ARTIGO ORIGINAL
A VIDA VALE A PENA SER VIVIDA? RELAÇÃO COM ÁLCOOL, CIGARRO E OUTRAS DROGAS ENTRE ADOLESCENTES
IS LIFE WORTH LIVING? RELATIONSHIP WITH ALCOHOL, CIGARETTES AND OTHER DRUGS AMONG ADOLESCENTS
¿VALE LA PENA VIVIR? RELACIÓN CON ALCOHOL, CIGARROS Y OTRAS DROGAS ENTRE ADOLESCENTES
https://doi.org/10.31011/reaid-2026-v.100-n.1-art.2655
1Lucas Marques Santos
1Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1483-786X
Autor correspondente
Lucas Marques Santos
Avenida Siqueira Campos. Vitória da Conquista – Bahia – Brasil. CEP 45028010. contato +55(77) 991306545, E-mail lucas.marques.bra@gmail.com
Submissão: 19-09-2025
Aprovado: 05-12-2025
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar se a percepção dos adolescentes sobre a vida valer a pena ser vivida está relacionada com o sexo, variáveis sociodemográficas, consumo de álcool, cigarros e outras drogas. Utilizou-se dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019). Método: Foram analisados os dados de 158.261 adolescentes escolares com idade entre 13 e 18 anos. Calculou-se os valores do qui-quadro e odds rations das variáveis com a percepção que a vida não vale a pena ser vivida. Resultados: 19,4% dos adolescentes responderam que a vida não vale a pena ser vivida. Variáveis como não ser branco, ser mulher (OR 2,4; IC95%: 2,33 - 2,46), experimentação de álcool (OR 2,19; IC95%: 2,13 - 2,26), utilização de drogas ilícitas (OR 2,14; IC95%: 2,07 - 2,22) e ter fmado cigarro (OR 2,22; IC95%: 2,15 - 2,28) aumentaram as chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Conclusão: Os resultados reforçam a relação entre o uso de álcool, cigarros e outras drogas com pior saúde mental de adolescentes brasileiros.
Palavras-chaves: Saúde Mental; Saúde do Adolescente; Consumo de Álcool; Drogas Ilícitas; Sexo.
ABSTRACT
Objective: This study aimed to evaluate whether adolescents' perception that life is worth living is associated with gender, sociodemographic variables, alcohol consumption, smoking, and other drug use. The study used data from the National Survey of School Health (PeNSE 2019). Method: Data from 158,261 school-aged adolescents between 13 and 18 years old were analyzed. Chi-square values and odds ratios of the variables were calculated in relation to the perception that life is not worth living. Results: 19.4% of adolescents reported that life is not worth living. Variables such as not being white, being female (OR 2.4; 95% CI: 2.33–2.46), experimenting with alcohol (OR 2.19; 95% CI: 2.13–2.26), using illicit drugs (OR 2.14; 95% CI: 2.07–2.22), and smoking cigarettes (OR 2.22; 95% CI: 2.15–2.28) increased the likelihood of considering that life is not worth living. Conclusion: The findings reinforce the relationship between the use of alcohol, cigarettes, and other drugs and poorer mental health among Brazilian adolescents.
Keywords: Mental Health; Adolescent Health; Alcohol Consumption; Illicit Drugs; Sex.
RESUMEN
Objetivo: El objetivo de este estudio fue evaluar si la percepción de los adolescentes sobre la importancia de vivir una vida se relaciona con el género, las variables sociodemográficas y el consumo de alcohol, cigarrillos y otras drogas. Se utilizaron datos de la Encuesta Nacional de Salud Escolar (PeNSE 2019). Método: Se analizaron datos de 158.261 estudiantes adolescentes de 13 a 18 años. Se calcularon los valores de chi-cuadrado y las razones de momios de las variables con la percepción de que la vida no merece la pena. Resultados: El 19,4 % de los adolescentes respondió que la vida no merece la pena. Variables como la raza no blanca, la raza femenina (OR 2,4; IC del 95 %: 2,33 - 2,46), la experimentación con alcohol (OR 2,19; IC del 95 %: 2,13 - 2,26), el consumo de drogas ilícitas (OR 2,14; IC del 95 %: 2,07 - 2,22) y el tabaquismo (OR 2,22; IC del 95 %: 2,15 - 2,28) aumentaron la probabilidad de considerar que la vida no vale la pena. Conclusión: Estos resultados refuerzan la relación entre el consumo de alcohol, cigarrillos y otras drogas y una peor salud mental en adolescentes brasileños.
Palabras clave: Salud Mental; Salud Adolescente; Consumo de alcohol; Drogas Ilícitas; Sexo.
INTRODUÇÃO
A taxa de adolescentes que relatam algum nível de sofrimento mental tem aumentado ao longo da última década, acompanhada pelo crescimento na procura por serviços de saúde devido a demandas relacionadas ao sofrimento psíquico e à automutilação intencional na América do Norte (1). O suicídio já é uma das principais causas de morte entre adolescentes (12 a 18 anos de idade) estadunidenses (2), assim como o percentual de jovens com sintomas depressivos ou depressão encontra-se em crescimento exponencial nas últimas décadas (3). Em uma escala global, a prevalência de tentativa de suicídio entre uma amostra de adolescentes de 38 países da África, nas Américas e da Asia ficou em torno de 10%, tendo 1,71 mais razões de chances de tentativa de suicídio quando o adolescente foi vítima de algum tipo de agressão física (4).
Em um contexto brasileiro, dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE reportam que 21,4% dos adolescentes responderam que a vida não vale a pena ser vivida e 17,7% avaliaram de forma negativa sua condição de saúde mental no ano de 2019 (5). Uma análise temporal entre os anos 1997 e 2016 reporta um total de 14.852 mortes de adolescentes por suicídio no Brasil, saindo de uma taxa de mortalidade de 1,95 em 1997 (por 100 mil habitantes) para 2,65 no ano de 2016 (6). Diante a relevância do tema, há um esforço científico em investigar e reportar possíveis variáveis relacionadas com melhores ou piores condições de saúde mental. Variáveis como altas temperaturas(7), saúde mental dos professores (8), experiências adversas no desenvolvimento infantil (9), imagem corporal (10–12) e bullying (13,14) já foram associadas com condições negativas de saúde psicológica, na população em geral ou especificamente com adolescentes e jovens adultos.
Piores desfechos em saúde mental aparentemente não são homogêneos entre os diferentes sexos. Adolescentes do sexo feminino apresentaram maior risco de tentar suicídio do que os do sexo masculino, embora os homens morram mais por suicídio (15). Quando se trata de sintomatologia internalizante, adolescentes do sexo feminino apresentam maior chances de apresentarem sintomas depressivos elevados (16), assim como sintomas ansiosos(17) e ansiedade social(18). No Brasil o cenário é semelhante, a prevalência de adolescentes que se sentiram muito preocupados, se sentiram tristes na maioria dos dias, sentiram irritados e nervosos quase sempre e tiveram uma autoavaliação negativa da saúde mental foram maiores no sexo feminino(5). Além do sexo, diferenças nos níveis de saúde mental dos adolescentes também são encontradas quando se observa questões de raça/cor. Ser de grupos raciais minoritários foi associado com piores condições de saúde mental(19,20).
Comportamentos dos adolescentes perante bebidas alcoólicas, uso de cigarros e drogas ilícitas também podem estar relacionadas com piores indicadores de saúde mental(21–23). Adolescentes que já experimentaram alguma bebida alcoólica tendem a relatar um menor bem-estar(24), menor satisfação com a vida(21) e maior risco para suicídio(25). Dados semelhantes são encontrados para o consumo de drogas ilícitas. Adolescentes brasileiros que já utilizaram de alguma droga ilícita possuíam maiores chances de relatarem se sentirem sozinhos e ter problemas com sono(26). O uso de drogas ilícitas também se associou com maiores sintomas depressivos(27) e menor satisfação com vida(28). A experimentação de cigarros também é uma vaiável que preocupa, pois aumentou as chances dos adolescentes se sentirem sozinhos, não terem amigos e terem problemas com o sono(29).
Diante da importância do tema, desde a primeira edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), há, além de questionários sobre a saúde geral dos adolescentes, um bloco sobre a saúde mental. A PeNSE é uma pesquisa realizada em parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da Saúde(5). Dados da PeNSE de 2012 e 2015 reportam que o uso de álcool, cigarros e outras drogas foi relacionada com piores resultados no bloco de saúde mental(26,29), entretanto, nenhum estudo avaliou essas mesmas variáveis com os dados da mais recente edição da PeNSE, de 2019. Além da ausência de estudos com os dados de 2019, houve uma alteração no questionário de saúde mental, com a adição de uma nova pergunta: “Nos últimos 30 dias, com que frequência você sentiu que a vida não vale a pena ser vivida?”
Diante desse cenário, o objetivo deste estudo foi avaliar se a percepção dos adolescentes sobre a vida valer a pena ser vivida está relacionada ao sexo, a variáveis sociodemográficas e ao consumo de álcool, cigarros e outras drogas. A pesquisa foi guiada pelas seguintes hipóteses: h1. Adolescentes do sexo feminino apresentarão mais chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida; h2. Adolescentes que se declarem brancos apresentarão menores chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida; h3. A experimentação de bebida alcoólica, de cigarros ou outras drogas estará relacionada com maiores chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida.
MÉTODO
Tipo de estudo
A pesquisa utilizou dados da PeNSE 2019. A PeNSE é um estudo transversal com adolescentes escolares brasileiros. Os dados são coletados em escolas de todos os Estados brasileiros, mais o Distrito Federal. O questionário era autoaplicável e foi respondido através de aparelhos moveis digitais(30).
Participantes
A amostra inicial foi composta por 165.838 adolescentes que aceitaram participar da PENSE 2019. Da amostra inicial foram excluídos 7.577 “misses” (adolescentes que não responderam à questão sobre a vida valer a pena ser vivida, ou que apresentaram algum erro no questionário). A amostra final do estudo contou com os dados de 158.261 adolescentes. A maioria dos adolescentes possuíam idade entre 13 e 17 anos, entretanto, houve respondentes com menos de 13 ou mais de 18 anos de idade. A PeNSE 2019 contou com adolescentes que estavam matriculados do 7º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio(30).
Foram sorteados colégios e turmas de todas as 5 regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste). A escola poderia ser de dependência administrativa pública ou privada, do meio rural ou urbano.
Variáveis do estudo
As variáveis sociodemográficas utilizadas no estudo não foram modificadas, sendo descritas nos resultados tais como foram perguntadas na PENSE 2019. Já algumas das variáveis sobre “consumo de drogas”, “consumo de álcool”, “consumo de cigarro” e “vida vale a pena ser vivida” tiveram suas respostas codificadas para melhor descrição e realização dos testes estatísticos. A modificação das variáveis é descrita na tabela 1.
Tabela 1 - Lista de variáveis do estudo e forma de sua codificação na pesquisa.
|
Pergunta |
Variável |
Codificação da resposta |
|
NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, com que frequência você sentiu que a vida não vale a pena ser vivida? |
Vida vale a pena |
Não = Nunca + Raramente + Às vezes Sim = Na maioria das vezes + Sempre |
|
Alguma vez na vida, você já fumou cigarro, mesmo uma ou duas tragadas? |
Fumou cigarro |
Não Sim |
|
Alguma vez na vida você já experimentou narguilé (cachimbo de água)? |
Fumou Narquilé |
Não Sim |
|
Alguma vez na vida você já experimentou cigarro eletrônico (e-cigarrette)? |
Cigarro eletrônico |
Não Sim |
|
Alguma vez na vida você tomou um copo ou uma dose de bebida alcoólica? |
Bebida alcoólica |
Não Sim |
|
Na sua vida, quantas vezes você bebeu tanto que ficou realmente bêbado(a)? |
Bêbado |
Nunca = nenhuma vez na vida 1 a 5 vezes = 1 ou 2 vezes + 3 a 5 Mais de 5 = 6 a 9 + 10 ou mais vezes |
|
Alguma vez na vida, você já usou alguma droga como: maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança-perfume, ecstasy, oxi, MD, skank e outras? |
Uso Drogas |
Não Sim |
|
NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, quantos dias você usou maconha? |
Uso Maconha |
Nunca = nenhuma vez na vida 1 a 5 vezes = 1 ou 2 vezes + 3 a 5 Mais de 5 = 6 a 9 + 10 ou mais vezes |
|
NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, quantos dias você usou crack? |
Uso Crack |
Nunca = nenhuma vez na vida 1 a 5 vezes = 1 ou 2 vezes + 3 a 5 Mais de 5 = 6 a 9 + 10 ou mais vezes |
Procedimentos de análises de dados
Para análise de dados foram utilizados dois softwares estatísticos. As estatísticas descritivas, assim como os intervalos de confiança das proporções, foram realizadas no Software STATA 18. Para a estatística inferencial foi utilizado o IBM SPSS Statistics 25.
Para avaliar se havia diferença entre as variáveis do estudo foi utilizado o teste qui-quadrado de Pearson. Utilizou-se como significativos valores de p inferiores a 0,05. O valor de p é bastante sensível ao tamanho da amostra, e como o estudo contou com quase 160 mil adolescentes, foi calculado também as odds ratios (razões de chances) como uma medida de tamanho de diferença.
RESULTADOS
Conforme descrito na tabela 2, a amostra foi composta por estudantes, em sua maioria entre 13 e 17 anos de idade (78,65%) distribuídos similarmente entre ambos os sexos (masculino 49,13% e feminino 50,87%). Mais de 70% da amostra foi composta por brancos (38,7%) e pardos (43,96%). A maioria dos adolescentes estudavam em escolas do meio urbano (94,88%), podendo ser de dependência administrativa pública (51,18%) ou privada (48,82%), distribuídos no ensino fundamental (55,54%) ou médio (44,46%). 88,9 % dos estudantes moravam com a mãe, enquanto 63% moravam com o seu pai. A região com mais estudantes entrevistados foi a nordeste (35,07%) e a menor no Sul (10,76%). As demais características da amostra, assim como sua proporção e intervalo de confiança, podem ser conferidas na tabela 2.
Tabela 2 - Variáveis sociodemográficos da amostra, sua proporção e os respectivos intervalos de confiança.
|
Variáveis |
Total |
Percentual |
IC95% |
|
|
|
|
|
Inferior |
Superior |
|
Situação |
|
|
|
|
|
Urbana |
151.095 |
94,88% |
94,77% |
94,98% |
|
Rural |
8.150 |
5,12% |
5,01% |
5,23% |
|
Administração |
|
|
|
|
|
Pública |
81.496 |
51,18% |
50,93% |
51,42% |
|
Privada |
77.749 |
48,82% |
48,58% |
49,07% |
|
Sexo |
|
|
|
|
|
Homem |
78.011 |
49,13 |
48,88% |
49,37% |
|
Mulher |
80.788 |
50,87 |
50,63% |
51,12% |
|
Cor |
|
|
|
|
|
Branca |
60.297 |
38,70% |
38,46% |
38,94% |
|
Preta |
16.737 |
10,74% |
10,59% |
10,90% |
|
Amarela |
5.515 |
3,54% |
3,45% |
3,63% |
|
Parda |
68.497 |
43,96% |
43,72% |
44,21% |
|
Indígena |
4.760 |
3,06% |
2,98% |
3,14% |
|
Idade |
|
|
|
|
|
< 13 anos |
25.642 |
16,15% |
15,97% |
16,33% |
|
13 a 15 anos |
82.389 |
51,88% |
51,63% |
52,12% |
|
16 ou 17 anos |
42.509 |
26,77% |
26,55% |
26,98% |
|
18 anos ou mais |
8.276 |
5,21% |
5,1% |
5,32% |
|
Mora com o pai |
|
|
|
|
|
Sim |
78.601 |
63% |
62,7% |
63,3% |
|
Não |
46.190 |
37% |
36,7% |
37,3% |
|
Mora com a mãe |
|
|
|
|
|
Sim |
110.950 |
88,9% |
88,7% |
89,1% |
|
Não |
13.885 |
11,1% |
10,9% |
11,3% |
|
Escolaridade |
|
|
|
|
|
Fundamental |
88.398 |
55,54% |
55,29% |
55,78% |
|
Médio |
70.770 |
44,46% |
44,22% |
44,71% |
|
Região |
|
|
|
|
|
Norte |
37.138 |
22,39% |
22,2% |
22,6% |
|
Nordeste |
58.166 |
35,07% |
34,84% |
35,3% |
|
Sudeste |
29.765 |
17,95% |
17,76% |
18,13% |
|
Sul |
17.852 |
10,76% |
10,62% |
10,91% |
|
Centro-Oeste |
22.917 |
13,82% |
13,65% |
13,99% |
A tabela 3 descreve a proporção de estudantes que reportaram que a vida não vale a pena ser vivida, cruzado com as variáveis sociodemográficas (com suas respectivas razões de chance, intervalo de confiança e valor de p do qui-quadrado). 19,4% dos estudantes referiram que sentiam que a vida não valia a pena ser vivida. Estudar em escola do meio rural ou em instituição privada diminuiu as chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Ser do sexo feminino aumentou em 2,4 vezes (IC95: 2,33 - 2,46) as chances de considerar que a vida não vale a pena. Adolescentes que não moravam com o pai ou com a mãe apresentaram 1,57 (IC95%: 1,53 - 1,61) e 1,49 (IC95%: 1,44 - 1,54), respectivamente, mais chances de reportarem que a vida não vale a pena ser vivida. O percentual de adolescentes que menos consideraram que a vida não vale a pena ser vivida foram os da cor branca (17,1%). Todos os resultados reportados na tabela 3 foram significativos estatisticamente.
Tabela 3 - Percentual de adolescentes que responderam que a vida não vale a pena ser vivida por sexo, cor e variáveis sociodemográficas. Valores do qui-quadrado e odds rations da relação
|
Variáveis |
Vida não vale a pena |
OD |
X2 |
IC95% |
P |
|
|
|
|
|
Inferior |
Superior |
|
|
|
Total |
19,4% |
|
|
19,22 |
19,61 |
|
|
Situação |
|
|
|
|
|
|
|
Urbana |
19,5% |
1 |
18,98 |
|
|
|
|
Rural |
17,5% |
0,88 |
|
0,83 |
0,93 |
<0,001 |
|
Administração |
|
|
|
|
|
|
|
Pública |
22,5% |
1 |
1.000 |
|
|
|
|
Privada |
16,2% |
0,67 |
|
0,65 |
0,68 |
<0,001 |
|
Sexo |
|
|
|
|
|
|
|
Homem |
12,7% |
1 |
4.361,74 |
|
|
|
|
Mulher |
25,9% |
2,4 |
|
2,33 |
2,46 |
<0,001 |
|
Cor |
|
|
|
|
|
|
|
Branca |
17,1% |
1 |
380,27 |
|
|
|
|
Preta |
22,3% |
1,39 |
|
1,33 |
1,44 |
<0,001 |
|
Amarela |
22,3% |
1,39 |
|
1,30 |
1,47 |
<0,001 |
|
Parda |
20,2% |
1,22 |
|
1,19 |
1,26 |
<0,001 |
|
Indígena |
23% |
1,44 |
|
1,34 |
1,55 |
<0,001 |
|
Idade |
|
|
|
|
|
|
|
< 13 anos |
15,3% |
1 |
339,89 |
|
|
|
|
13 a 15 anos |
20% |
1,38 |
|
1,34 |
1,44 |
<0,001 |
|
16 ou 17 anos |
20,6% |
1,44 |
|
1,38 |
1,50 |
<0,001 |
|
18 anos ou mais |
19,7% |
1,36 |
|
1,27 |
1,45 |
<0,001 |
|
Mora mãe |
|
|
|
|
|
|
|
Sim |
18,7% |
1 |
462,7 |
|
|
|
|
Não |
25,5% |
1,49 |
|
1,44 |
1,54 |
<0,001 |
|
Mora pai |
|
|
|
|
|
|
|
Sim |
16,7% |
1 |
|
|
|
|
|
Não |
24% |
1,57 |
1.243,02 |
1,53 |
1,61 |
<0,001 |
|
Escolaridade |
|
|
|
|
|
|
|
Fundamental |
18,7% |
1 |
72,87 |
|
|
|
|
Médio |
20,4% |
1,11 |
|
1,09 |
1,14 |
<0,001 |
|
Região |
|
|
|
|
|
|
|
Norte |
21,3% |
1 |
161,20 |
|
|
|
|
Nordeste |
18,9% |
0,86 |
|
0,83 |
0,89 |
<0,001 |
|
Sudeste |
19% |
0,86 |
|
0,83 |
0,9 |
<0,001 |
|
Sul |
17,1% |
0,76 |
|
0,72 |
0,8 |
<0,001 |
|
Centro-Oeste |
20% |
0,92 |
|
0,88 |
0,96 |
<0,001 |
Conforme a tabela 4, fumar cigarro, narguilé ou cigarro eletrônico aumentaram as chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida em 2,22 (IC95%: 2,15 - 2,28), 1,77 (IC95%: 1,72 - 1,83) e 1,62 (IC95%:1,57 - 1,68) vezes, respectivamente. O uso de álcool (OD = 2,19 IC95%: 2,13 - 2,26) ou alguma droga ilícita (OD = 2,14: IC95%: 2,07 - 2,22), assim como maior quantidade de episódios de embriaguez, também se relacionou com maiores chances de reportar que a vida não vale a pena ser vivida. Quanto maior a frequência do consumo de drogas como maconha e crack, maior a chance de reportar que a vida não vale a pena ser vivida. Todos os resultados reportados na tabela 4 foram significativos considerando p < 0,01.
Tabela 4 - Percentual de adolescentes que responderam que a vida não vale a pena ser vivida por consumo de álcool, fumar cigarros e consumo de drogas ilícitas. Valores do qui-quadrado e odds rations da relação.
|
Variáveis |
Vida não vale a pena |
OD |
X2 |
IC95% |
P |
|
|
|
|
|
Inferior |
Superior |
|
|
|
Fumou cigarro |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
17,1% |
1 |
2.840,02 |
|
|
|
|
Sim |
31,4% |
2,22 |
|
2,15 |
2,28 |
<0,001 |
|
Fumou narquilé |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
18% |
1 |
1.427,73 |
|
|
|
|
Sim |
28% |
1,77 |
|
1,72 |
1,83 |
<0,001 |
|
Cigarro eletrônico |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
18,7% |
1 |
876,23 |
|
|
|
|
Sim |
27,2% |
1,62 |
|
1,57 |
1,68 |
<0,001 |
|
Bebida Alcoólica |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
12,9% |
1 |
2.562,11 |
|
|
|
|
Sim |
24,4% |
2,19 |
|
2,13 |
2,26 |
<0,001 |
|
Bêbado |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
20,1% |
1 |
987,14 |
|
|
|
|
1 a 5 vezes |
28,6% |
1,61 |
|
1,55 |
1,66 |
<0,001 |
|
6 ou mais |
31,5% |
1,82 |
|
1,74 |
1,92 |
<0,001 |
|
Uso drogas |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
18,4% |
1 |
|
|
|
|
|
Sim |
32,6% |
2,14 |
|
2,07 |
2,22 |
<0,001 |
|
Uso maconha |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
30,9% |
1 |
31,92 |
|
|
|
|
1 a 5 vezes |
35,3% |
1,22 |
|
1,13 |
1,31 |
<0,001 |
|
6 ou mais |
34,6% |
1,18 |
|
1,06 |
1,32 |
<0,05 |
|
Uso crack |
|
|
|
|
|
|
|
Não |
32,1% |
1 |
39,21 |
|
|
|
|
1 a 5 vezes |
44,2% |
1,67 |
|
1,35 |
2,07 |
<0,001 |
|
6 ou mais |
45,9% |
1,79 |
|
1,35 |
2,38 |
<0,001 |
DISCUSSÃO
Todas as hipóteses do estudo foram corroboradas pelos resultados. Tiveram maiores chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida adolescentes do sexo feminino (hipótese 1), não brancos (hipótese 2) e que utilizaram álcool, cigarros ou outras drogas (hipótese 3). Apesar de não ser um dos objetivos do estudo, os dados sobre a composição familiar chamaram atenção, pois foi encontrado que adolescentes que não moram com um dos pais apresentam maiores riscos de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Esses achados serão mais bem discutidos a seguir.
Ser mulher aumentou 2,4 vezes as chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida, quando comparado com ser homem. Esse resultado é coerente com o reportado pela PENSE 2015, quando as adolescentes do sexo feminino também apresentaram piores índices de saúde mental(31,32). Em estudo de delineamento transversal conduzido durante a pandemia de 2019, adolescentes brasileiras do sexo feminino apresentaram maior razão de prevalência para piores indicadores de saúde mental, tais como ansiedade e sintomas depressivos, do que adolescentes do sexo masculino(33). Adolescentes mulheres brasileiras também apresentaram maiores sintomas depressivos que os meninos(34). Uma possível explicação para esses resultados são os vários papeis que são atribuídos para as mulheres na sociedade, assim como o inerente processo de alteração hormonal característicos desse período que pode modificar o humor das mulheres mais fortemente(35).
Adolescentes que não moravam com a mãe ou com o pai apresentaram maiores chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Esses achados são coerentes com a literatura internacional em que adolescentes em lares monoparentais (somente com a mãe ou pai) apresentaram maiores chances de sintomas depressivos, ideação suicida(36) e problemas de saúde mental(37). Adolescentes alemães que vivem em uma família estruturada de forma monoparental também apresentaram menor satisfação com a vida(38). No Brasil nenhum estudo foi encontrado que avaliou a relação entre estrutura familiar (morar somente com um dos pais) e saúde mental dos adolescentes. Apesar da ausência de estudos específicos no Brasil, dados similares são reportados nacionalmente, como pior desfechos de saúde mental de adolescentes filhos de pais divorciados(39).
Ser um adolescente não branco aumentou as chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Esse achado é coerente com o reportado em estudos internacionais(19,20,40). Adolescentes do sexo masculino que se consideravam indígenas ou asiáticos apresentaram maiores riscos de reportarem um transtorno mental comum, quando comparados com brancos(41). Adolescentes norte-americanos brancos apresentaram menor sintomatologia depressiva quando comparado com adolescentes pretos, asiáticos e hispânicos(20) Uma possível explicação para esses resultados é que algumas pesquisas reportam que minorias (não necessariamente numéricas) costumam apresentar piores índices de saúde mental(19) e no Brasil o “não branco” é uma minoria socioeconômica. Em um contexto internacional, jovens negros dos Estados Unidos apresentaram pior amparo de serviços de apoio a saúde mental, o que pode explicar também esse pior desfecho na população negra(40).
O uso de cigarros foi a variável que mais que mais aumentou as chances de o adolescente reportar que a vida não vale a pena ser vivida (2,22 vezes). Dados da PeNSE de 2012 e 2015 já descreviam que adolescentes que fumaram cigarros nos últimos 30 dias tinham maiores chances de se sentirem sozinhos, não terem mais de um amigo e apresentarem problemas de sono(26,29). Na PeNSE de 2012 e 2015 o questionário de saúde mental ainda não contava com a pergunta “sinto que a vida vale a pena ser vivida”, por isso, é valido essa comparação com variáveis como “sentir sozinho” e “insônia”, pois são todos componentes de um grande bloco: saúde mental. Essa relação entre saúde mental e consumo de cigarro também é reportado ao redor do mundo, com adolescentes que fumam apresentando maiores sintomas depressivos(42). Além dos cigarros convencionais, fumar narguilé ou cigarro eletrônico aumentaram as chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Esses achados são coerente com a literatura internacional que reporta que o uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes é associado com maiores problemas de saúde mental(43).
Ter consumido álcool aumentou em 2,19 as chances do adolescente reportar que a vida não vale a pena ser vivida. Esse resultado era esperado para o cenário nacional. Na PeNSE de 2015 ter consumido bebida alcoólica aumentou as chances de piores condições de saúde mental nos adolescentes(26), resultado também reportado em 2012(29). Esses resultados podem ser justificados pelo fato dos adolescentes que consumem álcool tendem a apresentar menores índices de bem-estar(24) e menor satisfação com a vida(21) . O uso elevado de álcool também se mostrou como uma variável preocupante. Ter ficado embriagado mais de 6 vezes aumentou em 1,82 as chances de considerar que vida não vale a pena ser vivida. Essa relação é coerente com a literatura, pois o consumo elevado de álcool se relacionou com tentativas de suicídio(25), enfrentamento de sintomas depressivos(44) e ansiedade(45). Uma possível explicação para esses resultados é o motivo do consumo. Quando se analisa o motivo para o consumo entre os adolescentes, um dos principais é como recurso de enfrentamento para sintomas depressivos e ansiosos(44), assim como o uso excessivo se relacionou positivamente como estratégia de coping para sintomas depressivos(46).
Os adolescentes que relataram a experimentação de alguma droga ilícita tinham 2,14 vezes mais chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Resultado similar ao encontrado na PeNSE de 2012(29) e 2015(26), para as variáveis de pior saúde mental. Essa associação entre uso de substâncias ilícitas e piores desfechos de saúde mental é reportado também em amostras fora do Brasil(27,47,48). O consumo de substâncias ilícitas por adolescentes se relacionou com maiores sintomas depressivos em adolescentes estadunidenses(27) e finlandeses (48). Além dos sintomas depressivos, o uso de drogas se relacionou com maiores chances de tentativa de suicídio(47). Quando analisado o tipo de droga utilizada, os adolescentes que reportaram não terem consumido maconha nos últimos 30 dias tinham menores chances de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Esse achado era esperado, pois o uso de maconha por adolescentes é relacionado com piores condições e indicadores de saúde mental, tal como automutilação(23), suicídio(22) e menor satisfação com a vida(28). O uso de crack, por sua vez, aumentou mais que a maconha a chance de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Essa relação entre a utilização de drogas ilícitas e considerar que a vida não vale a pena ser vivida pode ser explicada pelo fato de uma vida sem significado pode ser tediosa, aumentando a chance de consumo desse tipo de substância(49).
Apesar dos resultados relevantes, a pesquisa possui algumas limitações. Não foi explorado se a relação encontrada entre as variáveis, são semelhantes entre os gêneros, cor/raça e idade. Seria interessante que futuras pesquisas aprofundassem nessas possíveis relações, como por exemplo, se a relação entre consumo de álcool e percepção que a vida não vale a pena ser vivida é semelhante em diferentes sexos, cor/raça ou idade. A pesquisa também utilizou de apenas uma das perguntas do questionário sobre saúde mental: “Nos últimos 30 dias, com que frequência você sentiu que a vida não vale a pena ser vivida?”, futuras pesquisas podem propor explorar as demais perguntas, ou o questionário como um todo.
CONCLUSÃO
Como hipotetizado, adolescentes do sexo feminino, não brancos e que consumiram álcool, cigarros e drogas ilícitas apresentaram maior probabilidade de considerar que a vida não vale a pena ser vivida. Os achados mostraram-se coerentes com outros estudos nacionais e internacionais, podendo subsidiar a formulação de políticas públicas voltadas para o consumo de álcool, cigarros e outras drogas. A relação entre morar apenas com um dos pais e a maior percepção de que a vida não vale a pena ser vivida, identificada neste estudo, tem sido pouco explorada na literatura nacional. Assim, futuras pesquisas que investiguem essa relação em amostras nacionais seriam de grande relevância.
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Fomento e Agradecimento:
Pesquisa sem financiamento.
Critérios de autoria (contribuições dos autores)
O autor contribuiu substancialmente na concepção e/ou no planejamento do estudo; contribuiu na redação e/ou revisão crítica e aprovação final da versão publicada.
Declaração de conflito de interesses
Nada a declarar.
Editor Científico: Ítalo Arão Pereira Ribeiro. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0778-1447
Rev Enferm Atual In Derme 2026;100(1): e026002