Figura 1 - Qualidade=
de
vida por domínios
![](3D"1196-Textodoartigo-PT_arquivos/image002.jpg")
Fonte: Elaborado pelos autores
ESTRESSE,
QUALIDADE DE VIDA E COPING EM
ENFERMEIROS ATUANTES EM UMA UNIDADE NEONATAL
STRESS,
QUALITY OF LIFE AND COPING IN NURSES WORKING IN A NEONATAL UNIT
ESTRÉS, CALIDAD DE VIDA Y MECANISMO DE SUPERVIVENCIA EN ENFERMEROS Q=
UE TRABAJAN EN UNA UNIDAD NEONATAL
Michelli Freitas=
da
Silva1
Adriana =
D. Rocha2
Ana Caro=
lina
Carioca da Costa3
Maria de
Fatima Junqueira Marinho4
1Inst=
ituto
Nacional em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira=
/
Fiocruz – Rio de Janeiro – Brasil – ORCID - 0000-0002-9479-5339
2Inst=
ituto
Nacional em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira=
/
Fiocruz - Rio de Janeiro – Brasil – ORCID - 0000-0002-0678-581X
3Inst=
ituto
Nacional em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira=
/
Fiocruz. – Rio de Janeiro – Brasil – ORCID
- 0000-0002-9456-3319
4Inst=
ituto
Nacional em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira=
/
Fiocruz – Rio de Janeiro – Brasil – ORCID -
0000-0001-7817-7891
Autor
correspondente:
Adria=
na
Duarte Rocha – CEP 22631052 – Tel: +55 (21) 991=
745016.
E-mail: rochachirol@gmail.com
RESUMO
Objetivo: Avaliar o estresse, qualidade =
de
vida e relacionar com estratégias de enfrentamento em enfermeiros atuantes =
na
unidade neonatal. Metodologia: estudo transversal do tipo descritivo,
com abordagem quantitativa, no período de junho a novembro de 2020 na UTI
Neonatal de uma instituição de Saúde no estado do Rio de Janeiro. Os
participantes do estudo foram 17 enfermeiros plantonistas possuindo vínculo=
de
trabalho que responderam três (3) questionários: Escala Bianchi de Stress –
EBS, World Health Organization Quality of Life - WHOQOL-bref
e Inventário de Estratégias de Coping=
de
Folkman e Lazarus. =
Resultados:
De acordo com a classificação do estresse, todos os domínios apresentaram m=
aior
frequência de enfermeiros com nível de estresse médio. Os domínios C
(atividades relacionadas à administração de pessoal), E (coordenação das
atividades da unidade) e F (condições de trabalho para desempenho das
atividades) também apresentaram enfermeiros com nível alto de estresse. O
domínio F apresentou um percentual de 100% de respondentes classificando co=
mo
estressor – Entre os itens deste domínio, predominou o nível de ruído na
unidade (29,8%) seguido de realizar tarefas com tempo mínimo disponível (29=
,6%)
e o ambiente físico da unidade (27,9%). Quando perguntadas sobre como
avaliariam a sua qualidade de vida, 52,9% das respondentes classificaram co=
mo
boa. Somente 5,9% responderam como ruim. Conclusão: Os profissionais
enfermeiros do estudo apresentam níveis médios e altos de estresse, entreta=
nto,
não afeta a qualidade de vida dos mesmos. Provavelmente porque diante do
estresse a estratégia mais utilizada é a de fuga/esquiva.
Palavras-chave:
Estresse
Fisiológico; Adaptação Psicológica; Qualidade d=
e Vida.
ABSTRACT
Objective: To evaluate stress, quality of life and relate it to coping
strategies in nurses working in the neonatal unit. Methodology: cross-secti=
onal
descriptive study, with a quantitative approach, from June to November 2020=
in the
neonatal ICU of a Health institution in the state of Rio de Janeiro. The st=
udy
participants were 17 nurses on duty with employment contract who answered t=
hree
(3) questionnaires: Bianchi Stress Scale - EBS, World Health Organization
Quality of Life - WHOQOL-bref and Folkman and L=
azarus
Coping Strategies Inventory. Results: According to the stress classificatio=
n,
all domains had a higher frequency of nurses with medium stress level. Doma=
ins
C (activities related to personnel administration), E (coordination of unit
activities) and F (working conditions to perform activities) also presented
nurses with a high level of stress. Domain F had a percentage of 100% of
respondents classifying it as a stressor - Among the items in this domain, =
the
noise level in the unit predominated (29.8%), followed by performing tasks =
with
minimum available time (29.6%) and physical environment of the unit (27.9%).
When asked how they would assess their quality of life, 52.9% of respondents
rated it as good. Only 5.9% responded as bad. Conclusion: The study nurses =
have
medium and high levels of stress, however, not affect their quality of life.
Probably due to in the face of stress, the most used strategy is
escape/avoidance.
Keywords: Physiological Stress;
Psychological Adaptation; Quality of Life.
RESUMEN
Objetivo: Evaluar el estré=
s,
la calidad de vida y relacionarlo con las estrategias de afrontamiento en
enfermeros que actúan en la unidad neonatal. Metodología: estudio descripti=
vo
transversal, con abordaje cuantitativo, de junio a noviembre de 2020 en la =
UTI
Neonatal de una institución de salud del estado de Río de Janeiro. Los
participantes del estudio fueron 17 enfermeros en turno que respondieron tr=
es cuestionarios:
Bianchi Stress Scale, Worl=
d
Health Organization=
Quality of Life
y Folkman and Lazarus Coping Strategies
Inventory. Resultados: De acuerdo con la
clasificación del estrés, todos los dominios presentaron mayor frecuencia de
enfermeros con nivel de estrés medio. Los dominios C (actividades relaciona=
das
con la administración del personal), E (coordinación de las actividades de =
la
unidad) y F (condiciones de trabajo para el desempeño de las actividades)
también presentaron a los enfermeros con alto nivel de estrés. El dominio F
presentó un porcentaje del 100% de los encuestados clasificándolo como estr=
esor
- Entre los ítems de este dominio, predominó el nivel de ruido en la unidad
(29,8%), seguido de la realización de tareas con mínimo tiempo disponible
(29,6%) y el ambiente físico de la unidad (27,9%). Cuando se les preguntó c=
ómo
calificarían su calidad de vida, el 52,9% de los encuestados la clasificó c=
omo
buena. Solo el 5,9% respondió como malo. Conclusión: Los profesionales de
enfermería del estudio presentan niveles medios y altos de estrés, sin emba=
rgo,
no afecta su calidad de vida. Probablemente porque ante el estrés la estrat=
egia
más utilizada es la de escape/evitación
Palabras cl= ave: E= strés Fisiológico; Adaptación Psicológica; Calidad<= /span> de Vida.
INTRODUÇÃO
Quando a vida começa
diferente, surge a necessidade de todo um aparato tecnológico para reduzir a
morbimortalidade desses recém-nascidos (RNs), c=
omo
monitores, bombas infusoras, ventiladores,
equipamentos, sem os quais a sobrevivência seria impossível. De acordo com =
Cheregatti e Amorim1, a Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) é um ambiente reservado, complexo, dotado de monitorização
contínua, vigilância 24 horas, equipamentos específicos e tecnologias
destinadas ao diagnóstico e tratamento terapêutico,
onde se admite pacientes potencialmente graves ou descompensados de =
um
ou mais sistemas orgânicos1.
Os profissionais que
atuam na unidade neonatal atendem uma população muito peculiar, havendo gra=
nde
número de recém-nascidos pré-termo, com malformações, síndromes genéticas e
recém-nascidos fora de possibilidade terapêutica. O profissional lida
diariamente com essa problemática, assistindo n=
ão só
o recém-nascido internado, mas toda a rede familiar que o circunda.
O enfermeiro é o
profissional que presta assistência ao paciente e família, principalmente na
área hospitalar, convivendo com aspectos conflitantes como o nascimento e a=
morte2.
Cuidar de algo tão
essencial por si só já seria estressante, mas ainda existem os elevados nív=
eis
de ruídos causados por alarmes dos equipamentos, podendo ser um agente de doenças de ordem psicológica, estresse,
distúrbios na comunicação e no desempenho de tarefas mentais3.
Além disso, o enferme=
iro
é obrigado a encarar questões como a superlotação, provocada pela insuficiê=
ncia
de leitos de terapia intensiva neonatal em todo o estado, no que se refere =
ao
Rio de Janeiro; flutuação no abastecimento de insumos; e número de
profissionais insuficientes, diante das necessidades do setor.
A Organização Interna= cional do Trabalho (OIT)4, destaca os fatores psicossociais e o estresse relacionado com a atividade laboral como riscos emergentes e relacionados com as novas características do trabalho.<= o:p>
Alguns profissionais utilizam estratégias
intencionais, cognitivas e comportamentais para se adaptarem a essas
circunstâncias adversas ou estressante, o que são chamados de estratégias de
enfrentamento ou coping
4.
Entendendo que o
indivíduo precisa estar motivado para desenvolver suas funções e para
contribuir em sua prática profissional, é imprescindível compreender os fat=
ores
que podem interferir diretamente nessa motivação.
Portanto, o presente
estudo pretende estudar a maneira como o indivíduo é afetado na sua prática
profissional e as estratégias utilizadas para enfrentamento das situações
estressoras.
MÉTODO
Tratou-se
de um estudo transversal do tipo descritivo, com abordagem quantitativa
realizado no período de junho de 2020 a novembro de 2020.
O
estudo foi desenvolvido em uma unidade neonatal de um hospital terciário de
referência na área de atenção à saúde do recém-nascido no Estado do Rio de
Janeiro.
O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o número de
parecer 3.747.500 CAAE20291119.7.0000.5269 e foi solicitado o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido dos voluntários.
O espaço físico desta unidade é cadastrado no Ministério da Saúde c=
om a capacidade de internação de 26 leitos, sendo estes distribuídos em:=
14
leitos para a UTIN, 08 leitos para UCINCO e 04 leitos para UCINCA, com
atendimento prioritário aos recém-nascidos prematuros, cirúrgicos, com
síndromes e anomalias congênitas.
Foram incluídos no estudo Enfermeiros (estatutários e terceirizados)
que atuam direta e sistematicamente na assistência neonatal, totalizando 18
profissionais, que atuam em regime de plantão, diurno e noturno.
Os
enfermeiros responderam a três (3) questionários, sendo, um para avaliação de stress (Escala Bianchi de Stress=
-
EBS)2, um para avaliação de qualidade de vida (World Health
Organization Quality of Life - WHOQOL-bref)
Os profissionais enfermeiros do turno diurno foram abordados no momento de descanso após almoço e aqueles do turno noturno, foram abordados no início = do expediente. Os impressos foram entregues grampeados dentro de um envelope.<= o:p>
RESULTADOS
Para
caracterização dos voluntários buscou-se evidenciar os aspectos pessoais e
profissionais. Entre os 17 enfermeiros observou-se que todos são do sexo
feminino. A média de idade das profissionais é de 39.8 anos (DP=3D 8.6)
No
que diz respeito aos aspectos pessoais, 76.5% das respondentes possuem
companheiro (a) e 47.1% possuem filhos. Responderam ser arrimo de família 5=
2,9%
das entrevistadas.
No
que tange os aspectos profissionais, o tempo médio de tempo atuante as na N=
eonatologia
é em média por 15.9 anos (DP =3D 9.0). A média de tempo de atuação na insti=
tuição
pesquisada foi de 9.8 anos (DP =3D 7.0). Entre as participantes do estudo, =
70.6%
são servidoras e 75% cursaram mestrado ou doutorado.
Relataram
trabalhar somente no período noturno, 41,2% da amostra. 76% das respondentes
trabalham somente na instituição estudada. Somente uma pessoa trabalha mais=
de
quarenta horas semanais.
Entre
as 17 respondentes, 11,8% relataram ter / ou ter tido sintomas de depressão=
e
47,1% de ansiedade. Entretanto, somente 11,8% do total das respondentes faz
acompanhamento médico.
De
acordo com a classificação do estresse, todos os domínios apresentaram maior
frequência de enfermeiros com nível de estresse médio. (tabela 2)
Os
domínios C (atividades relacionadas à administração de pessoal), E
(coordenação das atividades da unidade) e F (condições de trabalho para
desempenho das atividades) também apresentaram enfermeiros com nível alto de
estresse (tabela 1).
Considerando-se o nível de es=
tresse
baixo, o domínio B (Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da
unidade) predominou com 56,3%.
<=
b>
<=
b>Tabela 1 - Distribuição percentual dos enfermeiros
hospitalares de acordo com a classificação do estresse geral e média do esc=
ore
para cada domínio da Escala Bianchi de Stress
|
|
Class=
ificação
do Estresse |
|
|||||
|
Escala |
nível=
|
baixo |
nível=
|
médio |
nível |
alto |
Média± DP<= o:p> |
|
|
n |
% |
N |
% |
n |
% |
|
|
Domínio A –
Relacionamento com outras unidades e supervisores |
3 |
17,6<= o:p> |
14 |
82,4<= o:p> |
- |
- |
3,6 ±=
1,1 |
|
Domínio B –
Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade |
9 |
56,3<= o:p> |
7 |
43,8<= o:p> |
- |
- |
2,9 ±=
1,6 |
|
Domínio C –
Atividade relacionada à administração de pessoal |
3 |
17,6<= o:p> |
12 |
70,6<= o:p> |
2 |
11,8<= o:p> |
4,2 ±=
1,2 |
|
Domínio D –
Assistência de enfermagem prestada ao paciente |
3 |
17,6<= o:p> |
14 |
82,4<= o:p> |
- |
- |
4,1 ±=
1,0 |
|
Domino E –
Coordenação das atividades da unidade |
4 |
23,5<= o:p> |
11 |
64,7<= o:p> |
2 |
11,8<= o:p> |
3,9 ±=
1,2 |
|
Domínio F –
Condições de trabalho para desempenho das atividades |
- |
- |
15 |
88,2<= o:p> |
2 |
11,8<= o:p> |
4,6 ±=
0,9 |
Fonte: Elaborado pelos autores
O domínio F apresentou um
percentual de 100% de respondentes classificando como estressor – Entre os
itens deste domínio, predominou o nível de ruído na unidade (29,8%) seguido=
de
realizar tarefas com tempo mínimo disponível (29,6%) e o ambiente físico da
unidade (27,9%).
Quando perguntadas sobre como
avaliariam a sua qualidade de vida, 52,9% das respondentes classificaram co=
mo
boa. Somente 5,9% responderam como ruim.
A média do escore da
qualidade de vida por domínio está na tabela 2. Observa-se menor escore no
domínio meio ambiente (62,8 ± 9,5) e o maior no domínio relações sociais (7=
3,5
± 8,9).
Tabela 2 - Análise
descritiva do escores alcançados em cada domínio de qualidade de vida por t=
odos
os participantes do estudo (n=3D17)
|
Domínio=
|
Média |
Desvio-=
padrão |
|
Físico<= o:p> |
69,9 |
11,2 |
|
Psicoló=
gico |
69,3 |
13,6 |
|
Relações
Sociais |
73,5 |
8,9 |
|
Meio
Ambiente |
62,8 |
9,5 |
Fonte: Elaborado pelos autores
No que tange à própria saúde,
somente 23,5% das enfermeiras responderam estar insatisfeitas. Este mesmo
percentual respondeu que a dor física impede de fazer o que precisa ser fei=
to.
Entretanto, chama a atenção que 58,8% responder=
am que precisam
“bastante” de algum tratamento médico e 29,4% precisa “extremamente” de alg=
um
tratamento médico para levar sua vida diária, perfazendo um total de 88,2%.=
No que diz respeito ao domínio psicológico, considerando a resposta
positiva bastante/muito/satisfeito e extremamente/completamente/muito
satisfeito observa-se um percentual elevado de respostas positivas (68,2%).
Porém em uma pergunta desse domínio, 64,7% das respondentes disseram ter
sentimentos negativos, tais como mau humor, desespero, ansiedade e depressã=
o. Sobre
as relações sociais, observamos 88,6% de repostas positivas.
No domínio meio ambiente,
considerando como nada/muito ruim; muito pouco/ruim e mais ou menos/nem ruim
nem boa, como respostas negativas observamos um percentual de 50%. <=
span
style=3D'font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman",se=
rif;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR'>A
qualidade de vida no domínio meio ambiente mostrou-se significativamente me=
nor
do que no domínio físico (p=3D0,041) e no domínio relações sociais (p=3D0,0=
2). (figura 1)
Figura 1 - Qualidade=
de
vida por domínios
Fonte: Elaborado pelos autores
Podemos observar na tabela 3 =
que
apesar de não ter sido verificada diferença estatisticamente significativa,=
no
que diz respeito às condições de trabalho para o desempenho das atividades =
do
enfermeiro, aqueles com nível médio de estresse apresentaram, em média, mai=
or
qualidade de vida no quesito ‘Relações sociais’ do que aqueles com alto nív=
el
de estresse. Por outro lado, os profissionais com nível alto de estresse
apresentaram maiores pontuações no domínio ‘Meio ambiente’.
Tabela 3 - Estresse labor=
al e
qualidade de vida dos participantes do estudo (n=3D17)
|
|
Q1 - Relacionamento com outras
unidades e supervisores |
|
|||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
||||
|
Media |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
Média |
Desvio padrão |
P* |
|
|
Q2 - Domínio físico |
76,19 |
19,67 |
68,62 |
9,31 |
. |
. |
0,38 |
|
Q2 – Domínio psicológico |
73,61 |
17,35 |
68,45 |
13,35 |
. |
. |
0,50 |
|
Q2 - Relações sociais |
75,00 |
14,43 |
73,21 |
8,12 |
. |
. |
0,80 |
|
Q2 - Meio ambiente |
66,67 |
4,77 |
62,05 |
10,24 |
. |
. |
0,58 |
Continuação da tabela 3. Estresse laboral=
e
qualidade de vida dos participantes do estudo (n=3D17)
|
|
Q1 - Atividades relacionadas ao
funcionamento adequado da unidade |
|
||||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
|||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
P* |
||
|
Q2 - Domínio físico |
71,43 |
11,98 |
70,41 |
10,04 |
. |
. |
0,89 |
|
|
Q2 - Domínio psicológico |
75,00 |
11,60 |
64,29 |
14,20 |
. |
. |
0,14 |
|
|
Q2 - Relações sociais |
75,93 |
10,58 |
71,43 |
6,56 |
. |
. |
0,63 |
|
|
Q2 - Meio ambiente |
63,54 |
11,27 |
62,05 |
8,54 |
. |
. |
0,51 |
|
|
|
Q1 - Atividades relacionadas à
administração de pessoal |
|
||||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
|||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
P* |
||
|
Q2 - Domínio físico |
63,10 |
10,91 |
73,51 |
10,71 |
58,93 |
2,53 |
0,11 |
|
|
Q2 - Domínio psicológico |
68,06 |
15,77 |
72,92 |
11,45 |
50,00 |
11,79 |
0,16 |
|
|
Q2 - Relações sociais |
72,22 |
4,81 |
75,00 |
9,40 |
66,67 |
11,79 |
0,66 |
|
|
Q2 - Meio ambiente |
64,58 |
3,61 |
61,46 |
10,69 |
68,75 |
8,84 |
0,73 |
|
|
|
Q1 - Assistência de enfermagem
prestada ao paciente |
|
||||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
|||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
P* |
||
|
Q2 - Domínio físico |
73,81 |
17,62 |
69,13 |
10,26 |
. |
. |
0,55 |
|
|
Q2 - Domínio psicológico |
72,22 |
16,84 |
68,75 |
13,55 |
. |
. |
0,82 |
|
|
Q2 - Relações sociais |
77,78 |
12,73 |
72,62 |
8,29 |
. |
. |
0,62 |
|
|
Q2 - Meio ambiente |
65,63 |
3,13 |
62,28 |
10,43 |
. |
. |
0,74 |
|
|
|
Q1 - Coordenação das atividades da
unidade |
|
||||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
|||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
P* |
||
|
Q2 - Domínio físico |
66,07 |
13,83 |
72,40 |
10,84 |
64,29 |
10,10 |
0,49 |
|
|
Q2 - Domínio psicológico |
69,79 |
14,58 |
69,32 |
14,59 |
68,75 |
14,73 |
1,00 |
|
|
Q2 - Relações sociais |
77,08 |
10,49 |
71,97 |
5,62 |
75,00 |
23,57 |
0,69 |
|
|
Q2 - Meio ambiente |
60,94 |
5,41 |
63,64 |
10,20 |
62,50 |
17,68 |
0,71 |
|
Continuação da tabela 3. Estresse laboral=
e
qualidade de vida dos participantes do estudo (n=3D17)
|
|
Q1 - Condições de trabalho para o
desempenho das atividades do enfermeiro |
|
|||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
P* |
|
|
Q2 - Domínio físico |
. |
. |
70,48 |
11,49 |
66,07 |
12,63 |
0,65 |
|
Q2 - Domínio psicológico |
. |
. |
70,00 |
14,28 |
64,58 |
8,84 |
0,46 |
|
Q2 - Relações sociais |
. |
. |
75,00 |
8,33 |
62,50 |
5,89 |
0,06 |
|
Q2 - Meio ambiente |
. |
. |
61,46 |
9,28 |
73,44 |
2,21 |
0,06 |
* Kruskal-Wallis
Test
Fonte: Elaborado pelos autores
A principal estratégia utiliz= ada pelos entrevistados frente o estresse derivado do relacionamento com outras unidades e supervisores foi fuga-esquiva, em que se verificou que os profissionais com maior estresse apresentaram pontuações significativamente maiores no fator fuga-esquiva (p=3D0,01). Naquele estresse derivado das atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade, maiores nívei= s de estresse foram associados a maiores índices de suporte social (p=3D0,05). <= o:p>
Já em relação às atividades
relacionadas à administração de pessoal, maiores níveis de estresse estiver=
am
associados a maiores pontuações na estratégia afastamento (p=3D0,03). Quant=
o à
coordenação das atividades da unidade, as duas estratégias que estiveram
associadas a um maior nível de estresse foram autocontrole (p=3D 0,01) e
fuga/esquiva (p =3D 0,04).
Tabela 5 - Níveis de
estresse laboral e estratégias de coping utilizadas pelas participantes do estudo
|
|
Q1 - Relacionamento com outras
unidades e supervisores |
|
|||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
p |
|
|
Fator 1 - Confronto |
1,25 |
0,12 |
1,26 |
0,37 |
. |
. |
0,88 |
|
Fator 2 - Afastamento |
0,50 |
0,00 |
1,11 |
0,40 |
. |
. |
0,10 |
|
Fator 3 - Autocontrole |
0,93 |
0,30 |
1,64 |
0,58 |
. |
. |
0,15 |
|
Fator 4 - Suporte social |
1,67 |
0,47 |
1,63 |
0,34 |
. |
. |
0,99 |
|
Fator 5 - Aceitação de responsabilidade |
1,00 |
0,35 |
1,63 |
0,65 |
. |
. |
0,25 |
|
Fator 6 - Fuga-esquiva |
0,19 |
0,09 |
1,04 |
0,40 |
. |
. |
0,01 |
|
Fator 7 - Resolução de problemas |
1,67 |
0,24 |
1,76 |
0,53 |
. |
. |
0,67 |
|
Fator 8 - Reavaliação positiva |
1,50 |
0,51 |
1,68 |
0,39 |
. |
. |
0,64 |
Continuação da tabela 5=
. Níveis de estresse laboral e estratégias de
|
|
Q1 - Atividades relacionadas ao
funcionamento adequado da unidade |
|
||||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
|||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
p |
||
|
Fator 1 - Confronto |
1,13 |
0,35 |
1,40 |
0,32 |
. |
. |
0,14 |
|
|
Fator 2 - Afastamento |
0,96 |
0,40 |
1,19 |
0,42 |
. |
. |
0,32 |
|
|
Fator 3 - Autocontrole |
1,32 |
0,52 |
1,88 |
0,59 |
. |
. |
0,08 |
|
|
Fator 4 - Suporte social |
1,46 |
0,29 |
1,79 |
0,31 |
. |
. |
0,05 |
|
|
Fator 5 - Aceitação de responsabilidade |
1,38 |
0,68 |
1,79 |
0,62 |
. |
. |
0,19 |
|
|
Fator 6 - Fuga-esquiva |
0,92 |
0,39 |
1,05 |
0,50 |
. |
. |
0,92 |
|
|
Fator 7 - Resolução de problemas |
1,65 |
0,37 |
1,86 |
0,66 |
. |
. |
0,32 |
|
|
Fator 8 - Reavaliação positiva |
1,50 |
0,38 |
1,82 |
0,38 |
. |
. |
0,17 |
|
|
|
Q1 - Atividades relacionadas à
administração de pessoal |
|
||||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
|||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
p |
||
|
Fator 1 - Confronto |
1,50 |
,44 |
1,20 |
,32 |
1,25 |
,35 |
0,42 |
|
|
Fator 2 - Afastamento |
,78 |
,25 |
,98 |
,38 |
1,67 |
,24 |
0,03 |
|
|
Fator 3 - Autocontrole |
1,43 |
,38 |
1,45 |
,62 |
2,29 |
,00 |
0,31 |
|
|
Fator 4 - Suporte social |
1,56 |
,51 |
1,65 |
,31 |
1,67 |
,47 |
0,99 |
|
|
Fator 5 - Aceitação de responsabilidade |
1,83 |
,72 |
1,36 |
,63 |
2,13 |
,18 |
0,34 |
|
|
Fator 6 - Fuga-esquiva |
1,04 |
,14 |
,77 |
,42 |
1,63 |
,53 |
0,06 |
|
|
Fator 7 - Resolução de problemas |
1,56 |
,51 |
1,85 |
,45 |
1,50 |
,94 |
0,65 |
|
|
Fator 8 - Reavaliação positiva |
1,76 |
,68 |
1,65 |
,35 |
1,57 |
,40 |
0,82 |
|
Continuação da tabela 5=
. Níveis de estresse laboral e estratégias de
|
|
Q1 - Assistência de enfermagem
prestada ao paciente |
|
|||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
p |
|
|
Fator 1 - Confronto |
1,33 |
0,17 |
1,24 |
0,38 |
. |
. |
0,77 |
|
Fator 2 - Afastamento |
0,78 |
0,48 |
1,09 |
0,41 |
. |
. |
0,40 |
|
Fator 3 - Autocontrole |
1,19 |
0,50 |
1,64 |
0,60 |
. |
. |
0,30 |
|
Fator 4 - Suporte social |
1,67 |
0,33 |
1,63 |
0,35 |
. |
. |
0,90 |
|
Fator 5 - Aceitação de responsabilidade |
1,17 |
0,38 |
1,63 |
0,67 |
. |
. |
0,35 |
|
Fator 6 - Fuga-esquiva |
0,50 |
0,54 |
1,03 |
0,42 |
. |
. |
0,14 |
|
Fator 7 - Resolução de problemas |
1,94 |
0,51 |
1,71 |
0,51 |
. |
. |
0,58 |
|
Fator 8 - Reavaliação positiva |
1,76 |
0,58 |
1,64 |
0,37 |
. |
. |
0,68 |
|
|
Q1 - Coordenação das atividades da
unidade |
|
|||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
p |
|
|
Fator 1 - Confronto |
1,13 |
0,16 |
1,28 |
0,42 |
1,42 |
0,12 |
0,59 |
|
Fator 2 - Afastamento |
0,75 |
0,29 |
1,07 |
0,40 |
1,42 |
0,59 |
0,23 |
|
Fator 3 - Autocontrole |
0,89 |
0,21 |
1,77 |
0,51 |
1,79 |
0,71 |
0,01 |
|
Fator 4 - Suporte social |
1,50 |
0,43 |
1,73 |
0,32 |
1,42 |
0,12 |
0,34 |
|
Fator 5 - Aceitação de responsabilidade |
1,00 |
0,20 |
1,63 |
0,66 |
2,25 |
0,00 |
0,07 |
|
Fator 6 - Fuga-esquiva |
0,56 |
0,46 |
1,00 |
0,45 |
1,31 |
0,09 |
0,04 |
|
Fator 7 - Resolução de problemas |
1,33 |
0,41 |
1,88 |
0,50 |
1,92 |
0,35 |
0,20 |
|
Fator 8 - Reavaliação positiva |
1,36 |
0,38 |
1,77 |
0,39 |
1,71 |
0,20 |
0,21 |
Continuação da tabela 5=
. Níveis de estresse laboral e estratégias de
|
|
Q1 - Relacionamento com outras
unidades e supervisores |
|
||||||||
|
Baixo nível de estresse |
Médio nível de estresse |
Alto nível de estresse |
|
|||||||
|
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
média |
Desvio padrão |
p |
||||
|
Fator 1 - Confronto |
1,25 |
,12 |
1,26 |
,37 |
. |
. |
0,32 |
|||
|
Fator 2 - Afastamento |
,50 |
,00 |
1,11 |
,40 |
. |
. |
0,01 |
|||
|
Fator 3 - Autocontrole |
,93 |
,30 |
1,64 |
,58 |
. |
. |
0,52 |
|||
|
Fator 4 - Suporte social |
1,67 |
,47 |
1,63 |
,34 |
. |
. |
0,67 |
|||
|
Fator 5 - Aceitação de responsabilidade |
1,00 |
,35 |
1,63 |
,65 |
. |
. |
0,35 |
|||
|
Fator 6 - Fuga-esquiva |
,19 |
,09 |
1,04 |
,40 |
. |
. |
0,48 |
|||
|
Fator 7 - Resolução de problemas |
1,67 |
,24 |
1,76 |
,53 |
. |
. |
0,72 |
|||
|
Fator 8 - Reavaliação positiva |
1,50 |
,51 |
1,68 |
,39 |
. |
. |
0,32 |
|||
|
|
||||||||||
* Kruskal-Wallis
Test
Fonte:
Elaborado pelos autores
DISCUSSÃO
Em
relação a faixa etária, há um predomínio de profissionais entre 31 e 50 anos
que vai ao encontro de estudos que também tem a finalidade de avaliar o
estresse em enfermeiros em unidades hospitalares10, 12.
Por
se tratar de uma área com demanda muito específica, em uma instituição onde=
a
especialização na área é um pré-requisito para o cargo, podemos observar uma
proximidade nos valores relacionados a média do tempo de formação (16,4 ano=
s) e
do tempo de atuação em neonatologia (15,9 anos).
A uni=
dade
de terapia intensiva neonatal é um setor no hospital / maternidade que assi=
ste
de forma ininterrupta pacientes críticos, onde os profissionais estão
constantemente expostos a situações estressantes por conta das emergências =
que
se apresentam, ruídos, morte de paciente, entre outros. Com isso, os
profissionais, em especial os de enfermeiros, precisam assumir uma postura =
de
alerta constante 10,13.
As participantes da
pesquisa avaliaram sua percepção quanto aos níveis de estresse através das =
51
questões presentes na EBS. Levando em consideração o escore médio total, foi
possível observar que há uma maior frequência de enfermeiras com médio níve=
l de
estresse. Resultados similares foram encontrados em pesquisa realizada para
estudar a influência das variáveis sociodemográficas na percepção do estres=
se,
onde os enfermeiros participantes apresentam nível médio de estresse11=
.
Essa escala é subdivi=
dida
em seis domínios e observamos um menor nível de estresse no domínio B que e=
stá
relacionado com o funcionamento adequado da unidade. Interessante notar que
este resultado vai de encontro ao publicado por Rodriques14, que
através de um estudo de revisão, observou que entre os artigos analisados, =
100%
deles citam o gerenciamento da unidade como a categoria mais estressante pa=
ra a
equipe de enfermagem.=
Porém, ao analisar as
atividades que produzem maior nível de estresse, podemos encontrar enfermei=
ras
com nível alto de estresse em domínios relacionados com administração de
pessoal (C), coordenação de atividades da unidade (E) e condições para
desempenho das atividades (F). Esse resultado também foi observado em estudo
realizado em uma unidade de terapia intensiva de crianças em Fortaleza=
15.
No nosso estudo, domí=
nio
F foi considerado estressor (médio e alto) para 100% dos respondentes, houve
predominância no item relacionado com o nível de ruído na unidade (29,8%)
seguido de realizar tarefas com tempo mínimo disponível (29,6%) e o ambiente
físico da unidade (27,9%). Esses dados corroboram com outros estudos onde f=
oram
observadas as mesmas atividades como mais estressantes em enfermeiros que
trabalham em terapia intensiva 8, 11, 15,16.
No estudo realizado p=
or pelo
autor16 foi observado que as atividades do domínio F causam níve=
is
altos de estresse, e pondera que em hospitais da esfera pública por apresen=
tar
estrutura precária favorece tais níveis de estresse16. Versa, em seu estudo, destaca que deve =
ser
dada uma maior atenção ao domínio condições de trabalho, visto que a estrut=
ura
precária dos hospitais, em especiais os da esfera pública, gera mais sofrim=
ento
que prazer no trabalho, favorecendo o desenvolvimento do estresse entre os
enfermeiros17.
O ambiente da UTI
neonatal é constituído de inúmeras tecnologias para monitorização que impli=
cam
em alto nível de ruído. São equipamentos indispensáveis para o acompanhamen=
to
clínico do RN, mas a poluição sonora proveniente dessa tecnologia se tornou=
um
problema amplamente discutido com o passar dos anos. Segundo o autor18=
,
o alarme constitui um importante fator de estresse e fadiga, além dos ruídos
gerados pelos profissionais responsáveis pelo tratamento do RN18=
.
O gerenciamento do te=
mpo
do enfermeiro é uma ferramenta capaz de organizar o serviço e auxiliar na
tomada de decisão, permitindo assim, melhorias na qualidade da assistência<=
sup>19.
O trabalho realizado pelo enfermeiro na UTI neonatal exige um ritmo acelera=
do e
intenso de atividades. A necessidade de realizar tarefas com tempo mínimo e=
stá
diretamente ligada ao quantitativo de profissionais lotados na unidade. A f=
alta
de recursos humanos interfere diretamente na qualidade da assistência, pois=
faz
com que algumas atividades sejam realizadas em detrimento de outras. Essas
questões influenciam no processo de trabalho e podem gerar pressões
psicológicas predispondo ao estresse ocupacional20,21,22.
O presente estudo tam=
bém
foi realizado num hospital público, onde a estrutura física e quantitativo =
de
pessoal também são precários, o que pode contribuir para o resultado elevad=
o de
estresse no domínio F.
Por meio desses achad=
os,
torna-se necessária uma maior atenção ao domínio das condições de trabalho,
avaliando a implementação de mudanças com o intuito de minimizar impacto dos
fatores estressores identificados no estudo na atuação dos enfermeiros na U=
TI
neonatal.
Com relação aos domín=
ios
C e E, o fato de encontrarmos a administração de
pessoal e a coordenação de atividades da unidade como estressores, pode est=
ar
relacionada com a responsabilidade do enfermeiro frente a questões com maior
interação o que aumenta a probabilidade de existência de conflitos
interpessoais 10.
Os autores2=
3 relat=
aram
em seu estudo que as dificuldades relacionadas com administração de pessoal referem-s=
e à
delegação de atividades e exercício de comando e liderança. O aut=
or 18
=
em seu
estudo também identificou como uma das situações estressoras no ambiente
ocupacional as situações vivenciadas no exercício da liderança23=
.
Assim como no estudo dos autores supracitados, possivelmente este seja a razão de haver, no presente estudo, enfermeiras c= om níveis altos de estresse no domínio C e E = 23.
O
enfermeiro precisa respeitar e entender as diversas formas de sentimentos e
comportamentos humanos. São situações dependentes da qualidade
das relações humanas, trabalho que envolve tensão emocional, desgaste físic=
o e
psíquico.
No
estudo de revisão realizada por Rodrigues, a
categoria relacionamento interpessoal foi mencionada como estressor em 76,9%
dos artigos científicos analisados14. O relacionamento entre os
membros da equipe também é enfatizado, pois podem interferir na assistência=
ao
paciente e na satisfação do trabalho.
No
presente estudo não observamos correlação entre estresse ocupacional e
qualidade de vida. Enquanto 52,9% das enfermeiras informaram
possuir uma boa qualidade de vida, apenas 5,9% classificaram sua qualidade =
de
vida como ruim. Resultado similar foi encontrado em estudo realizado sobre o
impacto do estresse na qualidade de vida dos trabalhadores de enfermagem
hospitalar, onde se obteve a média de 63%19.
O domínio das relações sociais obteve a média mais
elevada evidenciando que as relações pessoais, sociais e suporte social
favorecem a qualidade de vida. Observamos também 88,6% de repostas positiva=
s.
Nesse domínio são observadas questões referentes ao nível de satisfação com=
as
pessoas do círculo social, o apoio que recebe e a satisfação com a atividade
sexual. Os achados convergem com estudos que avaliam a qualidade de vida do
trabalhador de enfermagem (71,24)19,24.
Em contrapartida, dom=
ínio
que apresentou o menor escore foi o que diz respeito ao meio ambiente. Ainda
com relação a esse domínio,
considerando respostas como nada/muito ruim; muito pouco/ruim e mais ou
menos/nem ruim nem boa, como respostas negativas observamos um percentual de
50%. Outro estudo abordando qualidade de vida dos trabalhadores de enfermag=
em
de unidades de terapia intensiva refere esse sendo o domínio com men=
or
escore25.
As questões envolvidas na obtenção desse resultado podem variar de acordo com a percepção do entrevistado. Nesse domínio estão incluídas perguntas relacion= adas à segurança, ambiente físico, dinheiro, informações, oportunidade de lazer, condições do local onde mora, acesso a serviços de saúde, meios de transpor= te que podem caracterizar uma dificuldade em lidar com eventos do cotidiano. <= o:p>
Cabe
ressaltar que o presente estudo foi realizado numa cidade metropolitana ond=
e o
indicador de letalidade violenta, correspondente à soma das vítimas de
homicídio doloso, morte por intervenção de agente do Estado, roubo seguido =
de
morte (latrocínio) e lesão corporal seguida de morte totalizou 4.907 vítima=
s em
2020 26.
Além
da questão da violência, a metrópole do Rio de Janeiro foi apontada em um
estudo realizado pela empresa inglesa de consultoria Expert Market, como
Baixos
percentuais no domínio meio ambiente podem também estar relacionados ao fat=
o da
amostra ser composta por indivíduos que atuam em um ambiente estressante,
caracterizado por alta carga de trabalho, ruidoso, onde há uma maior
possibilidade de desenvolver dores musculares, problema de sono, lesões de
esforço repetitivo e alterações da mobilidade que interferem diretamente co=
m a qualidade
de vida.
No que tange à própria saúde,
somente 23,5% das enfermeiras responderam estar insatisfeitas, o que indica=
que
a maioria das entrevistadas possui uma avaliação aceitável das condições
físicas. Este mesmo percentual respondeu que a dor física impede de fazer o=
que
precisa ser feito. Entretanto, chama a atenção que 58,8% respondeu que prec=
isa
“bastante” de algum tratamento médico e 29,4% precisa “extremamente” para l=
evar
sua vida diária, perfazendo um total de 88,2%.
Os itens principais desse dom=
ínio
estão relacionados à dependência de medi=
cação,
dor ou desconforto que dificultem a locomoção, satisfação com o sono e ener=
gia
para atividades do dia-a-dia, desequilíbrios orgânicos que impa=
ctam
no bem-estar físico e psicológico Isso pode estar relacionado =
com
o acúmulo de processos desenvolvidos pelas enfermeiras que podem prejudicar=
a
qualidade de vida desse profissional.
Apesar de 68,2% dos entrevistados apresentarem respostas positivas no domínio psicológico, evidenciando estarem satisfeitos consigo mesmo e com sua aparência, uma parcela significativa da amostra apresenta sentimentos negativos (64,7%). É importante ressaltar que no questionário sociodemográfico 11,8% das respondentes relataram ter / ou ter tido sintoma= s de depressão e 47,1% de ansiedade. Entretanto, somente 11,8% faz acompanhamento médico.
Ter sentimentos negativos faz parte do dia a dia, entretanto, há
estratégias para lidar com tais sentimentos não afetando a qualidade de vid=
a.
Ao se deparar com eventos estressores, o indivíduo acaba desenvolvendo
mecanismos/estratégias para lidar com a situação. Em nosso estudo procuramos
relacionar as atividades que desencadearam o maior nível de estresse com as
estratégias de enfrentamento utilizadas.
As principais estratégias encontradas foram: fuga/esquiva - utilizada contra o estresse gerado pelo relacionamento com outras unidades e pela coordenação das atividades da unidade; suporte social - utilizado em questõ= es ao funcionamento adequado da unidade; afastamento – estratégia mais utiliza= da com questões relacionadas à administração de pessoal e autocontrole – assoc= iada ao maior nível de estresse quanto à coordenação das atividades da unidade.<= o:p>
Segundo os autores7,
fuga/esquiva é uma estratégia focada na emoção e considerada menos resoluti=
va,
pois pode levar à utilização de mecanismos defensivos de distanciamento da
realidade que são pouco efetivos no gerenciamento ou resolução do estresse<=
sup>7.
O indivíduo evita o confronto efetuando uma série de manobras para se
distanciar da ameaça. Não há alteração do estressor, apenas uma tentativa de
lidar com os efeitos dele.
=
Estratégia
de enfrentamento semelhante foi utilizada pela maioria dos estudantes de
enfermagem diante do estresse universitário em uma universidade no sul do
Brasil em 2015. Foi observado que os estudantes tentam escapar do problema =
de
forma ilusória ou imaginária, fantasiando situações e minimizando a gravida=
de
da situação28.
=
Em
outro estudo sobre as estratégias de coping
utilizadas pelos trabalhadores de enfermagem frente ao processo de morte e
morrer em unidade de terapia intensiva neonatal, esse mecanismo foi o menos
utilizado (42,05%)29.
=
No que
diz respeito ao estressor relacionamento com outras unidades e supervisores,
observamos que os profissionais com maior nível de estresse utilizaram a
estratégia fuga/esquiva. Provavelmente esta atitude esteja
relacionada à dificuldade em assumir papel de liderança e dificuldades de l=
idar
com conflitos.
=
Segundo
o autor 30, o suporte social é uma interação útil que pode ser
considerado recurso benéfico de trabalho, auxiliando no funcionamento pesso=
al
dos funcionários. O indivíduo recorre a pessoas do seu meio social na tenta=
tiva
de obter apoio emocional para lidar com o mecanismo estressor30.=
É
um tipo de estratégia focada no problema que propicia o diálogo, o
compartilhamento de sentimentos e emoções, medos e expectativas. Através de=
ssa
estratégia é possível até pensar na formação de uma rede de apoio que auxil=
ie o
profissional a lidar melhor com o estresse laboral.
Um estudo realizado c=
om
trabalhadores de enfermagem em terapia intensiva neonatal, observou que os
fatores mais usados pelos enfermeiros foram autocontrole, suporte social e
reavaliação positiva 33.
Com
relação ao funcionamento adequado da unidade, os maiores níveis de estresse
foram relacionados com maiores índices utilização de estratégia de suporte
social. A busca pelo suporte social pode ser uma prática saudável, servindo
para o indivíduo desabafar, aliviar tensão e sentir-se mais bem-humorado. É
possível que essa medida se apresente como um fator relevante para lidar com
estressores no ambiente de trabalho.
Outra
estratégia centrada na emoção que encontramos em nosso estudo foi o
afastamento. Considerando que na enfermagem nem sempre é possível realizar =
um
afastamento físico, é possível que os entrevistados utilizem de algum tipo =
de
artifício ou arranjo mental.
Estratégias de afastamento ou modulação mental=
são
frequentes nas situações onde o indivíduo não consegue agir sobre o problem=
a,
usando o recurso da modulação da emoção para gerar menor gasto de energia e
sofrimento29.
O
afastamento é visto como uma maneira de não deixar que o sofrimento influen=
cie
a vida desses profissionais fora da unidade hospitalar 31.<=
span
style=3D'color:red'> Porém, estratégias centradas no afastamen=
to do
indivíduo da fonte de estresse podem ser protetoras em situações pontuais, =
mas
não promovem o equilíbrio físico e emocional em situações prolongadas que
requerem a participação ativa do indivíduo 32.
No
presente estudo, observamos que essa foi a segunda estratégia mais utilizad=
a no
enfrentamento do estresse referente a atividades relacionadas a administraç=
ão
de pessoal.
=
O
autocontrole é uma estratégia de enfrentamento focada no problema. Represen=
ta
os esforços realizados pela pessoa frente aos estímulos estressantes no int=
uito
de trabalhar as emoções, guardando seus sentimentos e assumindo um
comportamento estereotipado como estratégia defensiva 29. Refere=
-se
a uma estratégia ativa e moderada, evitando agir de maneira impulsiva e
prematura. O profissional analisa a situação e decide o que fazer evitando
atitudes precipitadas, desnecessárias e reduzindo sofrimento futuro.
=
Essa
estratégia estava entre as mais utilizadas em dois estudos realizados com
profissionais de enfermagem em UTI neonatal 29,33.
=
A
estratégia de autocontrole foi a mais utilizada quando o agente estressor f=
oi
referente a coordenação das atividades da unidade, o que pode ser visto de
forma positiva. Considerando que a UTIN é um local de carga emocional
significativa, é imprescindível para um melhor relacionamento entre os memb=
ros
da equipe que se adote uma estratégia ativa, porém moderada. Ter autocontro=
le
denota não fazer nada por impulso, envolve refletir acerca do problema e to=
mar
uma decisão.
=
O
presente estudo levanta a discussão da necessidade dos gestores em oferecer=
aos
enfermeiros ferramentas de gestão para que eles possam exercer a liderança =
da
equipe sem gerar estresse e de forma efetiva.
CONCLUSÃO
Os profissionais
enfermeiros do estudo apresentam níveis médios e altos de estresse, entreta=
nto,
esse não afeta a qualidade de vida dos mesmos. Provavelmente porque diante =
do
estresse a estratégia mais utilizada é a de fuga/esquiva.
Os resultados deste
estudo não podem ser generalizados dado o numero reduzido de participantes =
da
amostra e por representar a realidade de uma instituição.
O presente estudo lev=
anta
a discussão da necessidade dos gestores em oferecer aos enfermeiros ferrame=
ntas
de gestão para que eles possam exercer a liderança da equipe sem gerar estresse e de forma efetiva.
O estudo =
não
se esgota, e abre a possibilidade de novas reflexões sobre a temática que é=
uma
situação evidente no cenário da Enfermagem brasileira.
REFERÊN=
CIAS
1.&n=
bsp;
Cheregatti AL, Amorim CP. Enfermagem em Unidade de Terapia
Intensiva. São Paulo: Mart=
inari;
2010.
2.
Bianchi E=
RF.
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