MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D82D5B.12B58730" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D82D5B.12B58730 Content-Location: file:///C:/D8A83E54/1310-Textodoartigo-PT.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
restrição dA INGESTÃO DE ALIMENTOS EM PRÉ-ESCOLAR= ES com HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR: IMPACTO NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO<= o:p>
R=
ESTRICTION
OF FOOD INTAKE IN PRESCHOOLERS WITH FOOD HYPERSENSITIVITY: IMPACT ON GROWTH=
AND
DEVELOPMENT
<= o:p>
RESTRICCIÓN DE LA ING=
ESTA
DE ALIMENTOS EN PREESCOLARES CON HIPERSENSIBILIDAD ALIMENTARIA: IMPACTO EN =
EL
CRECIMIENTO Y DESARROLLO
Karina
Gonzaga da Costa1
Davide Carlos Joaquim2
Letícia
Pereira Felipe3
Ana
Carolina Matias Dinelly Pinto4
Ana
Karine Rocha de Melo Leite5
Erika
Helena Salles de Brito6
Ana
Caroline Rocha de Melo Leite7
1U=
niversidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – (UNILAB). Redenç=
ão,
Ceará – Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-=
4127-0424
2Universidade Federal do Ceará (UFC).
Fortaleza, Ceará – Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-=
0245-3110
3Universidade da Integração Internacion=
al
da Lusofonia Afro-Brasileira – (UNILAB). Redenção, Ceará – Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2551-9143
4Fundação para o Desenvolvimento Cientí=
fico
e Tecnológico em Saúde – (FIOTEC). Fortaleza, Ceará – Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2411-6708
5Centro Universitário Christus-
Unichristus. Fortaleza, Ceará – Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4135-4545
6Universidade da Integração Internacion=
al
da Lusofonia Afro-Brasileira – (UNILAB). Redenção, Ceará – Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2807-4867
7Universidade da Integração Internacion=
al da
Lusofonia Afro-Brasileira – (UNILAB). Redenção, Ceará – Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9007-7970
Autor correspondente
Ana Caroline Rocha de Melo Leite
U=
niversidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB, Campus d=
as
Auroras – Rua José Franco de Oliveira, s/n – CEP – 62.790-970 - Redenção, C=
eará
– Brasil.
E-mail: acarolmelo@unilab.edu.br. Telefone +55 (85) 99168-0679.
RESUMO
Objetivo: Analisar
evidências científicas sobre os impactos da restrição alimentar no crescime=
nto
e desenvolvimento de crianças em fase pré-escolar com história de alergia a
alimentos. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura=
que
teve como intuito responder a seguinte pergunta norteadora “Quais os impact=
os
da restrição alimentar no crescimento e desenvolvimento de crianças na fase
pré-escolar com história de alergia a alimentos?”. A busca na base de dados=
foi
conduzida nas plataformas Scopus, PubMed, LILACS e CINAHL, em agosto de 202=
0. Resultados:
Dos 9 artigos incluídos, 55,56% constavam na Scopus, todos estavam em inglê=
s e
33,33% eram caso-controle. As publicações constataram um maior quantitativo=
de
crianças que manifestavam alergia imunoglobulina E mediada, que costumavam
evitar 1 ou mais alimentos, especialmente o leite de vaca. Foram observadas
reduções nos escores Z (X=
04; -2)
de altura/idade, peso/idade e peso/altura entre as crianças com alergia
alimentar e restrição de alimentos. Conclusão: Os artigos se limitar=
am a
determinadas áreas e a um nível de evidência mediano. Contudo, eles não se
restringiram a avaliar o crescimento de crianças alérgicas a alimentos em d=
ieta
restritiva, investigando, dentre outros fatores, a qualidade de vida de
cuidadores e as concentrações séricas de vitaminas.
Palavras-chave:
Hipersensibilidade Alimentar; Restrição da Ingestã=
o de
Alimentos; Pré-escolar; Desenvolvimento e Crescimento.
RESUMEN
Objetivo: Analizar la evidencia científica sobre los impactos d=
e la restricción alimentaria en el cr=
ecimiento
y desarrollo de preescolar=
es
con antecedentes de alergia alimentaria. Método: Se trata de una
revisión integrativa de la literatura que tuvo =
como
objetivo responder a la siguiente pregunta
orientadora “¿Cuáles son=
span>
los impactos de la restricción alimentaria en e=
l crecimiento y desarrollo =
de niños en edad preescolar =
con
antecedentes de alergia alimentaria?”. La búsqueda en
bases de datos se realizó en las
plataformas Scopus, PubMed, LILACS y CINAHL en agosto de 2020. Resultado=
s: De
los 9 artículos incluidos, el 55,56% estaban en Scopus, todos estaban=
en inglés y el 33,33% eran=
sensibles a mayúsculas y
minúsculas. Las publicaciones encontraron
un mayor número de niños=
span>
que manifestaban alergia mediada por inmunoglobulina E, que solían
evitar 1 o más alimentos, especialmente la leche de
vaca. Se observaron reducc=
iones
en las puntuaciones=
Z
(≤ -2) para altura/edad, peso/edad y peso/talla<=
/span>
entre niños con alergia alimentaria y restricción alimentaria. Conc=
lusión:
Los artículos se limitaron a ciertas
áreas y un nivel de evidencia medio.
Sin embargo, no se limitar=
on
a evaluar el crecimiento=
span> de
niños alérgicos a alimentos con dieta restrictiva, investigando, entre otros
factores, la calidad de vida de los cuidadores =
y las concentraciones séric=
as de
vitaminas.
Palabras clave: Hipersensibilidad a los Alimen=
tos; Restricción de la Ingesta de Alimentos; Preescolar;
Desarrollo y Crecimiento=
span>.
ABSTRACT
Objective: To analyze scientific evidence on the impacts
of food restriction on the growth
and development of childre=
n
in pre-school age with a h=
istory
of food allergy. Method: This
integrative literature review that aimed to ans=
wer
the following guiding question "What are the impa=
cts
of food restriction on the growth
and development of childre=
n
in the preschool phase with a history
of food allergy?". The database
search was conducted on
Scopus, PubMed, LILACS and CINAHL platforms, in
August 2020. Results: Of the 9 articles included, 55.56% w=
ere
in Scopus, all were in English and 33.33% were =
case-control. The publications found a greater
number of children =
who manifested mediated immunoglobulin E allergy,=
who
used to avoid 1 or more fo=
ods,
especially cow's milk. Reductions in Z sco=
res
(≤ -2) in height / age, weight
/ age and weight / height<=
/span>
were observed among childr=
en
with food allergy and food restriction.
Conclusion: The articles were limited=
to certain areas and to a =
medium
level of evidence. However, they were not restricted=
span>
to assessing the growth of children allergic to foods on a restrictive di=
et, investigating, among other facto=
rs,
the quality of life of caregivers and serum concentrations of <=
span
class=3DSpellE>vitamins.
Keywords: Food hypersensitivity; Restriction of
Food Intake; Preschool;
Development and Growth.
INTRODUÇÃO
A alergia alimentar consiste em uma re=
ação
imunológica adversa desencadeada pelo contato prévio com algum alimento e/o=
u a
sua ingestão. Dentre os mecanismos imunológicos envolvidos, ressalta-se a
reação de hipersensibilidade imediata (alergia IgE mediada), cujo processo
compreende a produção de anticorpo ou imunoglobulina E (IgE) e sua ligação a
receptores presentes em mastócitos e basófilos que, a partir do segundo con=
tato
com o alérgeno, desencadeia a liberação de mediadores vasoativos e citocina=
s de
células T helper 2 (célula Th2)(1). =
Outro mecanismo proposto corresponde à
alergia IgE não mediada, na qual, embora existam pontos a serem esclarecido=
s,
não há a participação de IgE, mas provável envolvimento de células T, induz=
indo
uma resposta clínica mais tardia. Propõe-se ainda, como outro possível
mecanismo, a alergia mista, caracterizada pela atuação de IgE, linfócitos T=
e
citocinas pró-inflamatórias(1).
Quanto aos aspectos epidemiológicos, 2=
40 a
550 milhões de indivíduos sofrem de alergia alimentar no mundo, com a maior
incidência de casos graves ocorrendo no público infantil, acometendo cerca =
de 5
a 8% das crianças, enquanto, em adultos, esse percentual é reduzido para 1 =
a 2%(2).
No Brasil, em um levantamento conduzido com 9.265 crianças, a prevalência de
alergia alimentar entre pré-escolares relatada pelos pais foi de 17,6%=
(3).
Embora, o quantitativo de crianças com
alergia alimentar tenha aumentado nos últimos anos devido a mudanças nos
hábitos alimentares e estilo de vida, observa-se uma superestimação na
prevalência dessa condição imune. De fato, no levantamento de Gonçalves et =
al.(3),
no qual 17,6% dos pré-escolares apresentavam alergia alimentar referida pel=
os
pais, após a investigação médica, apenas 0,4% deles possuíam o diagnóstico =
para
esse tipo de alergia. Em vista disso, o diagnóstico adotado sem a confirmaç=
ão
médica expõe crianças saudáveis a tratamentos desnecessários, capazes de
prejudicar o seu crescimento e desenvolvimento(3).
Com respeito ao tratamento preconizado
para alergia alimentar, esse consiste na eliminação do alimento desencadead=
or
da reação imune(4). Entretanto, esta restrição pode interferir na
ingestão de micro e macronutrientes e, por consequência, impactar no
crescimento e desenvolvimento infantil(5). Assim, torna-se
necessária a instituição do aconselhamento nutricional como medida mais efi=
caz
para a ingestão nutricional e o crescimento adequados, bem como o
estabelecimento de biomarcadores laboratoriais equivalentes aos das crianças
saudáveis(6).
Outro aspecto a ser considerado, consi=
ste
na própria condição imune do indivíduo, capaz de promover frequentes sintom=
as
gastrointestinais e processo inflamação local ou sistêmico que interferem na
absorção de nutrientes. Como resultado, pode haver prejuízos no estado
nutricional, a exemplo da redução de absorção de ferro, frequentemente obse=
rvada
nesses grupos(7).
Nesse contexto, crianças pré-escolares=
com
alergia alimentar tornam-se mais vulneráveis a impactos em seu crescimento e
desenvolvimento, já que, além da falta de interesse em se alimentar, oscila=
ções
de apetite, baixa aceitação por certos alimentos e repetições dos alimentos=
de
preferência típicas dessa fase(7), possuem absorção intestinal
prejudicada que, associada a restrições alimentares, põem em risco a ingest=
ão
de macro e micronutrientes essenciais.
Diante da necessidade de acompanhamento
nutricional e sua influência no crescimento e desenvolvimento de crianças c=
om
alergia alimentar, o enfermeiro surge como um profissional capaz de contrib=
uir
substancialmente nesse processo, uma vez que ele é responsável pela condução
das consultas de puericultura, indicadas para a primeira infância. Além do =
que,
o vínculo contínuo permitirá a promoção de saúde, o acompanhamento infantil=
e a
vigilância dos agravos, facilitando a identificação precoce das doenças
alérgicas e suas consequências(8).
Somado a isso, por meio das consultas =
de
puericultura, faz-se o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento inte=
gral
infantil, assim como a avaliação do estado nutricional e as orientações sob=
re
amamentação e alimentação dessas crianças, contribuindo com a prevenção e
minimização dos possíveis danos inesperados para essa fase(9).
Em vista disso, o presente estudo visou
identificar e avaliar as evidências científicas sobre os impactos da restri=
ção
alimentar no crescimento e desenvolvimento de crianças em fase pré-escolar =
com
história de alergia a alimentos.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa da
literatura, método que contribui para a síntese do conhecimento de um apanh=
ado
de estudos independentes que abordam temáticas semelhantes, visando facilit=
ar a
sua aplicabilidade na prática clínica. Além do que, a revisão integrativa é
conduzida em um processo sistemático rigoroso, principalmente na análise dos
dados, fator que favorece a redução de vieses e erros de pesquisa(10)<=
/sup>.
Em relação às etapas de elaboração de =
uma
revisão integrativa, essa pode ser conduzida da seguinte forma: identificaç=
ão
do tema e elaboração da questão norteadora; estabelecimento de critérios de
inclusão e exclusão dos estudos; definição das questões a serem extraídas d=
os
estudos selecionados e sua categorização; avaliação dos estudos incluídos na
revisão integrativa; interpretação dos resultados e apresentação da
revisão/síntese dos assuntos(11).
Vale ressaltar que a etapa de delimita=
ção
da questão norteadora exige uma elaboração qualificada, pois esta define as
informações que serão focalizadas para resolver a situação clínica, além de
potencializar a busca na base de dados. No geral, para organização dessa
questão, utiliza-se a estratégia PICO, acrônimo em inglês que significa
“Patient” (Pessoa/Problema), “Intervention” (Intervenção), “Comparison/Cont=
rol”
(Comparação) e “Outcome” (Resultado), elementos fundamentais na pesquisa
baseada em evidências(12).
No presente estudo, a aplicação dessa
estratégia definiu o “P”, como crianças que manifestam alergia alimentar na
fase pré-escolar, “I”, representando a restrição de alimentos que desencade=
iam
reação alérgica, “C”, não houve atribuição a ela, e “O”, referiu-se aos
impactos da restrição alimentar no crescimento e desenvolvimento dessas
crianças. Assim, o estudo levantou o seguinte questionamento: “Quais os
impactos da restrição alimentar no crescimento e desenvolvimento de criança=
s em
fase pré-escolar com história de alergia a alimentos?”.
Baseado na questão norteadora, definir=
am-se
os descritores “Child/Preschool”, “Food Hypersensitivity”, “=
Food Fussiness” e “Growth and Development”, extraídos da
plataforma de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), visando facilitar o
acesso aos artigos. Além disso, a combinação dos descritores permitiu
restringir a busca para possíveis artigos que fossem capazes de responder à
questão norteadora pré-definida. Para isso, foram utilizados os operadores =
boleanos “AND”, “OR”, “AND NOT”, resultando na busca:=
“Child/Preschool AND Food =
Hypersensitivity OR Food Fussine=
ss
AND Growth and Development”.
Seguindo as etapas preestabelecidas, os
critérios de inclusão da busca foram artigos primários, disponíveis
eletronicamente, indexados nas bases de dados Scopus, National Library of
Medicine (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da S=
aúde
(LILACS) e Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature (CINA=
HL),
publicados nos últimos 10 anos (2010-2020), nos idiomas português, inglês e
espanhol. Como critério de exclusão, foram adotados estudos que não abrange=
ssem
a temática, estudos de caso, estudos já incluídos em uma ou mais das bases =
de
dados analisadas, editoriais, relatórios, teses, dissertações, monografias,
livros e revisões (narrativas, sistemáticas e integrativas).
Em relação à busca dos artigos nas bas=
es
de dados, essa foi realizada no dia 12/08/2020, na qual foram lidos os títu=
los
e resumos, seguido pela seleção das publicações que respondiam à questão
norteadora e atendiam aos critérios de inclusão e exclusão. À medida que fo=
ram
selecionados, os estudos foram organizados sequencialmente e, posteriorment=
e,
lidos integralmente.
Para a síntese dos artigos incluídos na
revisão, foi elaborado um quadro composto pelo nome dos autores, periódico,=
ano
de publicação, país de publicação, base de dados, nível de evidência, objet=
ivo
geral e resultados.
Quanto ao nível de evidência, esse foi
categorizado, com base em Stillwell et al.=
(13),
da seguinte forma: - nível 1, o qual compreende os estudos de revisão
sistemática e metanálise – sendo ensaios clínicos randomizados controlados =
ou
diretrizes clínicas inspiradas em revisões sistemáticas de estudos clínicos
randomizados controlados; - nível 2, o qual abrange os estudos clínicos
randomizados controlados bem delineados; - nível 3, o qual constitui os ens=
aios
clínicos bem delineados não-randomizados; - nível 4, o qual inclui estudos =
de
coorte e caso-controle – bem delineados e não randomizados; - nível 5, o qu=
al
são oriundos de revisões sistemáticas de estudos descritivos e qualitativos=
; -
nível 6, o qual tem evidências de um único estudo descritivo ou qualitativo=
; -
nível 7, o qual agrega opinião de autoridades e/ou relatório de comitês de
especialistas.
RESULTADOS
Conforme o seguimento metodológico do
estudo, foram identificados 1.215 artigos, dos quais, após delimitação
temporal, permaneceram 762. Desses, depois da leitura de títulos e resumos,=
744
foram excluídos por não responderem à pergunta norteadora e 8 por duplicida=
de.
Das 10 publicações remanescentes lidas na íntegra, 1 foi excluída por não
corresponder à população-alvo. Assim, permaneceram na revisão 9 artigos.
Com
respeito ao local de realização dos estudos, 22,22% (n =3D 2) das publicaçõ=
es
foram conduzidas nos Estados Unidos da América, 22,22% (n =3D 2) na Finlând=
ia,
11,11% (n =3D 1) na Tailândia, igual percentual obtido entre os que foram
desenvolvidos na Coreia, França e Reino Unido, e 11,11% (n =3D 1) foram efe=
tuadas
em sete países, representados pelo Reino Unido, Estados Unidos da América,
África do Sul, Brasil, Holanda, Espanha e Tailândia. Sobre a área de
publicação, 33,33% (n =3D 3) dos trabalhos foram publicizados em periódicos=
da
área de nutrição e 22,22% (n =3D 2) no campo da pediatria, quantitativo igu=
al ao
constatado entre as revistas de alergologia e imunologia e alergologia
e imunologia pediátrica (Quadro 1).
No tocante ao desenho da pesquisa, 33,=
33%
(n =3D 3) dos artigos eram estudos do tipo caso-controle, 22,22% (n =3D 2)
abordaram estudo do tipo coorte prospectivo e 11,11% (n =3D 1) compreenderam
estudos observacionais transversais, percentual também constatado entre as
pesquisas observacionais retrospectivas e prospectivas e coorte retrospecti=
va
aqui incluídas. Em relação ao nível de evidência, 66,67% (n =3D 6) das
publicações foram classificadas como nível IV e 33,33% (n =3D 3) como nível=
VI.
Quadro 1
– Caracterização das publicações incluídas na revisão, de acordo com os
autores, periódico/ano, país, tipo de estudo, nível de evidência e base de
dados. Redenção, CE, 2020
Autores |
Periódico/Ano |
País |
Tipo
de Estudo |
Ne* |
Base
de Dados |
|
1 |
MEYER,
R. et al. |
Jornaul of |
RU,
USA, AS, Brasil, Holanda, Espanha e Tailândia |
Estudo
de coorte prospectivo |
IV |
Scopus |
2 |
KAJORNRATTANA,
T. et al. |
Asian
Pacific Journal of Allergy and Immunology/ 20=
18 |
Tailândia |
Estudo
observacional transversal |
VI |
Scopus |
3 |
TUOKKOLA,
J. et al. |
Acta
Paediatrica/2017 |
Finlândia |
Estudo
caso-controle |
IV |
Scopus |
4 |
KIM,
S. H.; LEE, J. H.; LY, S. Y. |
Asia
Pac J Clin Nutr/2=
015 |
Coreia |
Estudo
de coorte retrospectivo |
IV |
Scopus |
5 |
BERRY,
M. J. et al. |
Pediatric
Allergy and Immunology/2015 |
Finlândia |
Estudo
de coorte prospectivo |
IV |
Scopus |
6 |
BOAVENTURA,
R.M. et al. |
Estados
Unidos da América |
Estudo
caso-controle transversal |
IV |
PubMed |
|
7 |
MEHTA,
H. et al. |
The
Journal of pediatrics/2014 |
Estados
Unidos da América |
Estudo
observacional retrospectivo |
VI |
PubMed |
8 |
FLAMMARION,
S. et al. |
Pediatric
Allergy and Immunology/2010 |
França |
Estudo
caso-controle transversal |
IV |
PubMed |
9 |
MEYER,
R. et al. |
Jornaul of |
Reino
Unido |
Estudo
multicêntrico observacional prospectivo |
VI |
CINAHL |
*NE - Nível de Evidência;=
RU
- Reino Unido; USA - Estados Unidos da América; AS - África do Sul.
Fonte: Os autores
Com respeito aos objetivos dos estudos=
, em
sua maioria, visavam avaliar o crescimento e estado nutricional de crianças=
com
alergia alimentar que estavam em dieta restritiva. Além desses, outros
objetivos citados foram: - avaliar=
a
qualidade de vida dos cuidadores de crianças com alergia alimentar; - avali=
ar a
gravidade da dermatite atópica em crianças com alergia alimentar; - avaliar=
as
concentrações séricas de vitamina A e 25 (OH) D em crianças com alergi=
a ao
leite de vaca (Quadro 2).
Quanto aos resultados obtidos nos estu=
dos
incluídos, destacou-se o quantitativo de crianças que manifestavam alergia =
IgE
mediada, seguido de não mediada por IgE e mista. Além disso, as crianças
costumavam evitar 1 ou mais alimentos, especialmente o leite de vaca.
No que diz respeito ao estudo antropom=
étrico
realizado nos artigos coletados, em sua maioria, foram observadas reduções =
nos
escores Z (≤ -2=
) de
altura/idade, peso/idade e peso/altura entre as crianças com alergia alimen=
tar
e restrição de alimentos. Dentre os fatores agravantes para as alterações no
crescimento infantil, incluíram-se: restrição de mais de um alimento;
impossibilidade de consumo de leite de vaca; tempo de restrição alimentar
superior a 1 ano; autodeclaração de branco; falta de acompanhamento com
nutricionista ou pediatra e não realização de suplementação de vitaminas e
minerais.
Sobre os aspectos nutricionais, no ger=
al,
os estudos ressaltaram prejuízo nutricional entre as crianças alérgicas em
comparação com as saudáveis, pontuando uma menor ingestão de proteínas, cál=
cio,
gorduras saturadas, açúcar, vitamina D, ácido fólico e ácidos graxos n-3 e =
n-6.
Os artigos relataram ainda baixas concentrações séricas de retinol,
β-caroteno, licopeno e 25 (OH) D. No entanto, segundo as publicações, o
consumo nutricional se sobressaiu com maiores ingestas de ferro e vitamina =
C.
Quadro 2
– Caracterização das publicações incluídas na revisão, de acordo com os
objetivos e resultados. Redenção, CE, 2020
No |
Objetivo |
Resultados |
1 |
Fazer uma avaliação mundial=
do
impacto de alergias alimentares no crescimento infantil |
Das
430 crianças incluídas, 45% tinham alergia IgE mediada, 30% IgE não media=
da e
25% mista. O alérgeno mais evitado foi o leite de vaca. Em relação ao
crescimento, 6% tinham baixo peso, 9% atrofia, 5% desnutrição e 8% sobrep=
eso.
Quanto aos impactos no crescimento, a restrição do leite de vaca levou a
escores Z menores em todos os parâmetros e a exclusão de trigo reduziu os
escores Z de altura/idade. As crianças que foram acompanhadas por
nutricionista tiveram parâmetros de crescimento maiores em peso/idade,
altura/idade e IMC. As crianças diagnosticadas mais jovens tinham a média=
de
IMC mais baixa do que aquelas diagnosticadas tardiamente. |
2 |
Avaliar a qualidade de vida (QV) de cuidadores e o
crescimento de crianças com alergia alimentar relatada pelos pais<=
span
style=3D'font-family:"Times New Roman",serif'> |
Foram incluídas 200
crianças com alergia relatada pelos pais, das quais 69% tinham alergia a =
um
alimento, 21% a dois alérgenos. O alimento mais alergênico foi o leite da
vaca. A duração média de evitação foi de 10 meses. O peso e a altura, de
acordo com a idade, não mostraram diferenças quando comparados à populaçã=
o em
geral. Não houve diferença estatística entre as crianças alérgicas ou não=
ao
leite de vaca em relação ao peso e altura para idade. |
3 |
Comparar os padrões de crescimento e ingestão de nutrie=
ntes
de crianças com eliminação de leite e/ou trigo e cevada ou centeio aos se=
us
controles correspondentes |
Das 295 crianças c=
om
restrição de dieta e dos 265 controles, aquelas com restrição ao leite
cresceram menos, tendendo a ter essa redução após 1 ano de restrição, e s=
em
recuperação até os 5 anos. Já 2,9%, 1,7%, 1,6% e 0,7% eram 2 desvios-padr=
ões
de altura acima do esperado para idade aos 1, 2, 3, 4 e 5 anos,
respectivamente, em toda a população do estudo. A taxa de obesidade aos 5=
anos
foi de 4,7%, para crianças que restringiam leite, e de 5,7% para os
controles. A eliminação do trigo e leite, cevada ou centeio teve impacto =
no
crescimento semelhante à restrição apenas do leite. Em relação aos alimen=
tos
evitados, não houve associação entre a quantidade desses alimentos e o
crescimento. Dos aspectos nutricionais, a ingestão de proteína e cálcio f=
oi
menor nas crianças do grupo de eliminação do leite do que no grupo
controle. No entanto, as crianças em dieta de eliminação do leite co=
nsumiram
menos gorduras saturadas e açúcar e mais vitamina C e ferro do que as
crianças do grupo controle. |
4 |
Identificar os fatores relacionados à gravidade da
dermatite atópica e o estado nutricional em pacientes pediátricos com
dermatite atópica e alergia alimentar. |
Foram incluídas 77
crianças. Antes da intervenção nutricional, 2 crianças tinham escore Z &l=
t;-2
de peso/idade e 5 delas tinham escore Z < -2 de peso/altura. Dos
participantes, 48,1% haviam experimentado restrição alimentar, mas apenas
27,8% tiveram acompanhamento nutricional. As crianças que estavam em
restrição alimentar possuíam maior índice de dermatite atópica. A ingestão
energética média, assim como, o consumo de ácidos graxos n-6 e n-3, cálci=
o,
ácido fólico e vitamina D, foi menor do que a ingestão recomendada para os
coreanos. Após a intervenção nutricional individualizada, o peso/alt=
ura
aumentou, a altura/idade diminuiu e a altura/idade não diferiu do anterio=
r.
Quanto ao índice de dermatite atópica, ele reduziu significativamente. =
span> |
5 |
Comparar o crescimento, estado nutricional e ingestão de
nutrientes em crianças com alergia alimentar, evitando o leite de vaca ou=
o
leite de vaca e o trigoDas 46 crianças
menores de 3,5 anos incluídas, 18 eliminaram apenas o leite de vaca na di=
eta
(grupo M) e 28 evitaram leite e trigo (grupo MW). Ambos os grupos tinham =
peso
e altura para idade em comum, mas abaixo de crianças saudáveis. Duas cria=
nças
do grupo M e cinco do grupo MW tinham escore Z <- 1 de altura/idade e =
uma
criança do grupo MW apresentava escore Z <-2 de altura. Duas crianças =
do
grupo M e seis do grupo MW tinham peso relativo <10% e nenhuma apresen=
tou
esse peso < 20%. O grupo MW consumiu mais calorias totais, proteínas e
gorduras do que o grupo M. A ingestão de ferro, cálcio e vitamina D foi c=
omparável
entre os grupos. O crescimento, estado nutricional e ingestão de nutrient=
es
foram semelhantes entre os grupos. |
|
6 |
Comparar as medidas
antropométricas e a ingestão alimentar de crianças com alergia ao le=
ite
de vaca com os controles correspondentes. Avaliar as concentrações sé=
ricas
de vitamina A e 25 (OH) D em crianças com alergia ao leite de v=
aca |
Foram incluídas 27
crianças alérgicas ao leite de vaca (CMA) e 30 controles. Mais de 70% dos
participantes alérgicos não recebiam suplementação regular de vitaminas e
minerais. O gr=
upo
CMA evidenciou estatura inferior em relação ao grupo controle e menor ing=
estão
de cálcio e de lipídios. Baixas concentrações séricas de retinol,
β-caroteno, licopeno e 25 (OH) D foram encontradas em 25,9%, 59,3%,
48,1% e 70,3% do grupo CMA, respectivamente. |
7 |
Examinar os efeitos da privação de alimentos no crescim=
ento
de crianças com alergia alimentar |
Das 9.938 crianças,
439 (4,4%) evitavam um ou mais alimentos. Aquelas com alergia alimentar e
seguro de saúd=
e comercial=
eram
significativamente mais baixas e pesavam menos do que crianças sem alergia
alimentar. Em contraste, as crianças com alergia alimentar e seguro
estatal não eram menores que as saudáveis, em altura ou peso. Crianç=
as
alérgicas ao leite pesavam menos em comparação com as demais. Entre as
crianças tidas como brancas, as alergias alimentares impactaram na altura=
e peso.
Esses achados não foram observados entre as hispânicas/latinas, negras ou
asiáticas. |
8 |
Avaliar
a ingestão alimentar e o estado nutricional=
de
crianças com alergia alimentar em dieta de eliminação |
Das 96 crianças com alergia alimentar (AA)
incluídas, 88% foram aconselhadas por nutricionistas e as demais por
pediatras. A pontuação de peso e
altura pela idade foi menor no grupo de crianças alérgicas quando compara=
do
ao controle. A relação de peso/altura não teve diferença significativa en=
tre
os grupos. Nove crianças com AA tiveram escore Z <-2 de peso/idade e
nenhum controle teve esse escore de peso. Sete participantes alérgicos e =
dois
controles tiveram escore Z <-2 de altura/idade. Crianças alérgicas a t=
rês
ou mais alimentos eram menores que as alérgicas a até dois alimentos. A
ingestão de energia, proteína e cálcio foi semelhante entre os dois grupo=
s. |
9 |
Estabelecer
o estado de crescimento em crianças alérgicas a alimentos que recebem
informações dietéticas no Reino Unido |
Das 97 crianças, 45 tinham alergia IgE
mediada, 29 apresentavam alergia não mediada por IgE e 23 tinham alergia
mista. Do total de participantes, 66 excluíram dois ou mais alimentos&nbs=
p;da
dieta e 30 excluíram três ou mais. A=
exclusão
de três ou mais alimentos repercutiu na elevação do peso/ idade. Das
crianças, 8,5% tinham escore Z ≤ -2 (abaixo do peso) e 8,5% tiveram
escore Z ≥ +2 (acima do peso). Dos participantes, 11,5% tinham baixa
estatura para a idade e 5,5% eram altos para a idade. Do total de criança=
s,
3,7% tinham desnutrição moderada, com escore Z ≤ -2 de peso/altura,=
e
7,5% estavam com obesidade, escore Z ≥ +2 de peso/altura. Dos
participantes, 91,5% provavelmente não estarão abaixo do peso e 89% não
apresentarão atrofia, embora ainda possam ter alergia alimentar. |
*IMC - Índice de Massa
Corporal.
Fonte: Os autores
DISCUSSÃO
Essa revisão mostrou que a restrição
alimentar, em sua maioria, prejudicou o crescimento e a ingestão de nutrien=
tes
por crianças com alergia alimentar, durante a fase pré-escolar. Todavia, o
acompanhamento dietético regular, assim como a suplementação de vitaminas e
minerais, mostrou-se eficaz contra o déficit antropométrico e nutricional
dessas crianças. Portanto, este levantamento alerta os profissionais de saú=
de
acerca dos riscos que as crianças alérgicas estão expostas na fase de
crescimento, além de proporcionar embasamento científico para o seguimento
terapêutico adequado dessa condição clínica.
No que diz respeito à base de dados que
forneceu mais artigos direcionados à questão norteadora, o fato da platafor=
ma
Scopus ter se sobressaído pode ser compreendido se admitido que essa base de
dados possui o maior apanhado de resumos e citações científicas revisados p=
or
pares, garantindo melhor credibilidade nas suas publicações(14).
Para o idioma, o predomínio do inglês pode estar vinculado ao fato de ser e=
le a
língua oficial dos Estados Unidos da América, país que assume o 1° lugar no
ranking mundial de publicações científicas(15). Outra justificat=
iva
para este achado se dá pelo fato do inglês ser uma língua universal(16=
),
o que pode ampliar o alcance dos trabalhos publicados nesse idioma.
Em relação ao ano de publicação, o aum=
ento
do quantitativo de artigos nos anos de 2015 e 2018, embora associado a uma
queda em 2017 e 2019, demonstra o interesse da comunidade científica em
pesquisar a temática aqui abordada. Notadamente, a redução de trabalhos
publicados em 2019 pode ser justificada pelo redirecionamento ocorrido entr=
e as
produções científicas para o enfrentamento da Doença Coronavírus 19 (COVID-=
19),
atenuando as publicações em outras linhas de estudo no referido ano(17=
).
Com respeito ao país onde o estudo foi
conduzido, o destaque para os EUA condiz com o elevado estímulo à produção
científica vivenciado por essa nação. Em relação à Finlândia, o seu maior
envolvimento com estudos retratando o tema dessa revisão pode ser compreend=
ido
se observado o aumento da prevalência de alergia alimentar entre crianças c=
om
idade inferior ou igual a 5 anos(18), além da elevação dos casos=
de
hospitalização por reações alérgicas entre crianças de 0 a 19 anos registra=
da nas
últimas décadas nesse país(19).
Quanto ao fato do<=
/span>
maior percentual de artigos incluídos na revisão constarem em revistas no c=
ampo
da nutrição, esse resultado pode ser justificado com base na questão de que=
um
dos focos do estudo envolveu o impacto da restrição alimentar. Particularme=
nte,
esse dado ressalta a importância que o profissional nutricionista exerce na
gestão alimentar de crianças alérgicas a alimentos, por meio da avaliação,
diagnóstico, prescrição e intervenção dietética(20), auxiliando =
no crescimento
e desenvolvimento infantil.
No que tange ao desenho de estudo, o
enfoque das metodologias dos trabalhos aqui apresentados na pesquisa do tipo
caso-controle evidencia o interesse de avaliar a contribuição do fator de
risco/exposição no desfecho do (s) evento (s) (ocorrência da doença) em gru=
pos
pré-definidos, representados por casos (em que se espera um desfecho) e
controles (em que não se espera)(21). Esse dado é relevante se
admitido que o estudo caso-controle é tido como a primeira etapa do estudo
etiológico de uma doença(22).
Para o predomínio do nível de evidênci=
a IV
entre as publicações abordadas, esse resultado decorre do predomínio de est=
udos
do tipo caso-controle entre esses artigos, classificados, por Stillwell et al.(13), com esse nível de
evidência. Embora não seja atribuído a esse nível um elevado grau de
relevância, seu conhecimento pode embasar a atuação clínica do profissional=
de
saúde, integrando a experiência clínica às evidências científicas e
possibilitando o respeito ético e a segurança nas intervenções(23).
Acerca dos objetivos citados nos artigos=
, o
foco central na avaliação do crescimento e estado nutricional de crianças c=
om
alergia alimentar que estavam em dieta restritiva se fundamenta no fato de =
que
o tratamento desse tipo de alergia consiste em dietas restritivas, as quais=
, em
sua maioria, exigem a retirada de múltiplos alimentos, fontes de micro e
macronutrientes, essenciais para o crescimento e desenvolvimento infantil(5).
Dentre os demais objetivos, o estudo da
avaliação da qualidade de vida dos cuidadores de crianças com alergia alime=
ntar
pode se associar à condição de que, devido aos riscos de manifestações fata=
is a
que as crianças alérgicas estão susceptíveis, a qualidade de vida dos seus
cuidadores é prejudicada pela vulnerabilidade a estresse, depressão e
isolamento social, especialmente por medo constante de exposição ao alérgen=
o(24).
Outro objetivo contemplado nos artigos=
foi
a avaliação da gravidade de dermatite atópica em crianças alérgicas a alime=
ntos
(artigo no 4). Esse objetivo condiz com a evidência de que em to=
rno
de um terço dos indivíduos com dermatite atópica moderada à grave
diagnostica-se a alergia alimentar(25). Segundo os autores, a pe=
rda
de tolerância imunológica é consequência das dietas restritivas feitas por
crianças com manifestações mais graves de dermatite. Nesse âmbito, para Kim=
et
al.(26) (artigo no 4), a orientação dietética adequada
reduz as manifestações de dermatite atópica.
Além dos objetivos acima relatados, o
estudo de Boaventura et al.(27) (artigo no 6) buscou
avaliar as concentrações séricas de vitamina A e 25 (OH) D em
crianças com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), confirmando uma
diminuição desses níveis em 70,4% e 59,3% da amostra, respectivamente. De
acordo com Cavichini e Martins(28), o
déficit de 25 (OH) D, forma circulante da vitamina D no sangue após a hidroxilação hepática, é considerado fator de risco p=
ara o
desenvolvimento de APLV.
Nesse sentido, a literatura aponta, co=
mo
um dos possíveis mecanismos envolvidos nessa relação, o fato da vitamina D
propiciar uma maior diferenciação de células T naive=
span>
em células T reguladoras (Tregs), as quais inib=
em
respostas de células T helper 2 (Th2) e,
consequentemente, a produção de IgE. Em contrapartida, a APLV parece favore=
cer
a deficiência de vitamina D por interferir na absorção dessa vitamina e ind=
uzir
uma resposta inflamatória sistêmica, a qual pode se associar a uma deficiên=
cia
de vitaminas lipossolúveis, como a vitamina D. Pode-se propor ainda que as =
mães
de crianças com APLV e aleitamento materno exclusivo podem restringir o con=
sumo
de leite de vaca e derivados, sem suplementação de vitamina D, o que pode
comprometer o acesso da criança a essa vitamina(29).
Quanto à relação entre vitamina A e à
APLV, o biomarcador β-caroteno, um tipo de carate=
nóide
presente nas frutas e verduras coloridas e fonte de vitamina A(30),
representa um agente protetor contra a alergia alimentar, uma vez que ele p=
ode
inibir a produção de IgE específicos e a desgranulação=
e quimiotaxia de mastócitos e basófilos(31).
No que tange ao perfil imunogênico,
sobressaiu-se a manifestação de alergia IgE mediada entre as crianças avali=
adas
(artigos no 1 e 9), resultado que se assemelhou a Chong et al.(32).
Nesse contexto, vale mencionar que a alergia alimentar pode ser classificad=
a,
de acordo com o mecanismo imunológico, em mediada por IgE, não mediada por =
IgE
e mista. A primeira, admitida como a mais frequente na infância(33),
envolve a produção de IgE, sua fixação a receptores de mastócitos e basófil=
os e
desgranulação desses tipos celulares, desencade=
ando
sinais e sintomas agudos. A segunda não envolve a produção de IgE, mas a
participação de outros tipos celulares (supostamente as células T), induzin=
do
sintomas tardios. Sobre a reação alérgica alimentar mista, essa compreende a
participação de IgE e células T(1,34).
Em referência à quantidade de alimentos
que provocavam reação imune e foram evitados, as publicações incluídas
indicaram um predomínio de um (artigos no 2 e 7) a dois (artigos=
no
5 e 9) alimentos evitados pelos participantes, o que corroborou com Mendonç=
a et
al.(35). Contudo, no estudo de Meyer et al.(5),
observou-se um maior quantitativo de pesquisados que evitaram quatro ou mais
alimentos.
Sobre o fato do
leite de vaca ter sido o alimento mais evitado entre os trabalhos dessa rev=
isão
(artigos no 1, 2, 5 e 6), esse dado foi um resultado esperado, u=
ma
vez que ele está entre os 8 alimentos mais alérgenos (“big eigts”),
juntamente com o ovo, amendoim, crustáceo, soja, noz e fontes de glúten e p=
eixe(36).
Realmente, constata-se uma alta incidência de reação a esse tipo de aliment=
o,
com a quase totalidade das crianças nos estudos de Meyer et al.(5) e
Mendonça et al.(35) sendo acometidas por ela.
Acerca do crescimento de pré-escolares=
com
alergia alimentar, no geral, o peso/idade esteve em déficit não especificado
(artigos no 7 e 8) ou em escore Z ≤ -2 (artigos no 1, 4 e 9) e a
altura/idade esteve baixa e indeterminada (artigos no 4, 6 e 7) =
ou
em escores Z ≤ =
-2
(artigos no 1, 3, 8 e 9) entre as publicações, enquanto que o
peso/altura oscilou entre escore Z ≤
-1 (artigos no 5 e 7) e escore Z ≥ +2 (artigos no 1, 3 e 9). Esses
achados de retardo no crescimento coincidem com Pavic<=
/span>
e Kolacek(37) e Chong(32)=
, os
quais evidenciaram que a alergia alimentar dificulta o processo de crescime=
nto,
tornando as crianças alérgicas mais leves e menores.
Para o resultado de obesidade no IMC
dessas crianças, supõe-se que a tentativa de compensação dos alimentos
restritos por outros, sem a orientação adequada, resulta no consumo de
alimentos mais calóricos. Esses dados despertam para a necessidade da equipe multiprofissional atentar-se para os desvios=
de
peso, ao acompanhar pacientes com hipersensibilidade alimentar(37).
Com respeito aos fatores agravantes de
crescimento inadequado em crianças com alergia alimentar citados pelas
publicações apresentadas nessa revisão, elas se assemelharam aos mencionados
por Venter, Laitinen, Vlie=
g-Boerstra(38),
representados por ter “múltiplas alergias alimentares”, “eliminações de vár=
ios
alimentos da dieta”, “eliminação de alimentos básicos (como, leite e cereai=
s)”
e “autorrestrição extrema de alimentos”. Entret=
anto,
como afirma Chong et al.(32), os fatores de risco para o crescim=
ento
inadequado na alergia alimentar é uma questão multifatorial, requerendo a
condução de mais estudos para o estabelecimento da relação entre esses fato=
res e
esse tipo de hipersensibilidade.
No que se refere à ingestão nutricional
dos pré-escolares, ela esteve reduzida tanto em micronutrientes quanto em
macronutrientes essenciais, aspecto que divergiu da literatura, a qual
demonstrou um maior prejuízo no consumo de micronutrientes essenciais em
relação aos macronutrientes(39). Nesse âmbito, apesar da baixa
ingestão de nutrientes auxiliar a investigação de riscos de deficiência
nutricional, é necessária uma análise mais profunda de marcadores sanguíneo=
s,
previamente à confirmação da deficiência(40).
Embora, a restrição alimentar tenha
demonstrado baixo consumo de nutrientes pelas crianças alérgicas, outros
estudos comprovam que, ao ser realizado acompanhamento nutricional regular,=
o
crescimento se mostrou equivalente ao de crianças saudáveis, além da ingest=
ão
alimentar adequada(41).
Quanto ao destaque do consumo de ferro
diante da restrição alimentar, ele pode estar relacionado ao papel que esse
mineral exerce na síntese do grupo heme da hemoglobina e, consequentemente,=
no
transporte de oxigênio e de outras hemeproteínas,
responsáveis pela produção de energia(42), além da importante
contribuição no crescimento tecidual em crianças de 6 a 12 meses de idade(43).
Para a vitamina C, sua ingesta pelas crianças frente à limitação alimentar =
pode
se relacionar ao fato dessa vitamina não ter sua produção no organismo, alé=
m de
participar de diversos processos bioquímicos e fisiológicos, incluindo o
acúmulo de ferro na medula óssea, colaborando na resposta imunológica contra
microrganismos(44).
No que diz respeito às limitações do
estudo, constatou-se uma carência de pesquisas retratando o impacto da aler=
gia
alimentar no desenvolvimento infantil, o que pode englobar a repercussão
psicossocial e comportamental na infância, com elevação da ansiedade, faltas
escolares e bullying(24). Outra limitação ocorreu pelo reduzido
engajamento da Enfermagem no acompanhamento desta condição clínica,
especialmente pelo papel exercido pela equipe multiprofissional, a qual inc=
lui,
além de nutricionistas, médicos, psicólogos e alergologistas, os enfermeiro=
s,
na garantia do crescimento e desenvolvimento de crianças alérgicas a alimen=
tos(45).
CONCLUSÃO
Conclui-se que, apesar dos artigos
incluídos nessa revisão terem sido publicados principalmente em uma base de
dados de referência, em um idioma acessível, em anos recentes e um país que=
se
destaca pela pesquisa, eles se limitaram a determinadas áreas e a um nível =
de
evidência mediano. Contudo, eles não se restringiram a avaliar o cresciment=
o de
crianças alérgicas a alimentos em dieta restritiva, investigando, dentre ou=
tros
fatores, a qualidade de vida de cuidadores e as concentrações séricas de
vitaminas.
O levantamento desses preditores de fo=
rma
precisa pode revolucionar a assistência multiprofissional em alergia alimen=
tar,
uma vez que direciona a intervenção aos riscos modificáveis e contribui par=
a o
desenvolvimento de estratégias de prevenção ao crescimento e desenvolvimento
inadequado. Entretanto, são necessários estudos mais aprofundados para aval=
iar
esses múltiplos fatores e sua correlação com o crescimento de crianças
alérgicas.
Os
resultados dessa revisão integrativa permitirão o debate de uma temática
necessária para a prática assistencial, além de, tendo em vista que a
alergologia não é explorada profundamente nas grades curriculares dos curso=
s da
área da saúde, proporcionará embasamento científico a ser aplicado na práti=
ca
clínica.
REFERÊNCIAS
Submissão: 2022-01-28
Aprovado: 2022-02-15<=
/span>