nível VII, opinião de autoridades e/ou de comitês de especialistas.
RESULTADOS
Inicialmente, foram identificados 989 artigos; contudo, por meio da aplicação dos critérios de elegibilidade, 244 foram considerados. Após a análise seletiva e crítica, 43 artigos compuseram esta revisão – 36 (83,7%), indexados na PubMed; três (7%), na LILACS; e, quatro (9,3%) na CAPES (FIGURA 1).
Figura 1 - Fluxograma de seleção dos artigos elaborado a partir das recomendações PRISMA¹⁰.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Dos 43 estudos que compuseram esta revisão, a maioria foi publicada nos últimos cinco anos (74,4%); na Ásia (37,2%) e na América do Norte (37,2%) – sendo identificadas somente cinco publicações (11,6%) no Brasil.
No que se refere aos indicadores preditivos da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados, em 42 estudos foi observado o emprego de um único método avaliativo. Nesses, observou-se o predomínio dos seguintes instrumentos de avaliação: Escala de Braden (n = 37, 86%); seguida da Escala de Waterlow (n = 7, 16,2%); e, Escala de Norton (n = 6, 13,9%). Em dois estudos (4,6%), a avaliação se deu por meio da análise de um aspecto clínico específico – no caso, o estado nutricional. Apenas um único estudo (2,3%) utilizou métodos avaliativos combinados, sendo eles: BWAT (Bates-Jensen Wound Assessment Tool), PUSH (Pressure Ulcer Scale For Healing), PrePURSE (Pressure Ulcer Risk Score Evaluation), Escala de Cubbin-Jackson, Escala de Gosnell, PURPOSE-T (Ferramenta de Avaliação primária ou secundária de risco de úlcera por pressão) e presença de comorbidades (QUADRO 1).
Quadro 1 – Indicadores preditivos da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados.
REFERÊNCIAS |
INDICADORES PREDITIVOS DA LESÃO POR PRESSÃO |
Aghazadeh et al., 2020 (5) ; Aloweni et al., 2018 (13) ; Bai et al., 2020(14); Bereded & Salih & Abebe, 2018(15); Brophy et al., 2021(16); Chaboyer et al. 2017(17); Cortés et al, 2018(18); Cox et al., 2022(19); Debon et al., 2018(20); Díaz-Icaro & Gómez-Heras, 2020(21); Edsberg et al., 2022(22); Farias & Queiroz, 2022(23); Garcia et al., 2021(24); Gupta et al. 2020(6); Ham et al., 2016(25); Ho et al., 2017(26); Hyun et al., 2013(27); Jiang et al. 2014(28); Jiang et al., 2020(29); Labeau et al., 2020(30); Lee et al., 2019(31); Linnen et al., 2018(32); Liu et al., 2019(33); Lopes et al., 2020(34); Moreira & Simões & Ribeiro, 2020(2); Mutair et al., 2019(35); Oe et al., 2020(36); Padula et al., 2016(37); Pickham et al., 2018(38); Rashvand et al., 2019(4); Santamaria et al., 2013(39); Serpa et al., 2020(40); Sousa & Kapp & Santamaria, 2020(41); Shaw et al., 2014(42); Wang et al., 2014(43); Yoshimura et al., 2016(44); Yoshimura et al., 2020(45). |
Escala de Braden |
Brophy et al., 2021(16); Chaboyer et al., 2017(17); Díaz-Caro & Gómez-Heras, 2020(21); Jiang et al., 2020(29); Lovegrove & Fulbrook & Miles, 2018(46); Smith et al., 2017(47); Sternal & Wilczyński & Szewieczek, 2016(48); Wang et al., 2014(43). |
Escala de Waterlow |
Cox et al., 2022(19); Díaz-Caro & Gómez-Heras, 2020(21); Jiang et al., 2014(28); Jiang et al., 2020(29); Schoeps & Tallberg & Gunningberg, 2016(49); Wang et al., 2014(43); |
Escala de Norton |
Díaz-Caro & Gómez-Heras, 2020(21). |
Escala de Gosnell |
Cox et al., 2022(19). |
Escala de Cubbin-Jackson |
Macedo et al., 2021(1).
|
BWAT (Bates-Jensen Wound Assessment Tool) |
Macedo et al., 2021(1). |
PUSH (Pressure Ulcer Scale For Healing) |
Aloweni et al., 2018(13). |
PrePURSE (Pressure Ulcer Risk Score Evaluation) |
Cheng et al., 2020(50). |
PURPOSE-T (Ferramenta de Avaliação primária ou secundária de risco de úlcera por pressão) |
Gupta et al., 2020(6); Santamaria et al., 2013(39). |
Estado nutricional |
Santamaria et al., 2013(39). |
Presença de comorbidades |
Onze estudos (25,5%) apresentaram definições conceituais dos indicadores preditivos(1,13-22); 18 (41,8%) revelaram o detalhamento metodológico acerca da aplicação dos indicadores(1,2,4-5,13-14,17,20-30); e, 21 (48,8%) citaram os padrões indicativos de normalidade(1,2,5,13,15-16,19,21,23,24,26,30-39).
Nesse sentido, a Escala de Braden, aplicada em 15 estudos (34,9%), pode ser definida como um instrumento válido e de fácil aplicação, que permite qualificar e quantificar os fatores etiológicos para redução da tolerância tissular à compressão prolongada(13-14,20,23,31-32,38,40). Composta por seis subescalas (percepção sensorial, umidade da pele, atividade, mobilidade, nutrição e fricção e cisalhamento), sendo que em que cada uma podem ser atribuídos de 1 a 3 ou 4 pontos, pontuando um total que varia de 6 a 23 pontos – em que a menor pontuação indica maior risco e a maior pontuação maior risco(20).
De modo semelhante, a Escala de Cubbin-Jackson, identificada em um estudo (2,3%), considera além de fatores semelhantes a Escala de Braden como exemplo mobilidade, nutrição e percepção sensorial, também a oxigenação em sua escala de risco(19).
Quanto à Escala de Norton, a mesma foi aplicada em três estudos (7%), contudo, a definição do instrumento não foi apresentada. Sabe-se, contudo, que é composta por cinco subescalas (condição física, condição mental, atividade, mobilidade e continência), que podem receber de 1 a 4 pontos, onde 1 indica o pior indicador de qualidade e 4 o melhor indicador de qualidade – somatizando até 20 pontos(21,28,43,49).
Já a Escala de Waterlow, presente em um estudo (2,3%), é considerada um instrumento que categoriza o nível de risco de lesão por pressão por meio de um plano de gerenciamento para orientação e registro da intervenção(46). Consiste em sete itens, a saber: proporção de peso e altura (IMC), tipo de pele, sexo e idade, grau de desnutrição, continência, mobilidade e fatores de risco especiais, com escores variando de de 1 a 64. A título de exemplificação, pacientes com pontuação entre 10 e 14, apresentaram risco; entre 15 a 19, alto risco; e acima de 20, risco muito alto(17,43,48).
De forma semelhante, a Escala de BWAT (Bates-Jensen Wound Assessment Tool), utilizada em um estudo (2,3%), foi definida como uma escala longa, que avalia minuciosamente a lesão já instalada. Possui 13 itens que avaliam tamanho, profundidade, bordas, descolamento, tipo e quantidade de tecido necrótico, tipo e quantidade de exsudato, edema e endurecimento do tecido periférico, cor da pele ao redor da lesão por pressão, tecido de granulação e epitelização - sendo a avaliação realizada por meio de uma escala de cinco pontos, onde 1 indica a melhor condição da ferida e 5, a pior condição. O escore total da escala é obtido com a soma de todos os itens e pode variar de 13 a 65 pontos, sendo que as maiores pontuações indicam as piores condições da lesão por pressão(1).
A Escala de PUSH (Pressure Ulcer Scale for Healing, presente em um artigo (2,3%), é definida como uma escala curta e de fácil aplicação. Basicamente, consiste em três parâmetros para avaliação do processo de cicatrização e resultados de intervenção: área, quantidade de exsudato e aparência do leito da lesão por pressão. A pontuação desses parâmetros, quando somadas, geram um escore total que pode variar de 0 a 17, sendo que maiores escores indicam piores condições da lesão e menores escores indicam melhora no processo de cicatrização(1).
Já a Escala de PURPOSE-T (Ferramenta de Avaliação Primária ou Secundária de Risco de Úlcera por Pressão), utilizada em um estudo (2,3%), é considerada uma estrutura abrangente de avaliação do risco de lesão por pressão, distinguindo fatores primários e secundários(50).
A Pressure Ulcer Risk Score Evaluation (prePURSE), empregada em um estudo (2,3%), consiste em cinco itens que preveem o risco de lesão por pressão: idade, peso na admissão, aparência anormal da pele, problema de fricção/cisalhamento e cirurgia na próxima semana(13).
Em relação ao nível de evidência, 26 (60,5%) foram classificados como de Nível IV; nove (21%), como de Nível VI; três (7%), Nível I; dois (4,6%), Nível II; dois (4,6%), Nível VII; e, um (2.3%), Nível III, segundo Melnyk; Fineout-Overholt(12).
DISCUSSÃO
Na literatura científica, observa-se certa dificuldade no estabelecimento de um consenso quanto aos indicadores preditivos de lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados. Há uma amplitude de escalas, instrumentos e indicadores clínicos que consideram dimensões básicas e específicas nesta avaliação. Isto posto, torna-se necessário a escolha de ao menos uma ferramenta adequada para o que se pretende avaliar, tendo como elemento norteador o contexto de aplicação e a sensibilidade daquele fator preditivo, dado que instrumentos confiáveis interferem na fidedignidade das avaliações(5-14,20,23,27-28,31-32,38,40,46,50).
Inspecionar a pele de forma adequada é um papel vital na prevenção da lesão por pressão, permitindo a detecção dos primeiros sinais(6). O mau estado nutricional é um fator contribuinte para o desenvolvimento da lesão, o envelhecimento, umidade, forças de cisalhamento e fricção, imobilidade e internações por longos períodos de tempo são fatores extrínsecos e intrínsecos para sua formação, o que está compatível com os resultados deste presente artigo(6-7).
A taxa de lesão por pressão é um medidor da segurança do paciente e indicador da qualidade da assistência da enfermagem(51). Para refletirmos agora de forma macroscópica os impactos da lesão por pressão em um aspecto global, vamos analisar seus efeitos e relevância. O surgimento deste tipo de lesão aumenta significativamente os custos de saúde, principalmente devido ao uso de curativos, superfícies de apoio, maior disponibilidade de tempo de cuidados de enfermagem e medicamentos(6). Na Europa, a prevalência de LP varia de 4,6% a 27,2%; na Austrália, 3% para enfermarias de internação e 11,5% para unidades de terapia intensiva; na China, há uma prevalência de 3,38% em hospitais(11). Mais de 2,5 milhões de pacientes nos Estados Unidos desenvolvem lesões por pressão, custando cumulativamente cerca de US $9 a 11 bilhões para tratamento e resultando em 60.000 mortes por suas complicações a cada ano(52).
Comparando as despesas hospitalares, outro estudo revelou que são significativamente mais altas associadas à presença de LP nos Estados Unidos, uma média de $128.997 em custos para os pacientes que as possuem e $78.454 para pacientes sem a presença de lesão por pressão(53). Pensando nos países com sistemas de saúde menos abastados, a sua prevalência é maior, como no caso do Brasil com 40% em unidades hospitalares de emergência e a Etiópia com 14.9%(11). Em estudos passados no Brasil, houve uma certa variação entre os pacientes hospitalizados que desenvolveram LP, tanto em perfil quanto no ambiente, 11,0% a 30,9% em unidades de terapia intensiva, 13,6% a 31,4% em unidades cirúrgicas/clínicas(40), porém ainda ocorrem divergências entre os dados encontrados acerca das prevalências destas lesões.
Ao levantar os dados relevantes a respeito dos impactos internacionais e nacionais da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados, foram identificadas algumas limitações para elaboração desta revisão integrativa. Um ponto observável foi a escassez de estudos quanto ao impacto aos custos de saúde efetivos no sistema de saúde brasileiro(54). Os estudos quanto aos indicadores preditivos de lesão por pressão deste público são minimamente encontrados, pois a abordagem principal está quanto ao tratamento das feridas após já terem se desenvolvido(54,15). Estudos revelam também a facilidade de se investigar a temática apenas em países de alta e média renda, entretanto, encontra-se uma deficiência de produções quanto aos países de baixa renda ou subdesenvolvidos, mesmo possuindo maiores prevalências de lesões nesta população, a exemplo Brasil, Tailândia e Etiópia com taxas significativas de 12,7%, 47,6 % e 16% respectivamente(15).
Além da carência de publicações, a grande volatilidade do dados financeiros, prevalência, incidência foram um desafio, o perfil do desenvolvimento de LP em terapia intensiva se dá de 11,0% a 30,9% e em unidades cirúrgicas/clínicas 13,6% a 31,4% como já mencionado no Brasil, e 2 a 26% em ambientes mistos no Canadá(15,17,19,21-23,25,27-29,30,33-35,40-43,47-49,51-54), sendo um impasse para uma determinação precisa destes dados. Relativamente à incidência, há variações de 23,1% a 59,5% no Brasil segundo um autor e de 0,4% a 38%, conforme outro, ademais a estas instabilidades, é perceptível também uma incompatibilidade entre autores(1,54).
Foram consideradas limitações desta revisão: o recorte temporal e a delimitação de publicação na língua portuguesa, inglesa e espanhola.
CONCLUSÕES
Ao analisar a literatura científica, esta revisão reuniu 43 achados que versam sobre os indicadores preditivos da lesão por pressão em adultos e idosos hospitalizados.
Em 42 estudos, observou-se o emprego de um único método avaliativo, com predomínio dos instrumentos de avaliação: Escala de Braden (n = 37, 86%); seguida da Escala de Waterlow (n = 7, 16,2%); e, Escala de Norton (n = 6, 13,9%). Apenas um único estudo (2,3%) utilizou métodos avaliativos combinados: instrumentos distintos e presença de comorbidades. Em dois estudos, a avaliação se deu por meio da análise de um aspecto clínico específico (estado nutricional).
Nesta revisão, não foi identificado o impacto acerca do emprego dos fatores preditivos nos custos do sistema de saúde, bem como demais repercussões relacionadas ao contexto hospitalar. E ainda que haja consenso acerca dos efeitos positivos da detecção precoce e prevenção de agravos na qualidade de vida, tempo de internação, ocupação de leitos e redução de custos, ressalta-se a necessidade de pesquisas voltadas para análise do custo-efetividade dos fatores aqui abordados. Ademais, sugere-se a realização de estudos relacionados à avaliação da confiabilidade e validação dos instrumentos e demais métodos avaliativos, supracitados, em populações específicas. Assim, será possível amenizar interpretações equivocadas e garantir a fidedignidade dos achados.
Acredita-se, contudo, que ao apresentar o conhecimento produzido acerca dos indicadores preditivos da lesão por pressão, esta investigação apresenta extensa contribuição não só para a prática clínica e científica da área de enfermagem, mas em todas aquelas que envolvem a saúde do adulto e do idoso, seja a nível assistencial ou de gestão.
REFERÊNCIAS
Fomento e Agradecimento:
Informamos que esta pesquisa não recebeu financiamento.
Critérios de autoria (contribuições dos autores)
Informamos que todos os autores supracitados contribuíram substancialmente na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, na análise e interpretação dos dados; bem como, na redação, revisão crítica e aprovação final da versão encaminhada à Revista.
Declaração de conflito de interesses
Nada a declarar.
Editor Científico: Francisco Mayron Morais Soares. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7316-2519
Rev Enferm Atual In Derme 2025;99(1): e025032